O filme Secretariat foi um grande sucesso, e Bojack retorna aos holofotes. Convites para novos filmes e séries aparecem, a mídia volta a falar dele… mas o cavalo continua vazio. O que Bojack procura?
A terceira temporada mostra uma aparente transição na vida do cavalo. Na primeira, vimos um ator tentando vencer a enorme montanha do ostracismo – e conseguiu. Na segunda, Bojack estava em dúvidas sobre o que queria fazer de sua vida, e de certa forma conseguiu entrar nos trilhos para isso. Notem que não há certeza de nada. Bojack é o tipo de pessoa que se perde em si mesmo, tem personalidade autodestrutiva e acaba voltando pro buraco. E, cada vez mais, o personagem vai sendo dilacerado, dando um tom extremamente melancólico à série.
Não houve mudanças no formato narrativo, o tipo de humor continua, temas pesados aparecendo e as toneladas de referências em segundo plano estão mais fortes do que nunca. Aliás, nesta temporada houve um pequeno excesso dessas referências, nada que comprometa a qualidade, mas que poderá saturar em alguns poucos momentos. Talvez a quantidade de referências nem tenha aumentado, o problema é que já vimos isso em outras duas temporadas. De qualquer forma, na grande maioria dos casos, tais referências são bem utilizadas, às vezes surpreendem pelo cuidado que tiveram em colocar elementos que passarão batidos pela maioria dos espectadores (seja pela referência sutil ou simplesmente por estarem no fundo do cenário em local pouco visível).
Talvez esta temporada seja a mais ácida e pesada de todas. Temas como o aborto são tratados no limite do sarcasmo, e de forma até corajosa, soando agressiva quase no limite do mau gosto. É algo a ser aplaudido, a série consegue fazer isso muito bem. O ritmo se mantém em todos os episódios, diferente da temporada passada, que na primeira metade foi um pouco travada.
Um episódio em especial chama a atenção por ser 99% sem falas. As situações psicodélicas e bem intimistas, além de surpreenderem pela qualidade narrativa com excelente utilização dos cenários e linguagem corporal, acabam tirando sarro de si mesmas ao final, dando uma quebra interessantíssima. Foi o episódio mais criativo de toda a série até o momento.
O elenco principal de vozes continua o mesmo: Will Arnett, Amy Sedaris, Alison Brie, Paul F. Thompkins e Aaron Paul. Vale elogiar novamente a dublagem brasileira, que manteve quase todas as vozes das temporadas anteriores e trouxe uma qualidade grande nas atuações e adaptações de termos e piadas, mais uma vez não poupando palavrões e termos chulos.
Bojack Horseman está conseguindo manter a boa qualidade ao longo das temporadas. O cavalo tem comportamentos imprevisíveis que causa muita curiosidade: aonde ele vai parar agindo assim? O final deixou espaço para uma nova temporada, e, pelo andar da carruagem, ainda tem muito material para desenvolver o personagem. Parabéns à Netflix por manter a qualidade.
https://www.youtube.com/watch?v=VESKjoxAmZg
Perfeito !