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  • Os Filmes (e OVAs de) Dragon Ball Z – Parte 3

    Os Filmes (e OVAs de) Dragon Ball Z – Parte 3

    Finalizando nosso especial sobre os filmes, OVAs e afins de Dragon Ball Z (leia a Parte 1 e Parte 2 aqui), retomamos nosso artigo, falando de forma cronológica, levando em consideração a data que os filmes foram lançados oficialmente.

    Broly: O Retorno do Guerreiro Lendário

    Lançado em Março de 1994, Doragon Bōru Zetto: Kiken na Futari! Sūpā Senshi wa Nemurenai é o primeiro filme em que Gohan já é adulto, e o primeiro em que o pequeno Goten também luta. Apesar de contradizer a saga Boo, ele se passaria durante ela, e começa com Videl, Goten e  Trunks indo atrás das esferas, já que a moça queria ver o dragão Shenlong, mesmo que isso não seja motivo bom o suficiente para gastar um ano de desejos além da busca que isso envolve.

    Broly caiu na Terra depois de vagar pelo espaço como moribundo e acorda de uma hibernação, com o choro de Goten. Daí o vilão, que antes não era páreo para Piccolo, Vegeta e Goku se ocupa de lutar com duas crianças, basicamente porque o precário roteiro decide assim. O filme, dirigido por Shigeyasu Yamauchi só começa a melhorar próximo do final, quando Gohan intervém e tenta deter o antagonista. Até certo ponto a luta é acirrada, mas não empolga durante muito tempo. O final mostra Goku fantasma e seus filhos atacando em um triplo Kame-hame-ha, e o narrador não sabe precisar como isso ocorreu, se foi realmente o espectro dele, se foi uma interferência ex machina das esferas, com um desejo inconsciente dos filhos de Goku. O fim é tão anti climático quanto o restante do especial.

    O Combate Final Bio Broly

    O  filme começa com um clichê que ainda tinha sido pouco utilizado na obra de Akira Toriyama, que é a clonagem. Doragon Bōru Zetto: Sūpā Senshi Gekiha!! Katsu No wa Ore da mostra um novo vilão, chamado Lord Jaguar, que quer vencer Mr. Satan, lembrando outro filme O Homem Mais Forte do Mundo, onde o objetivo era vencer Kame. Jaguar manda o Doutor Collie coletar amostras de homens poderosos, e um deles é o sangue de Broly, que dá origem a um clone: Bio Broly. O filme de Yochiro Ueda é como uma refeição requentada. Seu plot inicial mostra numero 18 indo atrás de Satan cobrar sua dívida, junto a Kuririn – que na saga Boo deveria estar petrificado – e também com os jovens Goten e Trunks, por motivos mal explicados.

    O farsante Satan recebe um convite de seu antigo rival e vai até uma ilha isolada para enfrentar os bio soldados desse inimigo. Ali aparece Bio Broly, um ser verde que imita o saiyajin mas é bem menor forte do que o mesmo. Ele enfrenta os garotos e Kuririn, e perde de uma infantil, ao perceber que a água salgada do oceano o faz enfraquecer. O filme poderia até se encaixar na cronologia do anime após a batalha contra o demônio cor de rosa, mesmo se ignorar o fato de que os menino não fazem a fusão, mas perto de acabar o filme Goku é mostrado morto, no Outro Mundo, sabendo que Broly atacou de novo. Esse desfecho é simbolico, porque resume bem toda a trama desse especial, algo banal e desnecessário.

    O Renascimento da Fusão

    De Shigeyasu Yamauchi, em 1995, Doragon Bōru Zetto Fukkatsu no Fyūjon!! Gokū to Bejīta começa mostrando uma luta de Goku no além, logo depois um fluxo enorme de almas vão a entrada que Enma Daioh guarda. Um ogro se descuida com a máquina de lavar almas, sai de lá, Janemba, um lutador amarelado, enorme e poderoso, mas de mentalidade infantil, que faz essa dimensão se tornar em algo estranho, cheio e perolas coloridas, que mais parecem doces. Os mortos voltam como almas encarnadas na Terra e assustam muitas pessoas, há aparições de vampiros, até de Hitler, e Gohan e Videl são chamados a ajudar na cidade, enquanto Goku e Paikuhan também são convocados a ajudar outras pessoas, dessa vez, Enma Daioh que está preso pelo tal monstro.

    Goku apela para a transformação em SSJ3, e diz que já enfrentou Majin Boo assim, ou seja, a cronologia põe esse filme ao menos após a primeira luta contra o demônio. Na Terra, as figuras históricas enfrentam Goten e Trunks e as cenas são estranhas, pois os personagens tem um contorno estranho em volta de si, parece que foram colocados ali por cima. Alem disso, alguns vilões aparecem.Para deter a segunda forma de Janemba, Goku fala com Vegeta, que veio do inferno  para que façam a dança da fusão Metamoru. Esse filme não se encaixa de modo algum na cronologia do anime/mangá, já que no momento em que Vegeta e Goku estavam mortos ao mesmo tempo era um tempo muito curto, Goku estava ocupado com Gohan no planeta supremo, e aqui o primogênito de Goku e Chichi estava na Terra, tranquilamente, enquanto Majin Boo estava matando a tudo e todos. No entanto o maior problema do filme é que ele é extremamente genérico, seu vilão é visualmente arrojado em sua segunda forma, mas não há motivação para ele estar ali, e o roteiro é fraco.

    O Ataque do Dragão ou A Explosão do Golpe do Dragão

    Doragon Bōru Zetto: Ryū-Ken Bakuhatsu!! Gokū ga Yaraneba Dare ga Yaru, dirigido por Mitsuo Hashimoto foi lançado em 1995 e mostra Gohan e Videl agindo como o grande Saiyamen 1 e 2. Eles salvam um senhor de idade que encena um suicídio. Ele quer ressuscitar um guerreiro chamado Tapion e mais uma vez são usadas as esferas,

    Uma criatura estranha, gigante e poderosa começa a destruir a cidade. É Hildegarn, ainda que claramente seu corpo esteja em construção – a altura do começo do especial, só há a parte de baixo da cintura e pernas da tal criatura. Gohan o enfrenta, e ouve uma música, que vem da flauta de Tapion. Apesar desse ser mais um filme extremamente generico, repleto de clichês, Tapion é um personagem que contém alguma originalidade e até um certo mistério em torno de si. A composição de sua persona vai além do visual legal que muitos personagens de DBZ tem, e a maldição da dupla identidade o faz soar como um personagem trágico.

    Tal qual o filme de Janemba, esse também foi lançado em meio a saga de Majin Boo, e traz alguns fatos que ocorrem após a vitoria sobre o demônio antes mesmo delas serem exibidas no Japão, mas, teoricamente, esse especial pode sim fazer parte da mesma cronologia do anime, uma vez que se encaixa a perfeição depois que Boo é derrotado, ainda que a versão gorda do antigo antagonista não tenha aparecido, fato que pode ser explicado pelo fato de as pessoas ainda poderem se lembrar do que o sujeito fez quando ainda era mal.

    Tapion sofre de uma maldição, que ocorreu consigo e com seu irmão mais novo, e ele vê no pequeno Trunks um paralelo com seu parente. No entanto, todo o pano de fundo é deixado de lado, para mostrar Hildegard lutando contra os guerreiros Z de maneira genérica, enquanto Goku vence o vilão no meio de uma cidade, que foi toda destruída sem remorso, já que Shenlong as ressuscitará a todos. A formula se desgasta demais, e nem a entrega que Tapion faz a Trunks, da espada que seria a que ele usaria como Mirai Trunks (e em Dragon Ball GT) salva esse final da mediocridade de roteiro.

    O Retorno de Goku e Seus Amigos

    Passado dois anos depois da batalha contra  Boo, dirigido por Yoshihiro Ueda e escrito por Takao Koyama, foi lançada em 2008, Doragon Bōru: Ossu! Kaette Kita Son Gokū to Nakama-tachi!! supostamente ocorre antes do desejo de Goku para que a Terra esqueça o mal causado por Boo, já que o personagem gordo não aparece. 

    Após Videl convidar Gohan e os outros para almoçarem para comemorar o aniversário da derrota do demônio, até que duas naves chegam a Terra, com uma delas contendo um saiyajin pequeno, chamado Tarble, o irmão de Vegeta. Todos se surpreendem com essa novidade, uma vez que o príncipe jamais falou abertamente sobre ter algum familiar que não os que morreram no planeta que levava seu nome, e o espanto dos personagens é o mesmo dos espectadores, já que teoricamente, Raditz, Nappa ele e Kakaroto deveriam ser os últimos da raça…mas até aí houve Thurles, Broly e outros, o impacto de um novo saiyajin não repercute tanto.  Alguns elementos que seriam utilizados no futuro da saga são mostrados aqui, como a plantação e rabanetes que serve de sustento para Chichi e Goku. 

    Tarble tem a idade de Goku  e também é de uma classe inferior. Apesar dele não ser um personagem canônico teoricamente, ele é citado em Dragon Ball Super, e é mais fraco que os membros das Forças Especiais Ginyu, e está sendo perseguido pelos capangas chamados Abo e Kado, além de ser casado, com uma alienígena chamada Gure. Quando os quatro chegam a Terra, os guerreiros z permitem Goten e Trunks de enfrentarem os dois, e quando eles se fundem, utilizam o golpe Hoga-fufuken de Yamcha, que estava sumido desde a fase Dragon Ball clássica.

    Fora as curiosidades relacionadas a Tarble (o mais fraco saiyajin vivo, o único que não morreu e que possui calda, além de jamais ter chegado ao nivel de SSJ) pouco se acrescenta. O especial é engraçado e bem animado, mas poderia ter um opositor mais forte, mesmo considerando Aka, a fusão de Abo e Kado. Claramente a ideia da obra  era ser engraçadinha, e ela não é dispensável, muito por conta do remixe de  Chala-Edchala.

    Bardock: O Lendário Super Saiyajin

    O último OVA de DBZ foi chamado de  Doragon Bōru: Episōdo obu Bādakku, e proveio de um manga de três capítulos criado por Naho Ooishi . Seu tamanho é o  de um capítulo comum do anime, mas com animação em HD, semelhante ao que foi feito em Dragon Ball Kai. É baseado no jogo Dragon Ball Heroes, e possui uma história continuação do especial Dragon Ball Z: Bardock, O Pai de Goku, no qual o personagem-titulo sobrevive a destruição do planeta Vegeta e é mandado para o passado, combatendo o ancestral de Freeza, Chilled, e se transforma em Super Saiyajin.

    Como foi no outro OVA tenta atacar Freeza, quando o mesmo destrói o planeta Vegeta, mas ao invés de morrer,  ele acorda em uma cama, cuidado por dois estranhos alienígenas, Ipana e seu filho Berry. No lugar onde acorda ele percebe uma nave chegando, que é bem parecida com a de Freeza, dela saem dois capangas, e facilmente são derrotados por ele. Não demora a aparecer o chefe dos mesmos, Chilled.

    Bardock estava no planeta Planta, antigo nome do planeta saiyajin e ao se enfurecer ele desperta o super saiyajin, como seu filho fez quando Freeza matou Kuririn. Antes de morrer, Chilled pede para que avisem a sua família para tomar cuidado, com o super saiyajin e dai viria a lenda. Por ser baseado em um mangá  esse OVA possui um sub texto um pouco melhor trabalhado, e tem mais a ver com tudo o que se adaptava por sua época. Fica lado a lado em qualidade de Gohan e Trunks Guerreiros do Futuro. Muito se discute sobre se ele é canônico ou não em especial por sua origem ser ligado a uma festa da Shonen Jump e não a algo criado por Akira Toriyama, mas a qualidade é superior há quase tudo que envolveu o criador de Goku.

    One Piece x Toriko x Dragon Ball Z

    Esse é um crossover bem viajandão entre as três séries que dão nome ao capitulo. Nele ocorre uma corrida da carne, um evento estranho e surreal que tem toda a carga ácida típica de One Piece. Não dá para levar muito a sério esse especial, e o mesmo jamais passou no Brasil oficialmente. Não há muito o que falar, da parte de Dragon Ball ele resgata muitos elementos da época do primeiro filme canônico, A Batalha dos Deuses, e é bastante psicodélico, até para conseguir comportar personagens tão diferentes e com níveis de poder tão díspares. Goku vence o monstrengo que está relacionado a corrida utilizando algumas de suas técnicas, entre elas, a Genki Dama, o Kamehamehha e o nível SSJ3.

