Começando com uma nova abertura, referenciando Hilda e seus cavaleiros protetores, Os Cavaleiros do Zodíaco retornariam com uma nova roupagem, explorando um cenário inédito até então – exceto pela média metragem A Grande Batalha dos Deuses -, as gélidas instalações do extremo norte europeu, onde mora uma oradora, que devota sua vida e rezas aos deuses nórdicos. Uma voz diferenciada se ergue ante o mar, tentando convencê-la a declarar guerra ao novo Santuário de Atenas, a despeito de sua postura pacifista. Um anel toma o controle da mulher, e chama a estrela Polaris, convocando o poder de cada uma das estrelas da constelação de Ursa Maior e seus respectivos cavaleiros, que comportam características de feras, criaturas e deuses do panteão asgardiano.
Nas Doze Casas, Aldebaran é derrotado com apenas um golpe, por Shido de Mizar, o que demonstra primeiro um profundo desrespeito com o personagem, facilmente descartável, além de não dar uma boa razão para Mu não habitar a casa de Áries, permanecendo em Jamiel a maior parte do tempo – ainda. Shido viaja ao Japão para matar Saori Kido, e ataca covardemente os cavaleiros de bronze secundários, todos sem armaduras. Logo, Shun de Andrômeda e Seiya de Pégaso retornam com armaduras novas, em design e força.
Após travar uma batalha como o lobo negro, um convite é feito para que os defensores de Atena enfrentem Polaris e seus asseclas em Asgard. De maneira pouco sábia, Saori e o quinteto de heróis resolvem ir até lá, onde Hyoga de Cisne encontra Freya, irmã de Hilda, que prossegue orando a Odin, sem saber que há uma enorme catástrofe ecológica às portas, uma vez que quem permitia que o gelo das rochosas não viesse a derreter eram as preces de Hilda, interrompidas pela batalha que foi convocada pela possuída moça.
Atena se dedica a segurar o esfriamento do gelo, ainda que o efeito seja somente até o anoitecer daquele dia, sob pena da deusa encarnada morrer. O senso de urgência é pontuado novamente. Thor de Phecda (a estrela Gama) o ataca, reforçando a ideia do protagonista enfrentando um brutamontes gigante – reprisando Cassios, Aldebaran e tantos outros. Cada um dos guerreiros deuses tem uma conexão sentimental com Hilda, Thor inclusive, que era caçado por outros homens unicamente por ser fisicamente diferente. A mudança súbita de caráter da sua devotada faz o personagem estranhar, factoide que o acompanha até a sua morte diante do Pégaso, tomando consciência ao final de que os guerreiros de Atena talvez estivessem certos, sentindo inveja por sua musa não ter um cosmo tão terno quanto o da deusa grega.
Munido do nome do canino que anunciaria o Ragnarok – evento semelhante/equivalente ao apocalipse bíblico – Fenrir de Alioth (estrela Epsílon) ataca Shiryu, que acabou de chegar da China, com seus lobos assassinos. O Dragão tem devaneios com Shura de Capricórnio, que o salvou no último instante possível, e que pediu ao saint de bronze que protegesse a deusa de maneira tão fiel quanto ele tencionava. A luta com Fenrir é graficamente fraca, com um tempo demasiado gasto na discussão filosófica sobre confiança e abandono, baseado no background de Fenrir com a traumática morte de seus pais pelas garras de ursos. Sozinho, o pequeno órfão viu os que acompanhavam seus pais fugirem, enquanto lupinos selvagens vieram ao seu socorro. As lições de moral e os choramingos aproximam-se de uma tática barata de lamento, semelhantes a um papo de botequim regado a muita literatura de autoajuda, algo que piorado por um desfecho piegas que guarda semelhanças enormes com o que foi visto com o Pinguim de Danny DeVito em Batman – O Retorno.
