Nimona, quadrinho com roteiro e arte de Noelle Stenvenson, é o gibi com o qual as pessoas facilmente se identificam e gostam. Não sei como explicar, algo lhe chama a atenção e você já começa a gostar antes mesmo de ler. Como dito em podcasts por aqui: fácil de ver (ler), fácil de gostar e fácil de esquecer. Com a diferença que você não vai se esquecer com facilidade desta obra.
O enredo consiste na chegada de Nimona, uma metamorfa com poderes absurdos, que quer se unir ao vilão daquele mundo, Ballister Coração Negro, no combate ao herói, Ouropelvis (isso mesmo) e a instituição que ele representa. O gibi como um todo surpreende, pois aparentemente se trata de uma história cômica, e realmente o humor é uma de suas principais características, mas vai muito além disso.
Neste sentido o mais interessante é a quantidade de vezes que a autora nos mostra um aparente clichê e o desenvolve até desconstruí-lo. O primeiro é a própria ambientação, um cenário de fantasia medieval com cavaleiros e uma personagem que pode se transformar em animais mitológicos. Porém, o ambiente de fantasia medieval é repleto de ciência e alta tecnologia. Então, nos deparamos com castelos medievais com capacidade de comunicação parecido com skype ou mesmo com laboratórios de cientistas malucos no subsolo, um dos protagonistas possui um braço mecânico.
Os personagens também compõe bem a ideia de clichê, que não são na verdade. O vilão, sempre de cabelo preto e com planos diabólicos, o herói louro e bonitão que sempre aparece em horas de necessidade e a própria Nimona, no papel da adolescente incompreendida e rebelde. Mas tudo se trata apenas de fachada, todos os personagens são muito mais do que apenas esses estereótipos, são mais profundos e tornam a história mais complexa e interessante.
Aliás, a própria história de herói e vilão é bastante questionada, sempre se pensa em pessoas como vilões, talvez o gibi nos mostre que organizações e complexos podem ser mais perigosos. Claro que essas organizações são criadas e geridas por pessoas, mas muitas das vezes a estrutura se impõe sobre a pessoa. Enfim, nos faz pensar em situações bem mais profundas do que a capa do gibi nos faz pensar.
E, não podemos nos esquecer da grande protagonista, Nimona. Uma personagem interessante e carismática desde as suas características assassinas até o seu complicado psicológico, que vai muito além da tradicional rebeldia adolescente. A arte cartunesca cai como uma luva para o gibi e sua proposta. Novamente o clichê, com esse estilo de desenho se espera algo somente leve e engraçado, e nos é apresentado algo bem maior e melhor.
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Texto de autoria de Douglas Biagio Puglia.
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Quadrinho bem legal. Só não curti muito o final, queria algo mais clichê kkk.