    Filmes Canônicos

    Em 2013, antes até do crossover com Toriko e One Piece, foi lançado A Batalha dos Deuses, um filme que mostra uma aventura de Goku  que se passa antes dos episódios finais de DBZ. A mitologia em volta de Bill, Whis e as novas divindades deu tão certo nesses filmes que favoreceu não só a nova fase de Super mas também ajudou a ignorar  a questão de Dragon Ball GT. No inicio, Bulma reclama da ausência de Goku em sua festa de aniversário,  ou seja, o heroi continua ausente dos eventos de seus amigos e entes queridos.Além disso, esse filme serviu para restabelecer os deuses como seres mais fortes do universo, já que Bills é mais poderoso do que os lutadores, mais forte que os Kaiohs, Kaioh-samas, Kami-samas e afins, e depois Whis é dito como uma figura ainda mais poderosa, por mais que nesse momento não se saiba.

    Muita gente reclamou da covardia de Vegeta diante de Bills, mas na saga Freeza, se nota que o príncipe dos sayajins tem medo do soberano, e se faz de humilde até ter noção de que poderia vencê-lo, fato que obviamente não acontece até essa fase pelo menos, daí se percebe que ele abre mão de sua arrogância caso precise preservar sua sobrevivência.   Batalha dos Deuses ocorre seis meses após a vitória sobre Boo, e aparentemente são poucos meses entre ele e Renascimento de F, já que Pan era recém nascida, ou seja, incapaz até de andar. Algumas fontes citam 10, outras 12 meses entre esse o longa anterior.

    Esse filme ratifica um retcon, que é relacionado ao nascimento da filha de Gohan, Pan, que é antecipado, uma vez no final de DBZ ela teria quatro anos, e o mesmo se passa 10 anos após Boo ser derrotado. O nascimento foi antecipado em aproximadamente 4 ou 5 anos.

    Freeza está no inferno, em um casulo, cercado por anjos fofinhos, diferente demais das versões em que aparece no inferno nos filmes, OVAs, fillers de DBZ e Dragon Ball GT. Sorbe e Tagoma vem a Terra capturam Pilaf e sua gangue, se apossam das esferas e ressuscitam os restos mortais de Freeza, todo retalhado desde que Trunks do futuro o matou. Sorbe quis ressuscitar o Rei Cold também, mas foi impedido por Shu, o cachorro capanga de Pilaf que pede um milhão de iens. O corpo do vilão é restaurado através da tecnologia dos soldados de seu exército. Esse rapto de Pilaf faz lembrar o que o Rei Piccolo fez na saga Piccolo Daimaoh mostrando mais uma vez uma história cíclica.

    Bonustrack – Dragon Ball GT O Legado do Heroi

     O Legado do Heroi se passa ao fim de todo o seriado DB GT. De nome original Gokū Gaiden! Yūki no Akashi wa Sū shin chū, lançado em Março de 1997, Yoshihiro Ueda e Hidehiko Kadota . Esse especial grifa ainda mais algumas incongruências do final do anime, primeiro, com o fato de não haver qualquer variação genética dentro da família dos saiyajins, já que o descendente de Vegeta é igual a ele e a descendente de Bulma também e igual a ela (esta ultima é mãe do pequeno Vegeta Jr.) a outra questão é que algo muito terrível deve ter acontecido com a familia Son/Satan, uma vez que Goku Jr. só tem sua tataravó, não tem pai, mãe, tios, avós, nada.

    Assim como em GT coincidiu o uso das esferas negras com os dragões malignos terem aparecido pouco tempo depois da primeira calamidade envolvendo os artefatos mágicos, esse também se vale muito das coincidências para o estado de paz da Terra e para a decisão de Goku Jr. em tentar achar as esferas, mesmo sem saber como encontra-las. Ele pega carona com um caminhoneiro suspeito, que rouba seus doces…com os elementos mostrados nesse ponto, assusta como não houve associação desse personagem a um possível molestador pedófilo.

    E para variar o desfecho dessa micro aventura de Goku Jr não apresenta nada ou divertido ou novo, os adversários que aparecem são sem carisma e sem grandes poderes, nem mesmo a velha Pan salva qualquer sensação nostálgica, nem que seja dos seus gritos insuportáveis, o que é uma pena, pois por muito tempo era essa a última coisa feita para a saga das esferas do dragão, que fora o “arrebatamento” de Goku, nada guarda de realmente memorável nem nos 64 episódios e nem nesse especial.

     

    E assim terminam os especiais, OVAs e filmes de Dragon Ball Z. Confira as outras partes do especial abaixo:

    Os Filmes e OVAs de Dragon Ball Z Parte 1

    Os Filmes e OVAs de Dragon Ball Z Parte2

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  • Review | Dragon Ball GT

    Review | Dragon Ball GT

    Continuação não canônica de Dragon Ball Z, exibida logo em seguida ao término do outro anime através da Toei Animation, Dragon Ball GT se passa cinco anos depois do Torneio de Artes Marciais em que Pan é apresentada, pós saga Dragon Ball Z; Saga Majin Boo, e começa mostrando Goku e Oob treinando na plataforma celeste, onde vive o Sr. Popo e Dende. Akira Toriyama quis terminar em 1995  a série de mangá mas a Toei decidiu continuar a série de anime, enquanto a fase Boo de DBZ ainda estavam sendo exibida já estava sendo criada a equipe para a continuação. Osamu Kasai foi escolhido como diretor, Aya Matsu e Jun Maekawa como os roteiristas, enquanto Katsuhiro Nakatsuru, o criador do personagem Bardock, ficou responsável pelo desenho dos personagens e também colaborou na criação de diferentes storyboards.

    O drama começa com o Rei Pilaf achando no templo algumas esferas estranhas, que teriam sido criadas por Kami-Sama antes dele dividir-se em duas consciências. Delas, sai um dragão vermelho, (uma versão maligna de Shenlong), as esferas por sua vez, tem estrelas negras e intuito claramente maligno. O vilão pede para que Goku volte a ser criança, achando que assim o venceria, e para reverter isso,seria necessário achar as tais esferas negras que se espalharam pelo universo, sob pena da explosão da Terra. Gohan se oferece para viajar com Goku, mas Vegeta – com um belo bigode – decide colocar Goten e Trunks na nave, a fim de viajarem com o protagonista, no entanto, a adolescente Pan vai no lugar do seu primo.

    Nessa primeira saga, Viagem pelo universo, Trunks é mostrado como um sujeito entediado nos afazeres da Corporação Cápsula. Mal sabia ele que a sua jornada seria ainda mais enfadonha e repleta de mornidão. A maior parte dos eventos nesses primeiros capítulos se resume ao trio de protagonistas viajando por planetas estranhos, onde os adversário são fracos, com nenhuma transformação em super saiyajin, com o tempo aparece um novo personagem o irritante robozinho Gill que absorve o radar do dragão, e se junta aos aventureiros rivalizando com Pan no posto de mais insuportável personagem. A disputa reside no autômato repetir seu nome/bordão a todo momento enquanto a garota  chama Goku de vovozinho de uma maneira estridente, também bastante insuportável e também a todo momento.

    Boa parte dos dramas mostrados nesses capítulos soam como remake de momentos clássicos. Ao mesmo tempo em que se muda o paradigma de Goku e os outros lutando contra seres mais e mais poderosos, não se abre mão da enorme escala de poder que os guerreiros Z chegaram. A tentativa de resgatar o clima aventuresco da fase clássica em Dragon Ball Arco de Goku esbarra na facilidade que Goku teria em vencer absolutamente todos os vilões com um simples estalar de dedos, mas mesmo assim, o roteiro insiste em tentar introduzir um antagonista, o Dr. Myuu, que é um sujeito brilhante que cria máquinas mutantes poderosas, que fazem alguma frente a Goku e Trunks.  A disposição de cores dos vilões é feia e risível,  e essa estranheza faz lembrar os piores momentos das animações da Filmation como He-Man e She-ra, mas sem o charme dessas séries bem antigas.

    Algumas fontes de enciclopédias oficiais apontam que Rildo seria mais forte até que Majin Boo, mas Goku deixar-se capturar pela Tropa Canon não faz o menor sentido, mesmo ele sendo uma criança corporalmente ele não é uma em sua mente tampouco é burro, seu poder é sobre humano e capaz de destruir planetas, não seria uma prensa metálica que o seguraria.

    Para vir um inimigo poderoso de fato, se passaram 22 episódios até chegar Baby. Todo o conceito em torno de Baby, dele sobreviver através das células que se espalham depois de sua suposta morte e o fato dele matar a pessoa que o programou – embora seja revelado que na verdade foi Baby quem programou todas as maquinas mutantes e não Myuu – faz lembrar muito a revolta do Número 17 com Maki Gero. Ainda no quesito reciclar conceitos, há uma tentativa de evolução nos vilões de DBZ. Cell absorvia os androides 17 e 18, Boo absorvia quem quisesse para se tornar ainda mais forte, e Baby não tem absolutamente nada de original em si, pois é um parasita, toma o corpo de alguém poderoso, de forma parecida com o demôn1io rosa, a diferença é sua raça, Tsufurujin  e seu desejo de vingança a raça de Goku e Vegeta. A situação só melhora quando o vilão chega a Terra, onde o roteiro se tornar mais urgente, com algumas lutas legais, que obviamente resultam em mais uma destruição do planeta. Mesmo conceitos legais, como a fusão de Oob e Boo são sub utilizados, até porque se insiste em por o protagonismo de novo em Goku, alipas, a tentativa de trazer seu rabo de volta, como se não fosse uma má ideia por si só, entra em contradição com a fase clássica de Dragon Ball, já que Kami Sama selou magicamente o rabo do herói, e isso seria levado como conceito evoluído em Dragon Ball Super, onde se explica que a condição de rabo nos saiyajins é uma condição de gene recessivo.

    A luta de Baby é cheia de reviravoltas, durante esses momentos, Goku e Pan lembram de uma vez que eles foram a praia, e que o guerreiro disse que talvez aquele estado de paz fosse o ideal, e considerando que Goku teve envolvimento direto com o fato de Pilaf ter utilizado as esferas negras, talvez se ficasse quieto, jamais Baby teria sido liberto, talvez toda a saga de GT sequer existiria. Ao menos a transformação no Super Saiayjin fase quatro é visualmente arrojada, estilosa e sua participação é  poderosa. Aqui reside o maior mérito do anime, pois essa transformação é bastante massa veio, e é mais legal que as de Dragon Ball Super por exemplo.

    A saga do Super Androide 17 tem apenas sete episódios. No inferno, O dr. Maki Gero encontra o Dr Myuu se unem, fato esse que não tem lógica alguma, se os vilões tivessem tais poderes no inferno, certamente Majin Boo, Cell e Freeza já teriam dominado o lugar, e coisas semelhantes só ocorreram nos fillers de DBZ.  Se em DBZ o erro mais grotesco era a demora para resolverem as lutas , aqui o enredo é curto demais e os eventos desimportantes, mais uma vez gastando seu tempo com  capangas minimamente carismáticos. Mesmo a fuga do inferno dos vilões antigos, que poderia ser bem explorado é sub aproveitado, e soa repetitivo, pois já tinha sido usado nos filmes. Depois que Super 17 perece, os heróis notam que as esferas do dragão estão rachadas, e isso dá vazão a mais uma nova saga.

    Um novo dragão aparece, um azul, e é dito pelo narrador que ele é maligno e poderoso. Ele é a manifestação da sobrecarga das esferas, que foram muito utilizadas desde Dragon Ball Clássico, com pedidos fúteis. A ideia é até boa, mas a maioria dos dragões são fracos. O primeiro desafio de verdade só ocorre com o 4º, Chii Shenlong, que exige que Goku vire SSJ4, mas sua luta é curta demais. Somente com a fusão de dois deles (Suu e San Shenlong) que as batalhas se acirram, esse adversário sim dá algum trabalho aos heróis, ao ponto de Bulma fabricar uma máquina semelhante a que usou para evoluir Baby para ajudar Vegeta a atingir o nível SSJ4.

