O modo de contar a história é um bastante contemplativo, se vale das imagens de crianças que habitam os cenários campestres, além de algumas imagens da intimidade da roça presentes nos filmes de Mauro. Nesse ponto há uma mistura entre momentos de natureza morta com a revoada dos pássaros, utilizando a música clássica para acompanhar o momento em tela, possivelmente evocando a catástrofe que mora na interferência humana da natureza.
Algumas vezes as imagens desconexas fazem sentido, e conversam bem com os ideais de Mauro, mas a realidade é que é um filme para nicho, para quem conhece a carreira do cineasta. Não há muito espaço para quem não é especialista no cinema brasileiro desde o período do cinema mudo, no entanto, para esses que entendem da arte, soa extremamente reverencial à obra do biografado.
Há algumas semelhanças espirituais com Cinema Novo, de Eryk Rocha, ainda que claramente não haja a mesma intenção ou pretensão de falar sobre todo um movimento, tampouco costura estilos distintos unicamente por serem da mesma época. Di Mauro acerta muito em biografar apenas um artista, podendo enfim falar de maneira direta, franca e hermética sobre a carreira e obra do cineasta.