Há certo tempo, os quadrinhos da DC Comics – bem como da Marvel – se desenvolvem em histórias seriadas, normalmente, dividas em sagas com desdobramentos e sub-tramas. Após a saga A Queda do Morcego, responsável pela literal destruição do Cavaleiro das Trevas, o arco A Cruzada marcou a fase de um novo Batman, Jean Paul Valley, um personagem mais violento e agressivo que o morcego original. Tanto essa saga quanto A Morte do Superman foram lançadas na mesma época, demonstrando a intenção do estúdio em movimentar o mercado editorial com severas modificações em seus principais heróis.
Lançado na era do formatinho na revista Super Powers 36, A Morte do Batman – O Filme introduz o Coringa em conflito com esse novo Homem-Morcego. Mesmo situado dentro do segundo ato da Queda, a trama funciona mais como um respiro dentro da longa saga, trazendo em cena uma das personificações desse vilão definitivo. A ação se centraliza no desejo de Coringa em assassinar Batman, produzindo in loco um filme sobre o feito.
A faceta do vilão é apoiada mais em sua composição galhofeira e nonsense. Sem intenção de conectar essa história ao arco central, o roteirista Chuck Dixon opta por uma trama apoiada em referências cinematográficas e em um Coringa menos ensandecido, mais cômico do que violento. O humor ridículo do vilão se alia a um estilo mais hippie nos desenhos de Graham Nolan, demonstrando como a década de 90 também se marcou pela errônea tentativa de revitalizar personagens modificando-o pequenos detalhes de seus traços, fato que, posteriormente, só destacou a estranheza que essa época foi para os quadrinhos.
Se a dinâmica entre Batman e Coringa sempre funcionou como um certo respeito entre arqui-inimigo, essa trama demonstra que a tônica não se estrutura da mesma forma com Jean Paul Valley. Demonstrando-se um morcego mais violento e menos racional, o novo Batman deseja mata-lo de uma vez por todas e, claro, é impedido pela polícia de Gotham. O leitor sabe que a intenção é somente um conflito superficial, que proporciona as diferenças de um herói a outro e serve, apenas, para preservar o vilão para outro embate.
Mesmo sendo funcional como história fechada, ainda mais devido a presença do vilão definitivo do personagem, A Morte do Batman – O Filme não se destaca como uma história significativa. Talvez na época de seu lançamento, funcionasse para desenvolver melhor o novo morcego. Vista com distanciamento, como não interfere na saga em si, se pauta somente como uma leitura divertida pela veia mais cômica do vilão e com as diversas referências ao universo cinematográfico.
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