Em um romance policial de suspense e investigação quanto menos se souber, melhor. É tênue a linha entre conhecer o argumento base da história e se deparar com elementos que somente no meio da trama são apresentados ao leitor mas que, de alguma maneira, a sinopse insiste em divulgar. Como de costume, sempre evito o resumo da contracapa. Normalmente, falam muito do que não deviam, estragando o que poderia ser uma surpresa.
A capa de O Buraco da Agulha (Editora Record, Edições BestBolso, 434 páginas) revela a base necessária. O nome de Ken Follett aponta para uma possível trama investigativa com a possibilidade de utilizar-se de algum elemento histórico como pano de fundo. Afirmação corroborada pela suástica vermelha presa a uma agulha, aludindo ao título. É o suficiente para que se comece a leitura.
Embora não seja o primeiro romance do britânico – o autor havia escrito quatro histórias anteriormente utilizando pseudônimos – é o primeiro que conquistou um grande sucesso e prêmios literários como o Edgar Award, maior prêmio para literatura de suspense e mistério, em 1979. A utilização da segunda guerra como pano de fundo para desenvolver esta história permite um brilho extra para a narrativa. Gera uma tensão ampliada pela ambientação devastada, de um momento histórico sensível em que potências em guerra escolhiam o momento certo para um possível ataque final.
É neste contexto que Percival Godliman, um estudioso da idade média e antigo colaborador do MI5 é convidado para trabalhar em uma investigação que procura agentes infiltrados alemães dentro da Inglaterra. O embate da narrativa centraliza-se em Die Nadel, ou A Agulha, um dos poucos espiões em atividade em Londres que seria capaz de descobrir informações vitais que colocariam em risco a atividade britânica. É o suficiente para que dois grandes personagens lutem por seus ideais.
A narrativa de Follett é composta de maneira tradicional. Em cada capítulo apresenta um ponto de vista diferente, equilibrando linhas paralelas da história com as doses precisas de informações e tensão. A escrita segura não tem medo se precisa dialogar mais intimamente com o leitor ou se estender a mais de um parágrafo na descrição de uma cena.
Apresentando uma história de maneira neutra, sem julgamentos, o autor evita de cair na fácil armadilha de apresentar um lado da guerra como o melhor ou mais correto. Cada personagem convence por sua crença bem enraizada e sua trama chega a tocar em personalidades centrais da guerra como Hitler e Churchill, que dão mais credibilidade ao relato.
O sucesso da carreira de Follett, as boas vendas e os comentários da crítica se justificam desde o primeiro livro. Demonstrando que, embora alguns considerem a literatura policial inferior as demais, há quem domine seus elementos e produzam estupendas narrativas. Sendo duplamente impressionante que esta tenha sido uma das primeiras narrativas do autor.
O livro traduzido por Orlando Lemos pode ser encontrado em duas edições de bolso, uma contendo somente este romance (compre aqui) e outra em conjunto com Na Toca do Leão (compre aqui), também de Follett. O sucesso também gerou também uma adaptação cinematográfica realizada em 1981, com Donald Suthlerland e Kate Nelligan, lançando no fim do ano passado em DVD no país pela Classicline (clique aqui para comprá-lo).
Eu li este livro e recomendo, assino embaixo de tudo o que vc escreveu sobre ele.
Excelente!!! Um dos meus livros preferidos, junto com “Dossiê Odessa” de Frederick Forsyth!
O filme não consegue passar a mesma emoção e complexidade da trama!
Recomendadíssimo!
Nunca li o Odessa, mas estou lembrando que tem uma edição velha na biblioteca do meu tio. Ou seja, vamos ver se é bom também.