Quando LEGO Batman: O Filme foi lançado, alguns fãs do universo DC (em especial os que tem senso crítico) brincavam dizendo que o que vale dentro das histórias de Batman, Superman e cia está nas animações. Desde que Bruce Timm e Paul Dini fizeram Batman: A Série Animada a Warner tem dedicado um bom esforço a fazer desenhos animados para a televisão e algumas em longa-metragem lançadas para home video de qualidade indiscutível, mas no filão do cinema isso parecia não ser tão prolífico, até agora…
O longa de Aaron Horvath e Peter Rida Michail é oriundo da série homônima, que basicamente pegou o outro sucesso Teen Titans e transformou-o em um produto para um público ainda mais jovem, mudando o estilo e o tom da animação de uma maneira bastante divertida, e jeito bem divertido, e com algumas sacadas para o público mais adulto. No roteiro de Michael Jelenic e Horvath isso se torna ainda mais presente, com uma harmonia de temas muito diferentes, como as famigeradas piadas com flatulência unidas a discussões mais sérias sobre o que faz de um vigilante um herói. Há uma dedicação à desconstrução do ideal heroico através do deboche aos erros constantes dos filmes que a Warner produz, servindo assim de certa forma como um mea culpa do estúdio, embora em uma escala não tão grandiosa quanto em Batman vs Superman: A Origem da Justiça, Mulher-Maravilha ou Liga da Justiça.
Desde o começo Robin, Cyborg, Estelar, Ravena e Mutano têm de lidar com o fato de serem subestimados o tempo todo. O fato de não serem levados a sério curiosamente têm muito a ver com os motivos que fizeram o grupo de sidekicks formarem a primeira Turma Titã nos primórdios do grupo nos quadrinhos, mas aqui ela é apenas uma das muitas referências do filme.
O foco narrativo é muito maior em Robin e isso já é esperado uma vez que ele é o personagem mais conhecido e sempre foi o líder ou um dos personagens principais de quase todas as encarnações do grupo. Apesar de obviamente ter uma veia humorística muito forte, o roteiro foca em um aspecto muito caro a vida humana, o sentimento da vaidade. Robin e os outros se sentem menosprezados por absolutamente todos os heróis terem destaque e protagonizarem seus filmes. Nesse ponto outra característica forte do roteiro sobressai, o comentário metalinguístico e a conseqüente quebra da quarta parede, e por mais engraçado e infantil que soe, não há forçação nesse caso, toda a desconstrução é bastante fluida e natural, palatável para crianças e adultos.
Uma das riquezas do roteiro é a construção gradual da rivalidade de Robin e de seu amigos com o Exterminador – Slade Wilson – fato que é natural uma vez que ele sempre foi o principal vilão do grupo de heróis. Apesar das piadas muito primárias que acompanham o mercenário dublado no original por Will Arnet, a demonstração do quanto ele é manipulador e ardiloso é eficaz ao extremo. Ao final da apreciação há uma sensação semelhante a que se tinha ao analisar profundamente a série do Batman de 1966, protagonizada por Adam West, pois ambas, aos seus modos, eram bem fiéis a essência das historias de seus protagonista, sendo esse Jovens Titãs reverencial à obra de Marv Wolfman e George Perez.
Curiosamente todas essas qualidades positivas lembrar de LEGO Batman: O Filme, mas a toada aqui é completamente diferente e original, conseguindo traduzir para plateias diversas um estilo de animação que está muito em voga hoje com Adventure Time, Apenas um Show, Steven Universe e outros produtos, sem abrir mão de um nonsense que faz bastante sentido para quem acompanhou por anos os quadrinhos da DC Comics.
Os Jovens Titãs Em Ação! Nos Cinemas não tem vergonha de assumir sua identidade e caráter jocoso, absolutamente tudo vira piada, há muitos números musicais – muito bem traduzidos na versão dublada – e não há pudor algum em referenciar diversos clássicos, inclusive da Disney. O longa não tem vergonha em se assumir como entretenimento, divertido e escapista, sendo uma bela repaginação de vários elementos de literatura pulp e da era de ouro dos quadrinhos, sem descuidar do visual hiper colorido e de um humor que entretêm demais o publico infantil.