Com produção executiva do autor de quadrinhos Geoff Johns, Stargirl é uma serie que tenta ser um hibrido entre o que fizeram no streaming Dc Universe e no Canal CW, -inclusive passando nos dois, em streaming e em tv – reunindo características típicas de ambas adaptações, tendo mais semelhanças com Doom Patrol e Monstro do Pantano do que com o que se vê no Arrowverse.
No Brasil, a personagem era chamada também Sideral, herdando o nome de um heroi antigo – o Starman primário – esta versão, cujo alter ego é Courtney Whitmore foi introduzida por Johns em 1999, em homenagem a sua irmã, recém falecida, e por isso, há muito carinho do autor / produtor pela jovem heroína. A interprete dela na série é Brec Bassinger, que faz a moça já mais velha, uma vez que a sua primeira aparição ela ainda é uma criança.
Os letreiros explicativos posicionam o epílogo em uma aventura perigosa uma década atrás, nele se percebe referencias as revistas Era de Ouro, de James Robinson (roteirista que deu as primeiras oportunidades a Geoff Johns) e Paul Smith, e os seis primeiro minutos, que não dão qualquer mostra da protagonista e personagem-título, ambientam o espectador em uma outra época, tão escapista e fantasiosa quanto as aventuras dos Minutemen em Watchmen.
Caso fosse lançado esse epílogo, de maneira solitária, certamente faria sucesso como um belíssimo curta da DC Comics. O escapismo clássico dos heróis retrata maravilhosamente os heróis da DC do passado, com um visual estonteante e um clima fantástico único. O espectador dificilmente não será pego aqui, deixando inclusive a incógnita do nível de investimento financeiro nesse piloto, pois até as cenas em CGI são bem feitas, diferente do que é comum em produções de TV, especialmente se comparar com Flash e Arrow.
Esse período ainda permite um bom dueto, entre Joel McHale (o Starman) e Luke Wilson, que faz Pat Dugan, seu parceiro e ajudante, incluindo ai uma breve discussão sobre o legado dos heróis, repleta de ironias típicas do humor de McHale. Esses seis minutos estonteantes, dariam o tom a ser seguido dali para frente, ao menos, é o que se espera.
Courtney é introduzida como uma menina que cresce sem a presença do pai, ela vai se mudar, porque sua mãe se casará com Pat, ele alias é o arquétipo do bom moço encarnado, ele tenta quebrar o gelo com sua enteada, está quase sempre clamando por carência, tentando ser um mentor ou um pai postiço, ainda de certa forma emulando a sua própria tentativa de se igualar ao Starman, sempre tentando alcançar seu status de fonte de inspiração para o heroísmo.
A trama envolvendo Courtney não consegue liberar tanta noção do que virá nos próximos episódios, o que se espera é que tenha alguma trama adolescente no colégio, dela lidando com o heroísmo e com a vida comum, o que não é necessariamente algo ruim. A problemática na verdade mora nos detalhes, pois parte dos rapazes que a importunam, são da linhagem do vilão Onda Mental.
O que se viu até este capítulo é um potencial tremendo, seja na evolução da relação da protagonista com seu padrasto, ou o destino inevitável dela como pretensa heroína. Bassinger é carismática, e seu elenco de apoio também, não só Wilson, mas também Amy Smart, que faz Barbara, a sua mãe, claro que se espera que esses personagens tenham mais espaço ao longo, além é claro de mais aparições de personagens clássicos dos quadrinhos, como o Faixa e a velha guarda de heróis. Stargirl começa muito bem, bastante colorido, divertido, com doses de humor bem medidas, longe do exagero típico da Marvel e com uma identidade bem própria, além de um cuidado estético grandioso demais em comparação com seriados de tv.