    Próximo dos episódios finais, o seriado “lembra” o que fez Dragon Ball e DBZ  ser bem sucedido, primeiro apelando para a rivalidade de Goku e Vegeta e depois para a nostalgia de Goku, que lembra que a esfera de quatro estrelas foi dada a si por seu avô.  Li Shenlong   não é um inimigo a altura sequer de Majin Boo, se for comparado em conceito com Freeza ou Cell então é covardia.  Ele até então é o mais poderoso dos inimigos da saga Dragon Ball. GT careceu sempre de bons antagonistas, esse tampouco, poisnão se sustenta em sua execução porca mesmo com todo o poder que detém. DBZ não era só o escapismo e lutas, seus momentos bons continham discussões legais mesmo que se valessem das formulas de Mangás Shonen, e o roteiro de GT só acerta quando repete esses arquétipos, a sensação ao ver GT é que a Toei realmente não tinha boas ideias para executar e os poucos bons conceitos são sub aproveitados. Os fãs toleraram os arcos de Baby, Super 17 e dos Dragões Malignos unicamente por saudade dos personagens clássicos e por carência, e apesar de ter uma musica de abertura bonita, a realidade é que este seriado se resume a muita encheção de linguiça.

    Ainda há um epilogo, que mostra as divindades “proibindo” a humanidade de usar as esferas, e apesar de boa a ideia, ela ignora algo importante, que é a participação dos Saiyajins. As dragon balls só eram reunidas com tanta frequência graças a ida de alienígenas poderosos a esse mundo, e mesmo sem essas esferas o legado deles continua, a raça não é extinta, como é mostrado com Pan e Goku Jr., em uma cena que tem um grande salto temporal , fato que gerou um especial, Dragon Ball GT O Legado do Heroi com as aventuras de Goku Jr. Dragon Ball GT termina assim, soando fraca até em seus tristes epílogos, embora para muitos fãs, tenha aspectos superiores a Dragon Ball Super, explicados basicamente por apego ao passado.

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  • Os Filmes (e OVAs) de Dragon Ball Z – Parte 1

    Os Filmes (e OVAs) de Dragon Ball Z – Parte 1

    Como fizemos com o especial de filmes e ovas de Dragon Ball, retomamos as análises dos filmes e afins de Dragon Ball Z, falando de forma cronológica, levando em consideração quando foram lançados. Lembrando que a maior parte desses filmes, com exceção de A Batalha dos Deuses e O Renascimento de Freeza, não são canônicos e tem pouca participação de Akira Toriyama na trama, sendo roteiro pensado pela Toei, fato que faz com que a maioria não tenha muito viés cronológico dentro do seriado.

    Devolva-me Gohan ou Zona Mortal

    Daisuke Nishio conduz o filme que começa com um gemido de Piccolo, se preparando para mais tarde tentar enfrentar Goku. Se passam cinco anos após os eventos finais de Dragon Ball (Dragon Ball – Parte 3: O Rei Demônio Piccolo Daimaoh), após a vitória de Goku no Torneio de Artes Marciais. O nome original do filme lançado em 1989 é Ora no Gohan o Kaese!!, e possui 41 minutos de duração.

    Gohan é mostrado com sua mãe, Chichi, estudando como ela gostava de fazer. Ele aparentemente não sabia lutar ainda, o que põe este especial cronologicamente antes da chegada de Raditz a Terra, apesar de algumas contradições. Logo, o vilão Garlick Jr aparece próximo de Gohan, golpeando o Rei Cutelo e a mãe do garoto para pegar a esfera de quatro estrelas. A contradição maior aí é que Goku encontra seus amigos e fala de Gohan, que só foi apresentado no piloto do anime.

    O filme perde um tempo precioso mostrando Gohan brincando no castelo do inimigo, dando trabalho aos capangas de Garlick, ao provar uma maçã mágica que o faz ficar embriagado, passando então a brincar com fantasias de criaturas coloridas, semelhantes a aves, dinossauros e outras viagens de ácido. O vilão não demora a conseguir fazer seu pedido de vida eterna, basicamente para desafiar Kami-Sama, uma vez que o Garlick Senior competiu com o alienígena pelo posto de deus da Terra anos atrás.

    Kuririn sofre uma mijada (literalmente) do bêbado Gohan, seria impossível não lembrar que isso aconteceu, fato que ironicamente comprova o não pertencimento do filme a cronologia, já que ser urinado pelo filho de seu amigo certamente seria lembrado pelo lutador budista. De positivo, há o discurso malévolo de Garlick Jr convocando os demônios a saírem de suas tumbas para provocar o mal em quer que se opusesse a eles, em uma postura parecida demais com a de Piccolo Daimaoh.

    Garlick não é um personagem forte, apesar de imortal e as lutas não são muito emocionantes. A carga dramática é maior pela destruição do local da luta e pelo vácuo do vórtice da tal Zona da Morte que aparece do nada. O deus ex machina mora na catástrofe e isso por si só já demonstra o quão desimportante é o filme no final das contas.

    O Homem Mais Forte do Mundo

    Kono Yo de Ichiban Tsuyoi Yatsu foi lançado em 1990, e começa nas planícies geladas de Tsurumai, onde Piccolo é mostrado, para logo depois passar a Gohan e Oolong procurando as esferas do dragão, que estavam se reunindo em quatro, de maneira misteriosa. O menino usa roupas iguais as de Piccolo o que faz pensar que isso se passa pelo menos na época em que eles já se encontraram e viraram pupilo e discípulos.

    Shenlong é convocado para ressuscitar o Doutor Willow, que está com o corpo preso naquelas geleiras há muito tempo. Nishio também conduz esse produto, que começa promissor, mostrando umas criaturas estranhas surgindo e enfrentando o alien verde, e que faziam lembrar os saibaimans, sendo na verdade robôs. O começo aparenta mostrar eventos depois da morte de Goku contra Raditz, mas o pai do rapaz é mostrado logo depois, fato que demonstra que não há qualquer necessidade de incluir esta produção na cronologia do anime. Inclusive há cenas de Piccolo se sacrificando com o golpe de Nappa que acertaria Gohan.

    Os malfeitores, liderados pelo assistente de Wilow, chamado de Dr Kochin, procuram o sujeito mais poderoso da Terra e acharam que ele era Kame. O plano de transferir a mente do cientista para um corpo forte é mirabolante e muito bobo, feito por homens que só desejam a destruição e nada mais, em uma tentativa besta de dominação mundial. Há uma cena musical, em que Gohan comemora a presença de Piccolo e isso destoa totalmente do restante do filme.

    Goku usa o Kaioken para vencer um dos robôs assassinos, o que não faz muito sentido, outra coisa que não faz sentido é o dublador Wendel Bezerra ter chamado o Bastão Mágico de Varinha Sagrada. Goku termina tentando dar uma genki dama em seu adversário, mas em uma versão pequena e fraca. Não há nenhuma luta interessante ou trama digna de nota, o que é uma pena, pois o filme apesar de não conseguir ser encaixado de qualquer forma na cronologia da série, ainda assim parecia ter potencial para ser algo realmente primoroso.

    Dragon Ball Z: O Filme ou A Árvore do Poder A Maior Batalha de Todos os Tempos Está Para Começar        

    Quando estreou nos cinemas brasileiros em 14 de julho de 2000, tinha o nome de Dragon Ball Z: O Filme – o que faz sentido, pois ele tem 60 minutos de duração, maior que os outros, e depois ganhou o nome de batismo para o lançamento em VHS. Na trama, Oolong, Kuririn, Bulma e Gohan estão acampando, em um clima despreocupado.

    O filme de nome original Chikyū Marugoto Chō-kessen foi lançado em 1990 no Japão, e seu chamado a aventura começa quando um estranho cometa corta o céu. Nele, esta um grupo de piratas espaciais, liderados por um sujeito misterioso, chamado Tullece, que tencionam achar um planeta onde plantar uma árvore estranha, a Árvore Sagrada. Eles comemoram as condições do planeta e o fato de Kakaroto não ter destruído o mundo, assim a planta que sugaria toda a vida do planeta pode ser implantada.

    Esse filme não poderia acontecer na cronologia, porque a essa altura Goku também deveria estar em Namekusei, por isso ele inteiro soa como um filler contraditório. Todos os guerreiros Z, incluindo Kame vão até a casa de Goku, em uma rara reunião no lugar onde o principal herói reside. Lá eles são avisados por Kaioh Sama do perigo da árvore, e tentam destruí-la.

    Logo, Tullece aparece, e ele é quase idêntico a Goku, com exceção de dois fatos, sendo o primeiro que ele é na verdade um conquistador de mundos independente de Freeza, e segundo que ele come os frutos da árvore, que faz com que ele fique muito mais forte que seu adversário. A Toei fez uma contra-parte malvada do herói para mostrar como poderia ter sido se Kakaroto conquistasse a Terra como mandava o protocolo Sayajin, o problema sério é que fora Tullece, todos os outros capangas são genéricos e muito fracos. De novo há uma tentativa de solução final via genki dama, e a completa ausência de carisma nos personagens novos faz com que tudo aqui pareça extremamente genérico.

    Bardock, o Pai de Goku ou A Batalha de Freeza Contra o Pai de Goku

    O primeiro OVA de DBZ chamava-se Doragon Bōru Zetto: Tatta Hitori no Saishū Kessen e foi lançado em outubro de 1990. O pequeno Goku nasce, e Bardock não faz menção de voltar ao seu planeta natal para ver seu caçula, uma vez que ele nasceu com um nível de poder baixo. O saiyajin está acompanhado de seus asseclas, e recebe o golpe de um dos habitantes de Kanasa, onde o morto que tinha uma capacidade de premonição, o amaldiçoa.

    A dublagem desse especial é bizarra, uma das mulheres claramente tem voz masculina, assim como Nappa tem uma voz diferente daquela do anime, sai Guilherme Lopes e entra Alfredo Rollo que faz a voz de Vegeta no desenho seriado. Como o príncipe dos SJs aqui é uma criança, ele não foi exigido, mas ainda assim é bizarro notar isso.

    Bardock é mostrado como um sujeito impetuoso e cruel, diferente do retcon que faria depois, no especial de Bardock e no mangá de Toriyama Dragon Ball Minos. Sua elite é formada por Toma, Seripa, Toteppo e Panbukin, aliás, Seripa é a prova viva de que a raça saiyajin (ou SJ) tem pessoas do sexo feminino.

    Nesse especial, em meio as alucinações do protagonista, há cenas de Goku encarando Freeza, fato que ainda não havia ocorrido no decorrer do anime. O especial para vídeo termina de forma trágica, Bardock perece (aparentemente, pois isso seria revisitado mais tarde) e logo depois pede a seu filho que vingue seu povo. Apesar de mostrar um plano de fundo bem legal sobre como funcionava o dia-a-dia da raça de Goku e Vegeta, a dramaticidade é fraca e não faz sentido na maior parte da confusão mental e sentimental de Bardock, ainda assim é bem melhor que qualquer outro produto fora do anime/mangá lançado pela Toei até então.

    Goku, o Super Saiyajin ou Lorde Slug

    De nome original Sūpā Saiya-jin da Son Gokū, lançado em 1991. Uma estrela vem na direção da Terra, e os heróis tem de desvia-la, mas sem destruí-la, correndo o risco de acabar as condições de vida no planeta, e claro, tendo alvo principal a Cidade do Oeste, que seria a principal metrópole da mitologia de Toriyama. Ao entrar na atmosfera, mesmo com os esforços de Goku e Kuririn, eles não conseguem deter a entrada do corpo celeste, e maremotos acontecem, além de outros eventos catastróficos de pequeno porte.

    Na verdade, aquilo que entrou no planeta era uma nave invasora, liderada pelo vilão Senhor Slug. O filme de 51 minutos tem o cuidado de não dar muitos spoilers do anime/mangá, por isso não há o acréscimo de Vegeta como personagem fixo, uma vez que ele só se aliou a pouco tempo aos heróis na série animada. O vilão, ao se revelar mostra ser um namekusenjin, de porte grande, alto e mais forte até que Piccolo. Ele procura as esferas do dragão, após uma dica de Bulma, as pega e deseja a juventude eterna.

