A carioca Ana Cristina Melo entrega uma história singela nas 95 páginas de Caixa de Desejos, lançado pelo selo Tordesilhas Jovens Leitores e quarto livro da carreira da escritora. Marília é uma adolescente de 11 anos que tem uma amizade muito especial com sua avó Laurinda. É a partir da iminente morte da avó que sua vida começa a mudar: as pressões na escola parecem maiores, os parentes que habitam sua casa tornam-se cada vez mais inconvenientes, e ainda por cima Marília tem de se adaptar à presença de sua meia-irmã, que chega para dividir o quarto com ela.
Na trama, a fantasia aparece como um tempero bem dosado, sem extravagância e sem retirar o protagonismo dos dramas familiares e das aventuras rotineiras do crescer. Algo que torna a leitura agradável tanto para o público-alvo do romance como também para aqueles que já passaram da adolescência, evocando nos leitores a nostalgia da infância.
Apesar de nenhum dos dramas da personagem ser de difícil identificação, e do texto composto em primeira pessoa aproximar o leitor, há uma sensação de suavidade que faz com que os fatos sejam explorados de maneira quase indolor. Enquanto o leitor ainda prepara-se para as emoções do luto, Marília já viveu um primeiro amor e resolveu os conflitos com a meia-irmã e a mãe, tudo com uma rapidez maior do que se poderia supor. Não querendo carregar nas tintas dramáticas, a autora escolheu um caminho ameno que outras histórias para jovens não tiveram receio em demonstrar.
Ainda assim, a trama é suficientemente boa para deixar os leitores ansiosos pelo próximo livro, que revisita o cenário de Marília: De Volta à Caixa de Desejos, também publicado pelo selo.
Nascida no Rio de Janeiro, a autora começou a escrever livros infanto-juvenis em 2010 e desde então já publicou Amizade Desenhada (Escrita Fina, 2012), O Banho de Nina (Escrita Fina, 2011) e Uma Turma Para Dora (Vermelho Marinho, 2011). Edita o jornal virtual Sobrecapa Literal.
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Mariana Guarilha é devota de George R. R. Martin, assiste a séries e filmes de maneira ininterrupta e vive entre o subconsciente e o real.
Mari, eu gostei bastante da sua resenha, deu até vontade de ler, sentir um pouco de nostalgia dessa época tão boa. Parabéns pela estréia aqui e sucesso!