Não é de hoje que a política do planeta, em particular a das grandes democracias, precisa de críticas de humor afiadas e precisas para demonstrar seus vícios, fraturas e incongruências. Aí que está o erro de Os Candidatos, pois não é um filme de humor, não é afiado (às vezes beira a grosseria) e passa longe de qualquer tipo de conscientização. Fui ver esse filme já sabendo mais ou menos o que esperar, e infelizmente minhas expectativas foram atendidas.
Will Ferrell interpreta o congressista Cam Brady, que está concorrendo sozinho a mais uma reeleição em seu condado e é apoiado e financiado por lobistas inescrupulosos com planos cada vez mais ardilosos para aumentarem seus lucros às custas da democracia. Zach Galifianakis interpreta Marty Huggins, o filho gordinho, desajeitado, com trejeitos femininos e que usa roupas justas (lembram-se de Se Beber não Case 1 e 2 e Um Parto de Viagem? Então…) de um milionário local que decide bancar sua campanha contra Brady, já que Marty é de fácil manipulação.
O filme ainda tenta dar um ar de seriedade, colocando como trama a influência de lobistas em cima do processo eleitoral e como eles escolhem os políticos para depois terem projetos que os beneficiem aprovados, coisa que acontece no mundo todo e que, nos EUA, é algo regulamentado. O plot exagerado (os lobistas querem trazer o regime de trabalho desregulamentado da China para o condado, que seria independente das leis americanas) não ajuda, transformando os vilões em algo cartunesco, sem profundidade, que lembra mais Pica-Pau do que uma crítica mais séria. Dá muito bem para se fazer comédia com profundidade e crítica política. Qualquer pessoa que já tenha visto os dois filmes da excelente dupla The Yes Men sabe disso.
A partir de estabelecidas as personagens e suas motivações, o filme se repete em um tipo de humor muito comum nos EUA atualmente: o de situações que causam riso no espectador pela vergonha experimentada pelo personagem. Não há absolutamente nada de novo na proposta de humor do filme, que repete o formato das piadas durante todo o longa, em que apenas algumas cenas (e boa parte delas estão no trailer, como a cena em que Brady, bêbado, tenta escapar de um policial durante uma abordagem) conseguem tirar mais do que um sorriso envergonhado do espectador. A escalada da violência física, a perda da ingenuidade de Marty, as constantes mudanças de pensamento e comportamento dos personagens no final, tudo funciona para tornar a narrativa bastante confusa. Apesar de o ritmo se manter constante, a atenção do espectador a cada ato é sacrificada.
Não sei o que se passa com Ferrell, mas tem escolhido produções cada vez piores para fazer e daqui a pouco estará perto de Nick Cage e Liam Neeson no quesito “perda de credibilidade”.
Resumindo: Os Candidatos é uma tentativa fracassada de dar conteúdo a um filme de comédia, mas esqueceram de que um filme de comédia, em primeiro lugar, precisa ter graça, e falha miseravelmente nisso.
–
Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.
Eu gostei e recomendo. No filme mostra exatamente o que os políticos fazem pra ganhar votos mas de uma maneira escrachada. Legal a parte que Cam vai atrás de votos numa igreja que usa cobras venenosas em seus cultos ( igreja que existe de verdade) e acaba sendo picado por uma das cobras e na outra cena aparece no hospital com o braço igual o do Hellboy.
Ken Loach já fez coisa muito melhor, apesar de estar numa fase ruim. Veja os filmes que indiquei, do The Yes Men.