    Os capangas genéricos de Slug fazem lembrar demais os demônios de Daimaoh. O filme se calca demais no sensacionalismo. Slug só se revela um nameki faltando pouco para o final, e depois de Goku atingir uma transformação de pseudo super saiyajin, conhecida como Fake Super Saiyajin pelos fãs, além disso, em um contato telepático, Kaioh Sama diz que Slug seria mais forte que Freeza. Vale lembrar que esse Fake SSJ foi mostrado antes do real Super Saiyajin no anime. O vilão fica gigante, como Piccolo fez antes, aliás é o antigo adversário de Goku que consegue atingir um ponto fraco do antagonista da vez, arrancando as próprias orelhas e pedindo para Gohan assobiar, porque isso supostamente derruba os namekuseijin. A solução deus ex machina é desnecessária e muito infantil.

    Ao assistir Doragon Bōru Zetto: Sūpā Saiyajin da Son Gokū, se percebe que ainda não foi dessa vez que um dos especiais de DBZ acertou, seu vilão é fraco e tenta parecer super forte, as lutas são genéricas, há pouca ação dos outros guerreiros Z, não se teme realmente pela vida dos que aparecem e não há qualquer charme nos personagens novos, tampouco carisma.

    Uma Vingança para Freeza ou Os Rivais Mais Fortes

    De nome original, Doragon Bōru Zetto: Tobikkiri no Saikyō tai Saikyō foi lançado em 1991, curiosamente antes mesmo da morte de Freeza no anime, ou seja, Uma Vingança Para Freeza contém mais spoilers sobre a saga. O especial começa na destruição do planeta Vegeta, com Koola (ou Cooler ou Kooler, não me preocuparei com a grafia, pois de acordo com os fãs a grafia é discutível até hoje para esse e outros nomes) observando a nave de Kakaroto indo para a terra. Ele permite que isso aconteça, mostrando que não é exatamente o melhor planejador do universo.

    Já no presente, Cooler decide ir a Terra, interceptar Goku e seus amigos. O grupo de elite do vilão faz uma coreografia bem semelhante a das forças especiais Ginyu, inclusive recebendo o mesmo prefixo, de Forças Especiais Koola. Aliás, demora muito para começar uma luta com o real vilão.

    Não há a presença de Vegeta aqui, provavelmente porque cronologicamente, o especial se passa após ele tomar a nave que o pai de Bulma construiu, a fim de treinar. O filme tem 47 minutos, dos quais só há luta entre antagonista e herói nos 17 finais. Meia hora de enrolação, imitando o que é típico da saga Freeza. Aliás, a voz de Cooler na dublagem brasileira é a mesma de Freeza, de Carlos Campanille, que também faz a voz do narrador dos torneios.

    Finalmente um vilão à altura de Goku aparece nos filmes. O irmão mais velho de Freeza, o primogênito é tão mais hábil que tem uma nova forma, uma quinta, anterior a de Golden Freeza e bem diferente visualmente desta. Seu design desenhado por Toriyama é bem legal.

    Infelizmente, a primeira grande batalha dos filmes é curta e sem um clímax minimamente bem encaixado. Apesar de arrogante e estiloso, Cooler não é páreo para o Goku, e faltou um roteiro uma melhor exploração do potencial do personagem, o que é uma pena, porque esse é o filme que mais se aproxima de ser algo minimamente bom, ao menos até então.

    O Retorno de Koola

    De Daisuke Nishio, Doragon Bōru Zetto: Gekitotsu!! Hyaku-Oku Pawā no Senshi-tachi mostra o retorno do irmão de Freeza, Kooler, aparentemente com uma forma de cyborg metálico, bem melhor construído que a versão hibrida com máquina de seu irmão. Foi lançado em 1992 entre os episódios 129 e 130 do anime.

    A contradição junto ao seriado começa pelo fato de Piccolo aparecer aqui, enquanto deveria estar lutando contra 17 pouco antes de Cell absorve-lo, e isso se dá porque Vegeta e Goku se transformam em SSJ enquanto Gohan ainda não o faz, ou seja, ele não entrou ainda na sala do tempo e conseguiu atingir sua nova fase. Outra contradição monstruosa é que Dende já é o Kami-Sama da Terra, e é ele que revela aos guerreiros Z que a nova nameki foi invadida por uma nave/máquina estranha.

    Essa invasora é uma estrela, chamada Estrela Gete (a pronuncia adotada no Brasil foi Bigue) e foi ela que encontrou Kooler vagando pelo espaço, semelhante a quando o Rei Cold encontrou Freeza. Essa repetição de arco soa infantil e oportuna demais, bem como as lutas que ocorrem no planeta quando os sayajins e demais guerreiros viajam pelo espaço. Basicamente só se enfrenta Metal Kooler, para depois, aparecer centenas de “clones” dele, na verdade, sendo só autômatos, organizados pela estrela/nave para capturar a energia dos adversários. Tudo ali foi feito como uma armadilha, para atrair Goku e os outros a fim de capturar suas forças a seu favor.

    Vegeta e Goku são presos dentro do compartimento da estrela, onde sofrem o roubo de suas forças, e onde se mostra a real aparência de Kooler, somente uma cabeça flutuante. Sem falar que a exploração dos robôs como antagonistas, sejam os mais baixos como os Metal Kooler é demasiado mal feito, e a tentativa de emular o que dava certo na animação seriada simplesmente não funciona, pois esses robôs daqui não tem personalidade como as criações de Maki Gero.

    Além do mais, apesar de ter dado mais trabalho aqui, Kooler aparentava ser mais ameaçador no filme anterior, e consegue ser derrotado de uma forma ainda mais esdrúxula do que no capítulo passado, o que é uma pena, pois ele tinha potencial para ser algo a mais do que uma cópia.

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  • Review | Os Cavaleiros do Zodíaco: Saga de Poseidon

    Review | Os Cavaleiros do Zodíaco: Saga de Poseidon

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    Menor das fases do anime, totalmente baseada na penúltima saga do mangá, a descida ao reino dos mares, onde se combateria o deus olímpico dos mares Poseidon, possui apenas parcos quinze episódios – dois a menos que a anterior filler, Asgard. As primeiras cenas mostram tempestades e redemoinhos marinhos, assolando o Japão, a costa da França, Estados Unidos e outras regiões europeias, causando um pânico mundial, segundo as falas de Jabu de Unicórnio e Tatsumi.

    Logo Saori acorda, nos aposentos de Julian Solo, um jovem belo, rico e precoce, que assumiu os negócios de sua família em comércio marinho. Julian foi pretendente de Kido, que prontamente o recusou. Triste, Solo percebeu como é a sensação de ser rejeitado. Para surpresa de todos, o jovem era também a reencarnação do deus dos mares e, ainda assim, queria desposar Atena. Após mais uma recusa, dessa vez para governar o mundo como um casal de deuses, o déspota ameaça destruir a vida no planeta, a não ser que a deusa da sabedoria entregue sua vida em sacrifício. A reencarnação da deusa ficaria mais uma vez à mercê da sorte, sendo ela o pilar que salvaria a Terra e mataria Saori.

    Seiya e os outros adentram um portal em forma de redemoinho em Asgard, logo, o protagonista e Shun de Andromeda chegam ao reino dos mares, e tem um pequeno embate contra Thetis de Sereia, uma mulher fatal que com sua escama (equivalente as armaduras do Santuário) quase enreda Pégaso e Andrômeda. Após desvencilhar-se dela, O General Marina Dragão Marinho debocha da força dos saints de bronze, dizendo que melhor seria se o cavaleiros de ouro lhe enfrentassem.

    Cada parte dos sete mares tem o seu próprio pilar, e seu general respectivo. O primeiro a ser adentrado é o do Oceano Pacífico Norte, com Seiya indo em sua direção. O objetivo é derrubar cada um deles, para então parar o plano maligno do inimigo de matar Saori, mas antes que o cavaleiro possa destruir o artefato, Bian de Cavalo Marinho se interpões ante sua missão. Em uma virada de roteiro surpreendente, Seiya faz lembrar da luta com Misty de Lagarto, e percebe técnicas muito parecidas. Apesar de toda arrogância, Bian não demora a cair, graças a força da armadura de Pégaso que torna-se dourada após elevar seu cosmo ao máximo. Motivo disto seria o sangue dos cavaleiros de ouro, que convenientemente não fez qualquer peso na saga filler de Asgard.

    Antes de atentar contra o pilar, Seiya vê a chegada de Hyoga e Shiryu, e pede para que eles ajam separadamente, como foi feito na Batalha das Doze Casas. Logo, o cavaleiro percebe ser inútil golpear os pilares, até que Shina traz a armadura de Libra, para que cada arma desta possa destruir as partes. O Escudo é usado para enfim derribar aquele território, enquanto Thetis e Shina travam mais uma batalha.

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    Paralelo aos acontecimentos anteriores, Shun chega ao pilar do Pacífico Sul, para então enfrentar o terrível Io de Scylla. Depois de um show off de ataques, revelando praticamente todos os seus golpes –  ligados sempre a bestas animais. Cilla foi um monstro marinho, que acima de si guardava a imagem de uma bela virgem, semelhante a lenda de Andrômeda, e que guarda abaixo de si as técnicas de Águia, Lobo, Abelha, Serpente, Morcego e Urso. Ciente de sua superioridade,  Shun ainda oferece ao inimigo a chance de se render, mas a teimosia e empáfia do general fala mais forte, como era comum no seriado. Shun também tem sua armadura da cor do ouro, resistente como a dos doze sagrados guerreiros, e esse é o fator que define a vitória sobre Io. Shun utiliza os Nunchakus para derrubar o pilar. Desesperado, Scylla se põe na frente da arma, mas não têm êxito em tentar impedir a queda do totem.

    Em mais uma amostra da ideia ecumênica de Kurumada, o próxima general é Krishna de Chrysaor, regente do Pilar do Oceano Índico, um sujeito moicano que referencia uma religião oriental em seu nome. Shiryu o desafia, Krishna, pondo a prova o escudo do dragão, pela poderosa Lança do Dourado (ou Relâmpago).  Caído, o Dragão sente-se indefeso, e ele novamente vê em sonho o juramento e pedido de Shura, para que protegesse Atena. O fato desta ser uma reprise, graças ao filler do mesmo flashback ainda em Asgar, um pouco da surpresa se perde ao ser anunciado a novidade tática do guerreiro. O embate segue emocionante, talvez a melhor luta da saga até então, especialmente pela honra mútua entre os oponentes. Após ter sua armadura retirada – novamente – Shiryu consegue enfim fazer valer o golpe da Excalibur e destrói a lança dourada de seu adversário, assim como as escamas. Ambos, sem proteção alguma, travam uma batalha ideológica, que põe a frente a crença no budismo e na mitologia grega. Krishna cega Shiryu, repetindo ainda mais características do ideário de Shaka de Virgem, para enfim terminar o embate. Sem visão, Shiryu toma a Espada de Libra e pede para Kiki o guiar, quebrando assim o pilar.

    O próximo adversário é Kasa de Lymnades, do (Oceano Antártico) que logo derrota o descansado Hyoga, depois Seiya, até enfrentar Shun que consegue resistir por um período longo, até ser socorrido por Ikki e provar de seu próprio veneno. Lymnades até tenta enganar Ikki também, mas sucumbe diante da própria presunção, de achar que enganaria o cavaleiro imitando o próprio irmão, que está ferido aos seus pés, o máximo que o rival conseguiu foi expor que Fênix ainda mantinha sentimentos por Esmeralda, a moça que viveu na Ilha da Rainha da Morte. O Tridente da Armadura de Libra é usado para quebrar o pilar Antártico, não antes de parar o sangramento de seus antigos amigos, para que ainda haja algum risco de sobreviverem, dependendo de seus cosmos.

