Passado seis meses após a ultima animação A Morte do Superman, lançado em 2018 e dirigida por Sam Liu, finalmente chega ao mercado de home vídeo a continuação da mesma, chamada Reign of The Supermen (depois traduzido para Reino do Superman) sem nome nacional ainda, e a humanidade tem de conviver sem a presença de seu maior defensor, e com quatro heróis que exigem para si o titulo de Super-Homem, são eles o Superboy, Aço, o Erradicador e Super-Ciborgue.
Liu também dirige esta versão e a sensibilidade com a que ele trata o roteiro de Tim Sheridan e James Krieg é surpreendente, especialmente porque essa animação se passa na mesma faixa cronológica das adaptações dos novos 52. Em determinado ponto há uma conversa entre Lois Lane e Diana Prince, os dois amores do Super Homem, e o diálogo entre elas é bem maduro, emocional e até bonito, pois ambas amaram o Super a sua maneira e entendem o lado uma da outra.
Há outras boas referencias externas, como o cartaz atrás de Lex Luthor, ao anunciar o novo substituto do kriptoniano, o clone Superboy. Primeiro, ele sequer deixa o garoto falar, depois se desenrola um cartaz onde se lê Making Metropolis Safe Again, com a figura de Connor e Lex estampados, fazendo uma piada com o slogan de campanha de Donald Trump. O modo como os pretensos substitutos do herói se enfrentam é bem simples, resume bem a essência de cada um dos quatro personagens, e apressa algumas revelações, em especial no que toca o Superboy e ao Superciborgue.
As adaptações são muito bem feitas, como não teria lógica utilizar a Supergirl da época, substituíram-na pelo Ajax/Caçador de Marte. Isso serve não só para matar as saudades que boa parte dos leitores e espectadores tinham do personagem, que há muito foi relegado a um papel hiper secundário nos quadrinhos, como acerta na questão de não precisar referenciar personagens de curta duração e que só faziam sentido na cronologia noventista.
A reaparição do verdadeiro Super Homem é épica, e a discussão que ele tem com John Henry Irons/Aço é melhor enquadrada aqui que na versão de Dan Jurgens. O antigo salvador da Terra voltou, mas dessa vez é falho, fraco como um ser humano comum e precisa de adaptar a essa nova condição, embora ela seja temporária. A vilania de Hank Hanshaw é bem traduzida nesta versão, se entende seu drama e as parcerias externas que faz, e o modo como ele monta seu exercito de seguidores conversa bastante com o avanço da extrema direita pelo mundo, para muito além da necessidade que algumas obras da cultura pop de reproduzir um discurso contrário ao autoritarismo, mostrando os males desses comportamentos com ações e não com discursos e frases feitas.
Apesar de ambas as sagas, tanto A Morte de Superman quanto o Retorno de Superman terem sido feitas só para alavancar as vendas dos quadrinhos dos personagens, as duas animações acertaram demais e conseguiram traduzir muito bem o espirito da época, repaginando os conceitos de maneira astuta e inteligente, talvez por conta da distância entre as sagas em si e o lançamentos desses. Ponto de Ignição, Liga da Justiça: Guerra e Liga da Justiça: Trono de Atlantis não tiveram essa sorte, mesmo não tendo historias originais necessariamente ruins e é curioso como a expectativa de qualidade foi oposta nessas e nas duas mais recentes.
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