Hagen, de Merak (estrela Beta), se põe à frente do Hyoga e demonstra grande poder, além de ter um background semelhante ao de Shura, uma vez que é também o mais fiel dos servidores de Hilda. A base de poderes do guerreiro deus também é o gelo, o que faz de sua luta com Cisne uma redundância absoluta. Piora a situação pela cafona amizade platônica entre Hagen e Freya, interrompida pelo pseudo-flerte com Hyoga. O passo seguinte mostra uma luta para ser o pequeno capacho da moça loira, sem qualquer garantia de que algum dos dois terá qualquer êxito com o ser do belo sexo. A luta só acaba após a intervenção de Freya, que assiste a um circo de horrores movido pela teimosia de Hagen em não ceder sequer aos apelos de sua amada, restando apenas o choro da garota.
Uma revelação é dada a partir do prelúdio da luta de Shun, em que são mostrados os cavaleiros de ouro dando seu sangue para reconstruir as armaduras de bronze, por isso o novo design, mais parecido com a dos mangás. Mime, de Benetnasch (da estrela Eta) é mais um cavaleiro que usa a música da harpa, como foi com o Orfeu de Lira, do mangá da saga Hades e do filme da Batalha de Éris. A história pregressa de Mime é interessante por perverter um dos plots do início do mangá, com a vontade de Ikki e dos outros de acertar as contas com o pai ausente que tiveram, Misumasa Kido. Mime teve a oportunidade de assassinar seu ancestral, claro, por uma vingança terrível, com o assassinato sem piedade de seus pais verdadeiros. Após mais uma luta psicológica, Ikki de Fênix convence Mime de sua miséria existencial, fazendo ele mesmo dar fim a sua existência, se entregando em prol da verdadeira justiça.
A outra batalha também revela um alguém cuja psicologia é mal resolvida: Alberich, de Megrez (estrela Delta), tratado severamente por Hilda. Marin corre em Asgard e é pega por um dos escudos de ametista do guerreiro deus. Logo, Pégaso o alcança, e é inquirido por Alberich a entregar a safira que conseguiu vencendo seu oponente. Megrez se diferencia de seus pares por ter uma intenção claramente maligna, piorada pela ciência resultada da condição de Hilda. O plano de Alberish seria derrubar a mulher dominada para então governar a Terra, mesmo com as inundações. O modo como o guerreiro é derrotado assemelha-se a tantas outras lutas de Shiryu, acrescido mais uma vez de uma curiosa interferência do Mestre Ancião, uma curiosa e até interessante lembrança do passado do mentor, banalizada, é claro, pela vontade do Dragão em tirar a armadura para enfrentar de peito nu seu adversário.
A luta contra Shido de Mizar (a estrela Zeta) sofre de alguns problemas de “esclarecimento”. Primeiro por ele já ter se apresentado no Santuário e no Japão, depois por ser ele a razão de Marin ir até Asgard. Mas o fator mais tosco para a revelação dos seus segredos é a abertura, que mata qualquer surpresa sobre sua condição. Shun é o primeiro a chegar, e como se esperava é derrotado por sua fragilidade, ampliada na animação se comparada ao texto original. Apesar da interferência dos sobreviventes Pégaso e Cisne, é o efeminado saint que permanece com a presença de Mizar, liberando o caminho para os seus amigos. A aura mística ao redor de Shido é examinada por Aldebaran de Touro, cujo mistério ajuda a ser desmistificado por Freya, que resume a questão da estrela gêmea de Mizar, chamada Arkor. O plot reprisa a questão do cavaleiro negro de Dragão, que no mangá tinha um irmão gêmeo cego e que também agia pelas sombras do guerreiro titular. Por ter sido suprimido do desenho, seria natural que tivesse inspirado os roteiristas da Toei a evoluir o conceito.
Depois de derrotar Shido, Shun recebe a visita de Shina, que conta sobre a possibilidade da duplicação do inimigo, então Bado de Arkor (ou Alkor) finalmente se revela para então lutar contra a amazona. O background dramático mais uma vez atenta para o abandono e uma forçada orfandade, a mais cruel até então mostrada em Cavaleiros. A dura criação como selvagem, sem as graças da família rica, fez Bado crescer rancoroso e mau, agravando a situação com a promessa da já maligna Hilda, de que só seria elevado ao posto de guerreiro deus com o falecimento do seu gêmeo.