    Após ser humilhado, o Cisne se levanta e agradece a Ikki por não ter encarado ele derrotado, prometendo que não se deixaria levar novamente por seus sentimentos ao enfrentar inimigos. O engano não demora a ser demonstrado em tela, uma vez que no pilar do Oceano Ártico, Hyoga encontra Isaak, de Kraken, seu ex-companheiro de treinamento. Isaak sempre foi o mais forte dos dois, que um dia, sumiu após salvar Hyoga de ser levado por uma forte correnteza, quando o aspirante a cavaleiro tentava ir visitar sua mãe pela primeira vez. Ferido no olho esquerdo, Isaak é cooptado pela escama de Kraken, para  que ele fosse um general marina, e combatesse o homem que combateu na Guerra Galáctica e que matou Cristal e Camus. A batalha ocorre entre troca de farpas e golpes. Antes de morrer, Isaak diz que outra criatura é a o real inimigo, e não Julian, deixando o Cisne atônito, para depois ter quebrado o pilar através do Tonfá de Libra.

    Ikki finalmente chega ao salão do deus encarnado, unicamente para ser barrado pelo Dragão Marinho, que revela sua identidade, dando ainda mais significado ao drama visto na Batalha das Doze Casas, finalmente justificando as brutas repetições de roteiro vistos no anime. Os fatores mais irritantes em toda a extensão de Cavaleiros do Zodíaco são vistas na saga de Poseidon também, que piora muito por possuir lutas pouco interessantes e adversários que deveriam ser igualáveis a deuses, mas que caem por muito pouco esforço dos cavaleiros.

    Shun finalmente chega ao pilar do Oceano Atlântico Sul, onde encontra Sorento de Sirene, que se desvencilhou facilmente de Siegried na fase anterior, de Asgard. Seu toque de flauta faz Andrômeda quase cair, até que Atena começa a cantar, para o retirar doo terrível mantra. Paralelamente, Seiya, Hyoga e Shiryu adentram a sala de Julian Solo. Ao mesmo tempo, Ikki retorna da outra dimensão, para enfrentar Kanon, de Dragão marinho, o irmão gêmeo de Saga. O combate triplo finalmente deixa os eventos interessantes, especialmente ao retornar a origem dos irmãos gêmeos, onde Kanon sugere ao seu irmão assassinar o Mestre, fazendo de seu destino o da morte, preso pelo poderoso cavaleiro de Gêmeos a uma cela ao lado do mar, só podendo ser libertado por um deus. Kanon profetizou que Saga também possuía uma índole maligna, remetendo a filosofia de Yin-Yang. Kanon seria liberto, para ver as escamas dos Generais Marinas, convocando os poderosos homens, para dominar o mundo – novamente – e trair Poseidon, depois de já ter traído Atena.

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    No Santuário, há um clamor por ajudar os cavaleiros de bronze, mas algo segura os saints de ouro, somente permitiram a ida da armadura de Sagitário para ajudar Seiya e os outros. Uma nova gama de sacrifícios ocorre, com Shina, Seiya e Shiryu, que usam o próprio corpo para receber as flechar refletidas de Solo. A chegada de Shun  – que derrubou o pilar com a barra tripla – e Hyoga, o deus encarnado percebe uma união jamais vista por seus olhos imortais, ainda que não ceda a arrogância, percebendo tardiamente de que a arma de Sagitário estava lotada com o cosmo dos quatro guerreiros.

    Ikki só derruba o pilar do Atlântico Norte após o auxílio de Sorento, que percebeu a traição do gêmeo mal. Com o Escudo de Libra, Fênix derruba o artefato, para logo depois indagar o marina de como poderia deter a encarnação pura de Poseidon, alcançada após a flechada que Seiya impingiu. Logo, as armaduras douradas de Libra e Aquário reúnem-se ao redor de Shiryu e Hyoga, a fim de ao menor atordoar o deus dos mares.

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    As verdades continuam se desenrolando, com Ikki afirmando que sua sobrevivência só ocorreu graças ao caloroso cosmo de Atena, que o poupou da morte. Fênix descobre enfim que a chave para a sobrevivência de Saori, está encerrada no Grande Suporte Principal, junto a deusa. Todas as condições de clímax se acumulam no episódio final, que finalmente apresenta a vitória de um mortal sobre um ser divino, dessa vez do mais literal possível.

    A podridão e corrupção do planeta seria a motivação maior de Poseidon, que diferente do piedoso cosmo de Atena, se agarra na esperança de uma mudança no caráter ideológico da humanidade. A retidão como bandeira, se mostra uma arma eficiente, fortalecendo a filha de Zeus diante de seu adversário, para encerrar o espirito do deus olímpico novamente na ânfora.

    Os motivos que fizeram Kurumada não realizar junto a Toei a última das sagas do Mangá aplacaram boa parte do sensacionalismo do final do seriado, encerrando o show de tv em 1989, somente retornando a Hades com o aporte dos fãs, treze anos depois. Apesar do remate ter sido interessante, as lutas foram pouco cativante, faltou carisma aos marinas, exceção feita talvez a Isaak e Kanon, tampouco houve um grafismo satisfatório nas batalhas, repetindo os mesmo erros de Asgard, sendo inferior até ao texto original do mangá.

    Confira também:

    Primeira Parte do Review da Saga do Santuário, correspondente a Guerra Galáctica
    Segunda Parte, correspondente a Saga dos Cavaleiros de Prata.
    A Terceira Parte, corresponde a Batalha das Doze Casas.
    E a Saga de Asgard.

  • Review | Os Cavaleiros do Zodíaco: Saga de Asgard

    Review | Os Cavaleiros do Zodíaco: Saga de Asgard

    os-cavaleiros-do-zodiaco-17-a-saga-de-asgardComeçando com uma nova abertura, referenciando Hilda e seus cavaleiros protetores, Os Cavaleiros do Zodíaco retornariam com uma nova roupagem, explorando um cenário inédito até então – exceto pela média metragem A Grande Batalha dos Deuses -, as gélidas instalações do extremo norte europeu, onde mora uma oradora, que devota sua vida e rezas aos deuses nórdicos. Uma voz diferenciada se ergue ante o mar, tentando convencê-la a declarar guerra ao novo Santuário de Atenas, a despeito de sua postura pacifista. Um anel toma o controle da mulher, e chama a estrela Polaris, convocando o poder de cada uma das estrelas da constelação de Ursa Maior e seus respectivos cavaleiros, que comportam características de feras, criaturas e deuses do panteão asgardiano.

    Nas Doze Casas, Aldebaran é derrotado com apenas um golpe, por Shido de Mizar, o que demonstra primeiro um profundo desrespeito com o personagem, facilmente descartável, além de não dar uma boa razão para Mu não habitar a casa de Áries, permanecendo em Jamiel a maior parte do tempo – ainda. Shido viaja ao Japão para matar Saori Kido, e ataca covardemente os cavaleiros de bronze secundários, todos sem armaduras. Logo, Shun de Andrômeda e Seiya de Pégaso retornam com armaduras novas, em design e força.

    Após travar uma batalha como o lobo negro, um convite é feito para que os defensores de Atena enfrentem Polaris e seus asseclas em Asgard. De maneira pouco sábia, Saori e o quinteto de heróis resolvem ir até lá, onde Hyoga de Cisne encontra Freya, irmã de Hilda, que prossegue orando a Odin, sem saber que há uma enorme catástrofe ecológica às portas, uma vez que quem permitia que o gelo das rochosas não viesse a derreter eram as preces de Hilda, interrompidas pela batalha que foi convocada pela possuída moça.

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    Atena se dedica a segurar o esfriamento do gelo, ainda que o efeito seja somente até o anoitecer daquele dia, sob pena da deusa encarnada morrer. O senso de urgência é pontuado novamente. Thor de Phecda (a estrela Gama) o ataca, reforçando a ideia do protagonista enfrentando um brutamontes gigante – reprisando Cassios, Aldebaran e tantos outros. Cada um dos guerreiros deuses tem uma conexão sentimental com Hilda, Thor inclusive, que era caçado por outros homens unicamente por ser fisicamente diferente. A mudança súbita de caráter da sua devotada faz o personagem estranhar, factoide que o acompanha até a sua morte diante do Pégaso, tomando consciência ao final de que os guerreiros de Atena talvez estivessem certos, sentindo inveja por sua musa não ter um cosmo tão terno quanto o da deusa grega.

    Munido do nome do canino que anunciaria o Ragnarok – evento semelhante/equivalente ao apocalipse bíblico – Fenrir de Alioth (estrela Epsílon) ataca Shiryu, que acabou de chegar da China, com seus lobos assassinos. O Dragão tem devaneios com Shura de Capricórnio, que o salvou no último instante possível, e que pediu ao saint de bronze que protegesse a deusa de maneira tão fiel quanto ele tencionava. A luta com Fenrir é graficamente fraca, com um tempo demasiado gasto na discussão filosófica sobre confiança e abandono, baseado no background de Fenrir com a traumática morte de seus pais pelas garras de ursos. Sozinho, o pequeno órfão viu os que acompanhavam seus pais fugirem, enquanto lupinos selvagens vieram ao seu socorro. As lições de moral e os choramingos aproximam-se de uma tática barata de lamento, semelhantes a um papo de botequim regado a muita literatura de autoajuda, algo que piorado por um desfecho piegas que guarda semelhanças enormes com o que foi visto com o Pinguim de Danny DeVito em Batman – O Retorno.

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    Hagen, de Merak (estrela Beta), se põe à frente do Hyoga e demonstra grande poder, além de ter um background semelhante ao de Shura, uma vez que é também o mais fiel dos servidores de Hilda. A base de poderes do guerreiro deus também é o gelo, o que faz de sua luta com Cisne uma redundância absoluta. Piora a situação pela cafona amizade platônica entre Hagen e Freya, interrompida pelo pseudo-flerte com Hyoga. O passo seguinte mostra uma luta para ser o pequeno capacho da moça loira, sem qualquer garantia de que algum dos dois terá qualquer êxito com o ser do belo sexo. A luta só acaba após a intervenção de Freya, que assiste a um circo de horrores movido pela teimosia de Hagen em não ceder sequer aos apelos de sua amada, restando apenas o choro da garota.

    Uma revelação é dada a partir do prelúdio da luta de Shun, em que são mostrados os cavaleiros de ouro dando seu sangue para reconstruir as armaduras de bronze, por isso o novo design, mais parecido com a dos mangás. Mime, de Benetnasch (da estrela Eta) é mais um cavaleiro que usa a música da harpa, como foi com o Orfeu de Lira, do mangá da saga Hades e do filme da Batalha de Éris. A história pregressa de Mime é interessante por perverter um dos plots do início do mangá, com a vontade de Ikki e dos outros de acertar as contas com o pai ausente que tiveram, Misumasa Kido. Mime teve a oportunidade de assassinar seu ancestral, claro, por uma vingança terrível, com o assassinato sem piedade de seus pais verdadeiros. Após mais uma luta psicológica, Ikki de Fênix convence Mime de sua miséria existencial, fazendo ele mesmo dar fim a sua existência, se entregando em prol da verdadeira justiça.

    A outra batalha também revela um alguém cuja psicologia é mal resolvida: Alberich, de Megrez (estrela Delta), tratado severamente por Hilda. Marin corre em Asgard e é pega por um dos  escudos de ametista do guerreiro deus. Logo, Pégaso o alcança, e é inquirido por Alberich a entregar a safira que conseguiu vencendo seu oponente. Megrez se diferencia de seus  pares por ter uma intenção claramente maligna, piorada pela ciência resultada da condição de Hilda. O plano de Alberish seria derrubar a mulher dominada para então governar a Terra, mesmo com as inundações. O modo como o guerreiro é derrotado assemelha-se a tantas outras lutas de Shiryu, acrescido mais uma vez de uma curiosa interferência do Mestre Ancião, uma curiosa e até interessante lembrança do passado do mentor, banalizada, é claro, pela vontade do Dragão em tirar a armadura para enfrentar de peito nu seu adversário.

