Pokémon é um jogo bem ousado para a época. Ter 150 monstrinhos disponíveis para utilizar em seu grupo dá um leque absurdo de possibilidades. Na verdade, não estão disponíveis assim, de mão beijada. Você terá que procurar e capturá-los. Como se fosse colecionar figurinhas, bonequinhos. São monstros de bolso. Pocket Monsters. Pokémon.
Originalmente, as primeiras versões foram a Red e Green. Quando publicado fora do Japão, a versão Green foi substituída pela Blue. Seu personagem é um jovem garoto que parte numa jornada para ser um treinador Pokémon e ajudar o Professor Oak no estudo sobre os monstrinhos. O mundo é gigante, composto de várias cidades. Seu objetivo é vencer os oito líderes de ginásio, receber uma insígnia de cada um e, com isso, ter credenciamento para participar da Liga Pokémon, o maior torneio que existe. Durante a jornada, você encontrará várias pessoas com problemas e acabará ajudando-as. A infame Equipe Rocket, uma organização criminosa, também cruzará seu caminho. O plot é simples e bem cativante, focado na aventura, tanto que o desenho animado seguiu a mesma linha.
O estilo de batalha segue o padrão dos JRPG: um ataque por turno e encontros aleatórios. Porém, temos alguns diferenciais. As batalhas aleatórias só ocorrem em áreas de grama alta e dentro de cavernas. No caminho haverá diversos treinadores que, ao te ver, te chamarão para uma disputa.
O foco do jogo são as batalhas. Cada Pokémon tem, no máximo, quatro técnicas, o que exige certa cautela na escolha. O monstrinho ganhará novas habilidades ao subir de nível, e cabe ao jogador escolher qual delas será mantida na seleta lista. A escolha é permanente, não há opções de remanejar os golpes, exceto pelo uso de itens adquiridos durante a jornada.
As batalhas são de um contra um, devendo utilizar a estratégia relacionada ao tipo de cada monstro (água, fogo, grama, terra, elétrico, como se fosse a espécie dele). Determinados tipos de ataque são mais ou menos efetivos contra eles: por exemplo, água é forte contra fogo, elétrico e grama são efetivos contra água, ataques normais são fracos contra pedra. Este é o principal fator que determinará o campeão da batalha. O nível do Pokémon é importante, porém o tipo é muito mais decisivo. Há diversas técnicas de suporte que permitem aumentar a defesa, ataque, agilidade, envenenar, paralisar, ampliando ainda mais a gama de estratégia.
Tal como a maioria dos JRPG, a maior parte de sua jogatina será nos combates. Interessante que o jogo disfarça muito bem o grinding (a necessidade de subir de nível para conseguir prosseguir na história). No percurso, você enfrenta inúmeros treinadores, e a experiência adquirida nessas batalhas é suficiente para seguir a jornada sem a necessidade de parar para subir de nível. Uma boa dica é utilizar de três a quatro Pokémon e mais no final do jogo capturar monstros com nível avançado. Isso evita bastante o grinding. Escolha tipos diversificados para aumentar as possibilidades. Alguns Pokémon poderão aprender ataques que são de outro tipo (um monstro de água aprender ataque de terra, por exemplo), aumentando bastante a efetividade nas batalhas. Quando mais tipos de ataque, o Pokémon terá vantagem contra maior número de tipos.
Não espere gráficos maravilhosos, afinal trata-se de um jogo de 1996 do saudoso Game Boy. O visual é simples, alguns Pokémon tem o design estranho se comparado à série de TV, mas não incomoda. A trilha sonora é um ponto fortíssimo, mesmo com a limitação sonora do console portátil. As músicas são muito legais e marcantes, e reaparecem na série de TV.
O sucesso da série animada trouxe a versão Yellow do jogo, com pontos mais fiéis ao desenho animado, e gráfico de batalha e cores melhorados. O carismático Pikachu andará atrás de você, sendo possível “conversar” com ele e ver o humor do monstrinho elétrico. O fato de o Pikachu ser o Pokémon inicial torna o jogo bem difícil no começo. O primeiro ginásio é o de pedra, sendo que ataques elétricos não causam dano algum a esse tipo de oponente. Nada que uma Butterfree não resolva. E cá pra nós, o Pikachu é um Pokémon bem fraco no jogo, ainda mais que não podemos evoluí-lo.
Claro, não podemos esquecer de falar na evolução. A maioria dos Pokémon evoluem para formas maiores e mais fortes com a subida de nível. Outros evoluem com a utilização de pedras especiais (Pikachu é um deles). Outros evoluem apenas se forem trocados via cabo link. Sim, este acessório, além de permitir que os jogadores se enfrentem, cada um no seu Game Boy, também permite trocar monstrinhos. Esta é a principal justificativa de existirem, pelo menos, duas versões iniciais do jogo, pois alguns Pokémon são exclusivos de cada versão, o que se manteve nos jogos futuros. De resto, o jogo é praticamente o mesmo.
Estes primeiros jogos da franquia continuam muito legais, apesar de algumas ressalvas técnicas e de level design em algumas partes. É um jogo ideal para um console portátil, não há cutscenes extensas ou trechos que exigem longos minutos para serem vencidos (exceto algumas batalhas mais importantes). O progresso pode ser salvo a qualquer momento, desde que não esteja em batalha. Talvez seja o fator nostalgia, mas este jogo possui uma aura diferente, algo que dá vontade de jogar. Aqui nasceu a fórmula que foi reciclada à exaustão durante toda a franquia. No dia 27 de fevereiro os jogos comemoraram 20 anos de idade e foram relançados para 2DS e 3DS.
Que nostalgia, Almighty.
Como joguei isso no meu Gameboy “tijolão”, e pouco depois no Color, passando um pouco pelas versões Gold/Silver e Crystal. Acabei abandonando os jogos posteriores por não comprar os portáteis que vieram depois, apesar de ainda dar um confere através de emuladores do GBA. Depois, nunca mais.
Esse jogo não foi relançado para DS, apenas o 3DS e 2DS.