A rejeição de Bado talvez seja o ponto alto da Saga de Asgard, que consegue finalmente atingir uma chance de superação em matéria de roteiro, somente neste atingindo o intuito de parecer um argumento adulto. É o arquétipo de amizade e fraternidade entre Ikki e Shun que faz vencer o tigre branco através do Golpe Fantasma.
Bado enfim percebe seu erro, e diante de seu irmão que sobreviveu desiste da luta, em nome do sentimento de fraternidade. Assim, os irmão Shun e Ikki podem prosseguir em encontrar Hyoga e enfim avistar o sobrevivente Seiya, o qual vai atrás da última safira que está com Siegfried de Dhube (estrela Alfa), o guerreiro deus que carrega o nome de um herói mitológico asgardiano. Seu golpe é o que mais revela a categoria de fidelidade às divindades, A Espada de Odin facilmente vence o combalido Seiya, que cai ante seus amigos.
Siegfried segue lutando contra Ikki, se desfazendo de seus golpes com uma facilidade atroz, e mesmo o imortal cavaleiro de bronze, sucumbe pelas mãos do hábil guerreiro de gelo. Shun é o próximo a tentar, e até consegue resistir um bom tempo graças a sua Defesa Circular, mas não o bastante para não cair pela Espada de Odin.
Siegfried também mostra uma devoção cega a Hilda, mesmo diante dos apelos de Freya, que deixa claro que algo está estranho em sua postura, e que o mal tomou o cerne de seu pensamento. Após o Pégaso levantar mais uma vez, Shina se coloca na frente do ataque Vendaval do Dragão, dessa vez assistido por Shiryu.
Logo Hilda recebe a visita de um enviado do homem que pôs o Anel de Nibelungo em seu dedo. Após ver a recusa de seu fiel escudeiro, Hilda decide desferir um golpe em Seiya, impedida pelo guerreiro deus, que percebe que o ideário dos Cavaleiros de Atena tem muito mais compromisso com a justiça, conquistando reunir a tenacidade dos guerreiros derrotados e, claro, da deusa também. O real inimigo então surge: o misterioso flautista de armadura dourada Sorento de Sirene, um servo de Poseidon, deus grego dos mares que manipulou o ideal dos guerreiros deuses, e que estava desapontado com o resultado das lutas entre os guerreiros de Asgard e do Santuário.
O último ato do cavaleiro de Dhube é entregar a safira a Seiya e depois causar um ataque kamikaze a Sorento, para então deixar o Pégaso livre para enfrentar Hilda. O cavaleiro não hesita em atacar uma mulher sem poderes, contrariando o cavalheirismo no comportamento do personagem do mangá, um defeito enorme para ser ignorado. Quase morrendo, Seiya ouve a voz de Saga, tentando animá-lo a lutar. Após reunir as safiras, a armadura de Odin enfim se desgarra da estátua e toma o corpo de Seiya, para tentar enfim destruir o anel que exerce o controle de Poseidon sobre Hilda através da Espada de Baumung.
Após vencer o feitiço, Hilda entrega o próprio sangue e segura a espada de seu ídolo, tencionando recuperar as geleiras de Asgard e, claro, garantir a fuga dos guerreiros de Atena. Apesar do belo grafismo, toda a saga filler exibe um sofrível roteiro com lutas pouco excitantes e backgrounds muito genéricos.
O final do episódio 99 é pontuado por uma onda gigante que produz um ralo gigante em meio ao oceano, sumindo com o corpo da deusa da sabedoria, que aparece nos braços de um cavaleiro de armadura dourada, cujo tridente no capacete não deixa qualquer dúvida sobre suas intenções e ações. A Saga de Poseidon seria a próxima parada de Seiya e os outros.
Confira também:
A Primeira Parte do Review da Saga do Santuário, correspondente a Guerra Galáctica
A Segunda Parte, correspondente a Saga dos Cavaleiros de Prata.
A Terceira Parte, correspondente a Batalha das Doze Casas.
Ótimo review , e quero citar quem fez a arte dessa saga foi a esposa do shinji araki , o maior defeito dessa saga foi ficar presa aos esteriótipos e arquétipos do mangá , esse mesmo problema ocorreu naquele mangá lost canvans, começou muito bem e com o tempo caiu muito de qualidade , tanto no roteiro e a arte