    A luta contra Shido de Mizar (a estrela Zeta) sofre de alguns problemas de “esclarecimento”. Primeiro por ele já ter se apresentado no Santuário e no Japão, depois por ser ele a razão de Marin ir até Asgard. Mas o fator mais tosco para a revelação dos seus segredos é a abertura, que mata qualquer surpresa sobre sua condição. Shun é o primeiro a chegar, e como se esperava é derrotado por sua fragilidade, ampliada na animação se comparada ao texto original. Apesar da interferência dos sobreviventes Pégaso e Cisne, é o efeminado saint que permanece com a presença de Mizar, liberando o caminho para os seus amigos. A aura mística ao redor de Shido é examinada por Aldebaran de Touro, cujo mistério ajuda a ser desmistificado por Freya, que resume a questão da estrela gêmea de Mizar, chamada Arkor. O plot reprisa a questão do cavaleiro negro de Dragão, que no mangá tinha um irmão gêmeo cego e que também agia pelas sombras do guerreiro titular. Por ter sido suprimido do desenho, seria natural que tivesse inspirado os roteiristas da Toei a evoluir o conceito.

    Depois de derrotar Shido, Shun recebe a visita de Shina, que conta sobre a possibilidade da duplicação do inimigo, então Bado de Arkor (ou Alkor) finalmente se revela para então lutar contra a amazona. O background dramático mais uma vez atenta para o abandono e uma forçada orfandade, a mais cruel até então mostrada em Cavaleiros. A dura criação como selvagem, sem as graças da família rica, fez Bado crescer rancoroso e mau, agravando a situação com a promessa da já maligna Hilda, de que só seria elevado ao posto de guerreiro deus com o falecimento do seu gêmeo.

    A rejeição de Bado talvez seja o ponto alto da Saga de Asgard, que consegue finalmente atingir uma chance de superação em matéria de roteiro, somente neste atingindo o intuito de parecer um argumento adulto. É o arquétipo de amizade e fraternidade entre Ikki e Shun que faz vencer o tigre branco através do Golpe Fantasma.

    Badi

    Bado enfim percebe seu erro, e diante de seu irmão que sobreviveu desiste da luta, em nome do sentimento de fraternidade. Assim, os irmão Shun e  Ikki podem prosseguir em encontrar Hyoga e enfim avistar o sobrevivente Seiya, o qual vai atrás da última safira que está com Siegfried de Dhube (estrela Alfa), o guerreiro deus que carrega o nome de um herói mitológico asgardiano. Seu golpe é o que mais revela a categoria de  fidelidade às divindades, A Espada de Odin facilmente vence o combalido Seiya, que cai ante seus amigos.

    Siegfried segue lutando contra Ikki, se desfazendo de seus golpes com uma facilidade atroz, e mesmo o imortal cavaleiro de bronze, sucumbe pelas mãos do hábil guerreiro de gelo. Shun é o próximo a tentar, e até consegue resistir um bom tempo graças a sua Defesa Circular, mas não o bastante para não cair pela Espada de Odin.

    Sieg 1

    Siegfried também mostra uma devoção cega a Hilda, mesmo diante dos apelos de Freya, que deixa claro que algo está estranho em sua postura, e que o mal tomou o cerne de seu pensamento. Após o Pégaso levantar mais uma vez, Shina se coloca na frente do ataque Vendaval do Dragão, dessa vez assistido por Shiryu.

    Logo Hilda recebe a visita de um enviado do homem que pôs o Anel de Nibelungo em seu dedo. Após ver a recusa de seu fiel escudeiro, Hilda decide desferir um golpe em Seiya, impedida pelo guerreiro deus, que percebe que o ideário dos Cavaleiros de Atena tem muito mais compromisso com a justiça, conquistando reunir a tenacidade dos guerreiros derrotados e, claro, da deusa também. O real inimigo então surge: o misterioso flautista de armadura dourada Sorento de Sirene, um servo de Poseidon, deus grego dos mares que manipulou o ideal dos guerreiros deuses, e que estava desapontado com o resultado das lutas entre os guerreiros de Asgard e do Santuário.

    O último ato do cavaleiro de Dhube é entregar a safira a Seiya e depois causar um ataque kamikaze a Sorento, para então deixar o Pégaso livre para enfrentar Hilda. O cavaleiro não hesita em atacar uma mulher sem poderes, contrariando o cavalheirismo no comportamento do personagem do mangá, um defeito enorme para ser ignorado. Quase morrendo, Seiya ouve a voz de Saga, tentando animá-lo a lutar. Após reunir as safiras, a armadura de Odin enfim se desgarra da estátua e toma o corpo de Seiya, para tentar enfim destruir o anel que exerce o controle de Poseidon sobre Hilda através da Espada de Baumung.

    Após vencer o feitiço, Hilda entrega o próprio sangue e segura a espada de seu ídolo, tencionando recuperar as geleiras de Asgard e, claro, garantir a fuga dos guerreiros de Atena. Apesar do belo grafismo, toda a saga filler exibe um sofrível roteiro com lutas pouco excitantes e backgrounds muito genéricos.

    O final do episódio 99 é pontuado por uma onda gigante que produz um ralo gigante em meio ao oceano, sumindo com o corpo da deusa da sabedoria, que aparece nos braços de um cavaleiro de armadura dourada, cujo tridente no capacete não deixa qualquer dúvida sobre suas intenções e ações. A Saga de Poseidon seria a próxima parada de Seiya e os outros.


    Confira também:

    Primeira Parte do Review da Saga do Santuário, correspondente a Guerra Galáctica
    Segunda Parte, correspondente a Saga dos Cavaleiros de Prata.
    A Terceira Parte, correspondente a Batalha das Doze Casas.

  • Review | Os Cavaleiros do Zodíaco: Saga do Santuário (Parte 3) – A Batalha das Doze Casas

    Review | Os Cavaleiros do Zodíaco: Saga do Santuário (Parte 3) – A Batalha das Doze Casas

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    A caminho da Grécia, Saori Kido levanta a possibilidade de Ares estar mentindo em relação a sua identidade, além de aventar a quantidade de cavaleiros de ouro existentes, um para cada signo do zodíaco, totalizando doze. Paralelamente a isto, Aiolia de Leão encara o Mestre do Santuário, indagando-o sobre a verdade. Quando o vilão finalmente assume seu papel diante do seu antigo lacaio, mas antes que os dois pudessem finalmente se encarar, a dupla é interrompida por Shaka, o lendário cavaleiro de Virgem, adentrando uma batalha de mil dias.

    Os cavaleiros de bronze são recebidos, na Casa de Áries, por um monge, e antes de passar pelas escadarias reencontram o Shiryu. Logo, o capanga se revela Tremy, cavaleiro de prata de Sagita (flecha), um sujeito fraco, mas que consegue desferir uma flecha dourada em Saori, deixando-a gravemente ferida, à beira da morte.

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    Como com Jamian de Corvo, mais uma vez Seiya deixa Kido em perigo, no que seria mais um dos clichês do seriado, com a reencarnação da deusa sempre se inserindo em situações bastante inquietantes e de perigo intenso, tudo para que seus rapazes provem seu valor. A repetição é uma das chaves dos roteiros de Masami Kurumada. Desta vez o senso de urgência é magnânimo, já que eles precisam atravessar toda a extensão do Santuário para salvar a reencarnação da deusa da Justiça.

    A primeira passagem é pela Casa de Áries, onde Mu usa enigmas, para depois restaurar as armaduras de bronze, deixando-os mais fortes. Esse ínterim dura uma hora, e eles finalmente têm de enfrentar o gigantesco Aldebaran de Touro. A luta de Seiya contra ele é bastante anticlimática, uma vez que o Pégaso somente decepa um dos chifres da armadura do personagem, após atingir a velocidade da luz, o sétimo sentido – algo somente conferido aos cavaleiros de Ouro. Aldebaran percebe que algo está errado, uma vez que por trás dele há um cosmo gigantesco, poderoso demais para um espécime daquela patente. Ele deixa os moços passarem quase sem lutar, mas os adverte para ter mais atenção, pois nem todos serão benevolentes. Mais tarde, ao falar com Mu, Touro declara que o quarteto não era formado por traidores, assumindo, apesar dos pesares, que eles deveriam ter a justiça ao seu lado.

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    Na terceira Casa, de Gêmeos, os meninos passam por uma ilusão, demorando demais a perceber o ardil, que seria encabeçado pelo Mestre do Santuário. A ilusão de ótica faz com que Pégaso e os outros se enredassem em um labirinto falso, percebido pelo cego Shiryu. Shun e Hyoga prosseguem perdidos ali, tendo um resgate pelas mãos de Ikki, que atacou Ares de modo mental.

    Enquanto isso, Hyoga é transferido para a casa de Libra, onde encontra “o mestre do seu mestre” Camus de Aquário. O que deveria ser um interessante encontro perde força graças ao desnecessário filler do Cavaleiro de Cristal. Toda a emoção e reencontros do Cisne com sua mãe, numa imaginação no além-vida, são também banalizados graças às invencionices da Toei.

    Após a queda do Cisne, Seiya e Shiryu chegam à Casa de Câncer, onde enfrentam o cruel Máscara da Morte, lugar em que se pisoteiam as faces dos guerreiros mortos pelo cavaleiro de Ouro. A batalha envolve ataques semelhantes a ilusões, onde o Dragão é lançado ao inferno, quase sucumbindo à armadilha de seu adversário, salvo duas vezes por espécimes femininos: primeiro pela deusa Atena, e depois por sua amada Shunrei. A gratidão pela moça, que acompanhou todo o treinamento do personagem na China é enorme, tão intensa que suas orações o fizeram retornar ao mundo dos vivos, num emocionante impulso e com um retorno triunfante. Sobre seu inimigo, este sofreu sua ira por ter menosprezado o espírito de Shunrei. Após inúmeras tentativas de acertar a Máscara da Morte, a armadura de Câncer abandona seu hospedeiro, em uma atitude semelhante ao que ocorreu na luta de Pégaso contra Aiolia. O cosmo de Shiryu também é elevado ao sétimo sentido, munido por Atena. Sem sua armadura, lança um ataque que finalmente encerra a existência do inimigo, talvez o mais vil de toda a saga.

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    Na casa de Leão, Seiya enfrenta um estranho Aiolia, emulando a dupla personalidade que seria vista mais à frente com o Mestre do Santuário, algo semelhante com o que ocorreu anteriormente com o Cavaleiro de Cristal e com Ikki. Cassios, que cuida de Shina após o ocorrido no Oriente, fala do golpe Satã Imperial, que põe o Leão em uma fidelidade incontestável a Ares. A batalha está quase vencida por Aiolia até que o gigante ex-rival de Seiya se põe na frente do herói, oferecendo-se como sacrifício para que sua musa Shina não sofra.

    O próximo cavaleiro a ser enfrentado é aquele que é o mais próximo de Deus. Para ambientar o público, mais dois (chechelentos) fillers aparecem: Shiva de Pavão e Ágora de Lótus (que sequer é uma constelação), dois discípulos de Shaka designados para atacar Ikki na Ilha da Rainha da Morte. Curiosamente, duas incongruências são notadas. A primeira é que antes a infernal ilha não tinha condições básicas de vida, agora possuía uma mini aldeia, com pessoas que protegem seu regente, o Cavaleiro de Fênix, sem qualquer explicação prévia. O segundo ponto tosco é a condição dos dois capangas de Virgem, que deveriam ser pacíficos budistas, mas humilham os aldeões sem necessidade alguma.

    Após se desvencilhar facilmente de Shun, Seiya e Shiryu, Shaka enfim enfrenta Ikki, que, entre uma ilusão e outra, tenta fazer do combate algo parelho, quase nunca com sucesso. Após descobrir que o Cavaleiro de Virgem é na verdade a reencarnação de Buda, ele passa pelos seis mundos do ataque do seu inimigo, em mais uma mostra do ecumenismo pregado por Kurumada. O sacrifício de Fênix reforça o ideal defendido durante a série, tendo na próxima luta outra repetição de clichês do programa: as interações homoeróticas. Após perder seu irmão em uma batalha, Shun se entrega de corpo e alma para salvar o recém salvo do congelamento Hyoga, que ao se estabelecer, leva seu amigo nos braços, como uma bela adormecida efeminada, diferenciando-se demais da mesma cena no mangá.

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    A luta com Miro de Escorpião faz lembrar outro defeito recorrente de Saint Seiya, que é a eterna gangorra de poder que os cavaleiros de bronze se submetem, sendo fortes e poderosos em um momento e absolutamente inúteis em outro, até que um cavaleiro surge e vence um dos poderosos rivais, fazendo dos sacrifícios – que deveriam ser belos em situações frívolas e genéricas – prejudicados pela repetição de cenas e de problemáticas. Ikki perdeu seus sentidos ao lutar contra Virgem; Hyoga se esvai em sangue quase a ponto de desacordar contra Escorpião, reprisando o drama anterior, banalizando o que deveria ser uma luta interessante.

    O filler presente na casa de Sagitário é mais um evento irritante, que contradiz completamente a ideia de fidelidade presente na postura de Aiolos, tendo seu passado finalmente justificado pela fala do próximo guerreiro, Shura de Capricórnio, o responsável por sua morte. A luta dos dois é visualmente bela, mas se destaca especialmente pelo duplo sacrifício dos adversários, que se repete na próxima Casa, na batalha entre mestre e pupilo, travada entre Hyoga e Camus de Aquário, questão esta que seria revisitada em Hades.

    No início do Santuário, nas escadarias, Jabu de Unicórnio e os outros cavaleiros de bronze secundários guardam Saori, lamentando, entre outros fatos, a disparidade de poder e o tamanho do cosmo entre eles e os que sobreviveram, Seiya e Shun. Ares segue em seus devaneios de dupla personalidade, relembrando cada um dos reveses dos cavaleiros dourados e a quantidade enorme de desobedientes e rebeldes. A batalha entre guerreiros efeminados acontece entre Afrofite de Peixes e Andrômeda, que tenciona vingar seu mestre Albion (ou Albiore, na tradução correta, versão filler do personagem do mangá Daidalos) de Cefeu, que foi morto. Quando o último inimigo tomba, sobram apenas os soldados rasos antes do Mestre do Santuário, comandados por Piton, facilmente derrotados por Marin e Shina. Após salvar seu pupilo, a amazona de Águia reforça a famigerada – e péssima – ideia de ser ela Seyka, a irmã perdida do cavaleiro de Pégaso, fato que em nada acrescenta à disputa entre o protagonista e o agora revelado Saga, que fingiu ser Ares o tempo inteiro, em mais uma confusão de inversão dos sentidos do texto original do mangá. Finalmente os eventos começam a ficar interessantes, quando Saga cai ao chão, revelando sua dupla personalidade, pontuada pela dublagem com um timbre mais grosso e pela mudança da coloração de seus cabelos. Paralelo a isso, as amazonas discutem a ida de Marin a Starhill e o cadáver que se viu lá, o do Mestre do Santuário, designado de forma confusa como Ares, e não Shion, como seria no mangá.

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    Após uma manobra desesperada, o pedante cavaleiro de Pégaso consegue enfim tomar o escudo da estátua de ouro da deusa Atena e salvar sua reencarnação Saori, com a ajuda do revivido Ikki. Restabelecida, a divindade em forma de menina retorna às doze casas, recebida com humildade pelos cinco cavaleiros de ouro restantes.

    Com seu poder, Kido restabelece a saúde de Shiryu, Hyoga e Shun. Diante de seus antigos companheiros e da criatura que tentou matar 13 anos atrás, Saga se entrega ao julgamento de Saori, reclamando o perdão por tê-la traído e quase matado-a. A mensagem final da Saga do Santuário é de que, mesmo os mais fracos homens, municiados com a justiça, são capazes de vencer quaisquer adversários ou situações conflitantes. Relembrando que a amizade é o maior dos bens da juventude, salvando-se mesmo com as medíocres partes inventadas pelo estúdio de animação.

    Confira a Primeira Parte do Review da Saga do Santuário, correspondente a Guerra Galáctica, e a Segunda Parte, correspondente a Saga dos Cavaleiros de Prata.

  • Review | Os Cavaleiros do Zodíaco: Saga do Santuário (Parte 2) – Os Cavaleiros de Prata

    Review | Os Cavaleiros do Zodíaco: Saga do Santuário (Parte 2) – Os Cavaleiros de Prata

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    Após vencerem Ikki, são revelados novos inimigos, seres esquisitos que atendem ao Mestre Ares, o novo regente do Santuário da Grécia. Petroleiros são atacados, a economia é completamente mudada – o porquê jamais é dito – e em meio ao lugar onde Seiya treinou tudo mudou: torturas são feitas a quem não obedece as ordens do novo mandatário, e até Marin é subjugada, motivada pela morte do antigo mestre.

    É neste elemento que há uma das principais e mais irritantes diferenciações entre o texto original e a produção da Toei, pois Shion, o antigo mestre do santuário só teria morrido alguns dias depois que o cavaleiro de Pégaso voltou para sua terra. A partir daí, um freak show começa, organizado por dois toscos personagens, Gigas e Piton, que mobilizam um sem número de personagens que sequer têm constelação – que dirá cosmo! – para enfrentar o quarteto.

    Finalmente a identidade real de Saori é declarada, como a reencarnação da Deusa Atena, mas isto é aplacado por momentos de qualidade duvidosa com Seiya, Hyoga, Shun e Shiryu aguardando um ataque de seu “forte” inimigo, Dócrates, protagonizando cenas de vergonha infinita, com Kiki dormindo com o cavaleiro de Dragão enquanto Andrômeda se banha, e é flagrado nu no chuveiro, enquanto Saori monitora TODAS as anomalias de poder pelo passar da história, somente para provar que os cavaleiros tiveram ingerência nisso.

    Após vencer o gigante embevecido, Atena percebe que tinha alguém pelas sombras, uma entidade maligna que visava destruir a humanidade, e mais capangas genéricos são levados a enfrentar Seiya e os outros. O primeiro dos adversários é Jisty e seus cavaleiros fantasmas que “audaciosamente” raptam um navio petroleiro, numa atitude ecoterrorista. Os cavaleiros de bronze se rendem como negociadores de raptos e sequestros, se deparando com piratas. O dramalhão é na verdade uma ilusão de Jisty, que logo é vencida, numa batalha mequetrefe com Seiya.

    A ira de Ares prossegue, até que um “bravo” guerreiro o impele, perguntando o motivo de tudo o que estava assolando os saints de bronze. Seu nome é Cavaleiro de Cristal, um filler que seria mestre de Hyoga, tendo também no gelo a base do seu poder. Paralelo a isto, um ar de conspiração prossegue no Santuário. Enquanto isso, na Sibéria, o antigo mestre, com um visual bastante carnavalesco e extravagante como Tina Turner em Mad Max 3, e ainda mais mortal que o da titia. O conceito é péssimo por contradizer alguns dos bons plots, explorados na parte das 12 casas e Poseidon. Pior que isto é a construção de uma pirâmide de Gelo, pensada por Gigas, que tencionava homenagear o novo mestre do santuário numa demonstração de puxa-saquismo das mais esdrúxulas, que em torno de si produziu inúmeras cenas constrangedoras; de escravização moderna de moradores do local, todos brancos, evidentemente, pondo até Hyoga de Cisne para enfrentar homens com metralhadoras AK-47, mas que nada fazem diante do poder do sujeito. Após uma piegas batalha, Cristal volta a si, e pede perdão ao seu pupilo.

    Mais um guerreiro genérico é convocado por Gigas, dessa vez o capanga tem uma intensa relação com o pequenino vilão. O Cavaleiro do Fogo – também sem constelação – foi salvo ainda criança por Gigas, e resolve atacar a mansão da Fundação Kido, raptar Tatsumi e buscar o capacete da armadura de Sagitário. A batalha serve para pouca coisa; basicamente faz com que Gigas se defronte com Saori, e é a primeira desculpa no desenho para que Ikki renasça, na mais açucarada e cafona de suas encarnações.

    Com o desaparecimento de Gigas, Piton toma seu lugar e ordena Marin para matar Seiya, seu antigo pupilo. Receosa, ela deveria acompanhar O Cavaleiro de Prata, que iria ao Japão acabar com os meninões. Com o retorno de Ikki e com as informações que Shiryu conseguiu na China e as de Seiya obtidas na Grécia, finalmente os moços descobriram que o inimigo vinha de cima.

    O poderoso cavaleiro que jamais sangrou ou sentiu dor, Misty de Lagarto, vai até o Japão com Marin para humilhar o Pégaso. A mestra tenta ludibriar seu companheiro, permitindo que Seiya viva, escondendo-o embaixo da areia da praia. O formidável guerreiro descobre o ardil, e depois demonstra todo o seu magnânimo poder em uma das batalhas mais bem urdidas até então. A saga finalmente começa a ficar séria com embates de verdade, retornando aos personagens antagonistas pensados por Kurumada, deixando de lado os tapa-buracos toscos. Talvez seja Misty, o mais poderoso dos cavaleiros de prata, apesar de toda a sua afetação e clara alusão a homossexualidade – talvez um modo eufemístico que o autor buscou para tentar fazer valer ainda durante os anos 80 um discurso de igualdade e aceitação dos diferentes gêneros sexuais, além da “orgulhosa” heterossexualidade. Fato é que outros personagens também teriam os mesmos trejeitos efeminados, quase todos poderosíssimos, quebrando a ideia de que seriam “estes” fracos. O narcisismo e a soberba fazem com que Lagarto fraqueje, mesmo diante de um adversário inferior. Por ter sido vencido, Misty aceita a própria morte, assumindo que sua entrega deveria ter  sido maior.

    A mentora de Pégaso sofre bastante ao ter seu estratagema evidenciado por dois outros cavaleiros de prata, Moses de Baleia e Asterion de Cães de Caça, que com seus poderes telepáticos, lê sua mente. Após a dupla machucar Marin, Asterion revela um dos motivos que poderia explicar a devoção da moça ao seu discípulo, já que ela teria ido ao Santuário atrás de seu irmão perdido, possivelmente o herói que dá nome a série. A amazona perdeu suas lembranças anteriores graças a máscara que usa, e ao saber de tudo isto, Seiya consegue enfim ter poder suficiente para vencer o cavaleiro de prata de Baleia, que não consegue revidar o ataque furioso do protagonista. Após isto, Asterion ataca Seiya, que está fraco e cansado, mas não consegue matá-lo graças a Marin, que se livra das correntes com a ajuda de Kiki (que se mostra útil, além do simples papel de amigo-íntimo), que também a põe em um invólucro de proteção mental, podendo assim vencer o telepata.

    Após o triplo combate, finalmente é contada a real origem de Saori, além do sacrifício de Aiolos, antigo cavaleiro de Sagitário que, por isso, entregava Mitsumasa a pequena Atena e a armadura de ouro. O descanso é curto, já que Babel, cavaleiro de prata de Centauro é enviado para acabar com os espécimes de bronze. Ele leva uma vantagem enorme, até a chegada dos “portentosos” fillers dos Cavaleiros de Aço, figuras que não têm qualquer relação com Atena e que são pensadas pelo velho Kido como possíveis reforços para a proteção de sua neta, pelo viés tecnológico, algo que vai completamente contra a ideia original da saga. Interessante é que a primeira atitude deles é somente olhar a batalha ao longe, para somente tentar deter Babel após os outros caírem. Depois de quase estragarem a luta, Hyoga os vence, para depois o cavaleiro de Centauro perceber que Saori era Atena, morrendo perdoado em seguida.

    Shina pede a Piton uma chance de finalmente enfrentar Seiya, e então recruta Algol, o cavaleiro de Perseu, que cruelmente transforma os desertores do Santuário em pedra. Junto a Spartan (exclusivo do desenho), um telecinético cavaleiro, atrai o avião de Pégaso, Andrômeda e Dragão para um local na Grécia, longe do destino inicial deles. A tripla batalha acontece, com Seiya vencendo Shina, para logo depois Algol transformar Pégaso e Andrômeda em pedra. Spartan tenta manipular Shiryu, mas é estúpido o suficiente para ser também feito de estátua. O sacrifício de Shiryu seria o primeiro de muitos momentos repetidos de todas as sagas, um dos clichês de CDZ, mais repetido na animação que no próprio mangá.

    Após finalmente vencer Algol e não conseguir recuperar a visão de Shiryu, o baixo astral toma conta dos cavaleiros, que se veem como culpados pelo acontecido. Ikki se retira, visando enganar os vilões, e o stress faz com que os que sobraram fiquem desatentos. Saori é raptada pelo nada belo Jamian de Corvo, e após salvar Kido, Seiya finalmente tem um momento de constrangimento registrado, onde ele flerta com a deusa que deveria ser virgem. A atitude é condizente com o público infanto-juvenil do seriado, o que não aplaca em nada o seu caráter irritante.

    Após Jamian cair, mais dois cavaleiros de prata se apresentam, Dante de Cerbero e Capella de Auriga (Cocheiro). Os cavaleiros ainda acordados lutam contra a dupla de prata, com pressa, para salvar Seiya. Ambos sucumbem, até que Ikki retorna, para mais uma vez salvar o dia e deixar a luta mais fácil para que Shun e os outros acabem com seus inimigos.

    O que deveria ser a parte mais enxuta e com combates mais francos de toda a saga do santuário é enfraquecida pelo excessivo número de fillers. Os últimos episódios guardam retornos de Ikki e Shiryu para seus lugares de origem, para enfrentar fracos oponentes, além da inclusão de um cavaleiro de prata sem constelação – Aracne de Tarântula – que basicamente só atrasa Seiya, que busca Mu em Jamiel, além da água milagrosa que curaria os olhos do Dragão. Sem armadura, Pégaso é atacado de modo covarde, e o combate é interrompido por Shô, Cavaleiro de Aço do Céu, o que faz da batalha algo ainda mais mequetrefe. Enquanto isso, a armadura de Sagitário simplesmente desaparece, parando no fundo do mar, deixando tanto Ares quanto todos na fundação Kido confusos.

    E enfim o mistério dos cavaleiros de Ouro é quebrado. Miro de Escorpião é chamado ante o Mestre do Santuário, que após uma conversa fica perplexo com a queda dos cavaleiros de prata. O prenúncio da última parte da saga estaria ali, além da revelação de que os cavaleiros de ouro eram como uma sociedade secreta, onde até os membros do clã não sabem quem faz parte da classe. Aiolia se revela como cavaleiro de Leão, e se responsabiliza por encontrar Seiya e os outros, mas Miro é designado a vigiá-lo, para que não rume para a traição como seu irmão. Após lutar com Seiya, Aiolia quase mata Shina, mas ao discutir com Pégaso ele decide poupar a vida da amazona, ainda achando que os cavaleiros de bronze eram traidores da causa. Finalmente Dios de Mosca, Sirius de Cão Maior e Algethi de Hércules atacam o debilitado protagonista da série, ao mesmo tempo que questionam a fidelidade do Leão.

    Em meio ao massacre, a armadura de ouro de Sagitário busca Seiya, e o protege do ataque de seus opositores, que com um único golpe, encerra o combate. A configuração da sagrada vestimenta é bem diferente da que foi mostrada em Guerra Galáctica, mas a explicação dada para isto, no mangá, simplesmente foi suprimida no desenho. Saori se revela ao irmão do pretenso traidor, revelando como Aiolos foi um homem bravo e como o “cavaleiro Ares” foi um traidor, até sugerindo sua real identidade. Aiolia assim se convence que ela é mesmo a reencarnação, mesmo negando para si, após Seiya reter o seu golpe da Cápsula do Poder. Pégaso consegue enxergar o poder na velocidade da luz, e logo após, Leão vê sobre seu adversário a imagem do fantasma de seu mentor injustiçado (figura abaixo).

    Aos poucos mais e mais guerreiros dourados atacam os rapazes, com Máscara da Morte de Câncer e sua justiça condicionada ao poder, sendo encarregado de se livrar do cavaleiro de Libra, o Mestre Ancião. Ainda cego, o Dragão teima em enfrentar Câncer, mas é impedido pelo misterioso Um, que enfim se revela como o cavaleiro de ouro de Áries, e proíbe o confronto.

    Hyoga, Shun e Seiya resolvem ir até o Santuário para ter um embate direto com Ares. O quadragésimo episódio serve para fechar o preâmbulo da luta das doze casas, rememorando a trajetória sangrenta que acometeu cada um dos moços, tendo em seu conteúdo até a súplica de Mino, que teme em não encontrar Seiya novamente.

    A última luta é bastante sofrível, envolvendo dois fillers que teriam trabalhado com Shun na Ilha de Andrômeda, ao mesmo tempo que se descobre que Albion, cavaleiro de prata de Cefeus e mestre de Shun pereceu diante do poder de Miro de Escorpião, o que mostra o poder que essa elite carrega. O preâmbulo finalmente se encerra, e os jovens vão até a Grécia, junto a Atena, para finalmente realizar um embate entre Saori e a entidade que tentou assassiná-la. A parte clássica do anime se aproxima!

    (Continua…)

    Confira a Primeira Parte do Review da Saga do Santuário, correspondente a Guerra Galática.

  • Review | Os Cavaleiros do Zodíaco: Saga do Santuário (Parte 1) – Guerra Galáctica

    Review | Os Cavaleiros do Zodíaco: Saga do Santuário (Parte 1) – Guerra Galáctica

    os-cavaleiros-do-zodiacoProjeto de luta entre adolescentes que são enviados, ainda crianças, aos lugares mais cruéis do mundo – esse é o ideal de Mitsumasa Kido, avô de Saori Kido, uma jovem filantropa, responsável por uma organização de cunho ambíguo, que seria ligada a justiça mesmo com esse triste esquema de exploração de menores, mas que esconderia um segredo ainda mais escuso.

    Seiya, o protagonista – e que dá nome ao seriado – chega finalmente da Grécia, munido de sua armadura de bronze, da constelação de Pégaso após duas lutas bastante sangrentas; aguardam-no no Japão, onde está ocorrendo a Guerra Galáctica, torneio que envolveria dez dos cem meninos enviados pelo avô de Saori ao redor do globo. O entrave poria à frente os cavaleiros de bronze. O herói, ao chegar a sua terra natal, não buscava lutar, mas sim encontrar Seyka, sua irmãzinha – tal prerrogativa seria esquecida, um pouco depois – que teria desaparecido há seis anos, quando ele partiu para a Grécia. O mistério percorreria todo o seriado na jornada proposta por Joseph Campbell.

    Cada um dos aventureiros é mostrado de modo demasiado heroico e didático, em lutas de proporção dantesca em meio a um ringue semelhante aos usados em espetáculos de boxe, onde os personagens se digladiam e praticamente esmigalham as armaduras de seu adversário – especialmente na luta entre Pégaso e Geki de Urso. Após a luta, é apresentado o ariano Hyoga de Cisne, um cavaleiro que tem no gelo a fonte de seu poder, e que finalmente chegava da Sibéria. Sua postura era tão ambígua que passava a impressão de ser um vilão, uma vez que foi só o nono cavaleiro a chegar, motivado pela vitória de Seiya e pela vontade incontrolável de vencê-lo, o que se faz discutir o protagonismo da historieta.

    Os outros cavaleiros apresentam características básicas, que diferenciam os protagonistas dos outros, mas cujos conceitos são completamente ignorados ao longo do seriado. Shiryu de Dragão tem o punho e o escudo mais forte dentre os cavaleiros de bronze, além de deixar à mostra o seu coração ao executar o Cólera do Dragão. Mas ambos os aspectos quase nunca mais são mencionados, assim como a supostamente intransponível defesa da Corrente de Andrômeda, que se mostra uma defesa praticamente perfeita, mas que se resume a praticamente nada após o término da Guerra Galática, assim como a moral e a autoestima de seu portador.

    Logo o motivo de Shun ter se tornado apenas um capacho é o retorno dos mortos de seu irmão mais velho, o portentoso – e mais carismático, além do mais forte dentro os “saints” de bronze – cavaleiro de Fênix. Ikki desperta no caçula um instinto de menininho chorão, fazendo-o tornar-se um inútil, ainda no Coliseu do Japão, para então produzir um show off de maldade, maltratando seu irmão e humilhando antes seus amigos e diante da multidão, bem diferente da atitude dele quando infante, super protegendo seu fraterno, indo até a Ilha da Rainha da Morte, um lugar terrível.

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    De volta ao Japão, Ikki resolve interromper o torneio e rouba a armadura de ouro de Sagitário, levando com que os outros quatro protagonistas o cacem, se deparando com os temíveis cavaleiros negros, seres maléficos que imitam os reais servidores de Atena.

    Ainda há espaço para alívios cômicos, com a visita de Saori ao cais, onde Seyia está alojado, produzindo um momento de vergonha alheia, em que os dois jovens se veem em um momento de forçada intimidade, que além de mostrar a vergonha típica da puberdade, também revela uma mudança de postura da moça, que, aos olhos do herói, deixou de ser uma simples garota mimada para transparecer uma real preocupação com ele e com seus amigos.

    Ikki é um vilão formidável, se mune  da intimidade que tem com os outros defensores da deusa da sabedoria para subjugá-los, humilhando cada um deles, usando seus capangas para enfraquecê-los para logo depois acabar com cada uma das poucas boas memórias que os infantes têm.

    Ao final, ao combater seus antigos amigos, Ikki demonstra que Shun quase não evoluiu, apesar de ter passado por maus bocados na Ilha de Andrômeda. O rapazinho de cabelo verde e aparência gay impede Cisne de destruir Fênix, que, após ludibriar seus adversários com o Espírito Diabólico, prova não ter mais algo a ser ferido em sua alma, graças ao que viveu na época de seu duro treinamento.

    A motivação de Fênix para buscar vingança é plausível e envolve a origem dele e dos outros cavaleiros de bronze, no entanto o estúdio Toei alterou a raiz do problema, possivelmente por achá-lo muito maduro para um produto infantil, fazendo de Ikki apenas um lacaio do Santuário, de seu falso mestre e, claro, de um dos caracteres unicamente criado para o anime, ignorando isso. O viés que o faz atravessar o globo atrás de seus inimigos é impelido por uma ordem tola, ao invés da ganância amalgamada com a revanche, o que faz o inimigo ser banalizado.

    Todo o arquétipo da amizade reforça o espírito de Seiya, que tem nas armaduras de Ouro, de Dragão, Cisne e Andrômeda o que falta para derrotar seu oponente, claro, descobrindo tudo ao lutar. As agruras que Ikki sofreu no lugar que chamava de inferno foram suavizadas, assim como quase todos os momentos de complexidade maior. Suas provações somente são aplacadas pelas atitudes de Esmeralda, uma menina que o futuro cavaleiro imortal vive confundindo com seu irmão Shun, numa das primeira referências à homoafetividade do anime. Aparentemente, algo mudou a postura de Guilty, o treinador, uma vez que sua filha Esmeralda dizia que ele era um homem bom, até retornar do Santuário. No entanto, seu poder de persuasão é enorme, uma vez que, após toda a tortura, ele convence o bravo e destemido rapaz a somente deixar o ódio dominar o coração através de um trauma enorme, que envolvia seu único alento naqueles seis anos de aflição.

    A partir dali, o personagem mudaria completamente. Um homem morreu e outro nasceu, e tal mudança perduraria em seu ethos a vida inteira, mesmo quando ele retorna à luta ao lado do seu irmão. A noção de moral e ética de Ikki é completamente diferente de Seiya e dos outros, semelhante ao de muitos cavaleiros de prata, movido um bocado pelo posicionamento exclusivista, mas ainda assim, honrado a seu modo.

    Ikki ainda tem tempo de se arrepender de sua “traição”, assumindo o amor por seu irmão. No entanto, o fato de literalmente ignorar o segredo de Kido, tudo para fomentar uma não necessária rivalidade entre um dos personagens criados exclusivamente para o anime, um filler, um artifício comum aos animes, quando sua periodicidade alcança a do mangá. O sacrifício do Fênix é banalizado, e alguns dos piores momentos do anime são o resultado.

    Este  primeiro arco revela pouco dos aventureiros, mas ajuda a fortificar a relação de amizade entre eles, apesar de ignorar a questão dos heróis terem laços sanguíneos. A devoção dos saints ainda não é posta à prova, apesar de muitos tabus terem sido quebrados, cujas referências acompanham os contos de Sófocles e mitos bíblicos, reforçando a ideia ecumênica que Masami Kurumada sempre pensou para suas criações.