Chegando no meio da “onda” de filmes com protagonistas adolescentes em futuros distópicos como Jogos Vorazes, a série Divergente e Maze Runner, A 5ª Onda estreou nos cinemas deixando a desejar.
Após uma invasão alienígena, os poucos humanos que sobreviveram a quatro ondas distintas de ataques de extra-terrestres, que se revelam hospedeiros, passam a revidar os invasores a partir da quinta onda.
O que pode pensar em se salvar no roteiro de Susannah Grant, Akiva Golsman e Jeff Pinkner, baseado no livro de mesmo nome de Rick Yansey é o gênero de invasão alienígena capitaneado por adolescentes. Os jovens foram escolhidos para liderar a humanidade no ataque, a partir daí podemos discutir o envelhecimento cada vez mais rápido da nossa sociedade. Sempre que se ambienta a trama no futuro apocalíptico abre possibilidades diversas para discussões da sociedade atual, o que deixa de acontecer na narrativa, e o roteiro perde muito em qualidade.
Apesar de clichê, a estrutura narrativa escolhida acabou sendo sólida. No entanto apresenta tantos problemas nos detalhes, deixando forçada a maioria das cenas importantes, que fazem a trama andar quando deveriam soar orgânicas e imperceptíveis. Quando Cassie está em recuperação, a cena que deveria ser uma das mais importantes é mal trabalhada, além de quase tudo o que acontece no exército. O que dizer então da cena em que Evan se revela para Cassie?
Com exceção da protagonista, e ainda assim com ressalvas, o restante dos personagens são fracos e desinteressantes. O roteiro é tão visível que o espectador consegue enxergar sem dificuldade que o que eles fazem parte de uma engrenagem maior e só estão ali para servir à estrutura narrativa e nada mais.
A direção de J. Blakeson compromete um roteiro que já era fraco, deixando o filme ainda mais ruim. A falta de tato com o elenco, além das cenas de ação mal executadas, deixa a direção cambaleante.
A atuação está no controle automático. Nem os bons Chloë Grace Moretz e Liev Schreiber conseguiram deixar a preguiça de lado e apresentar o mínimo que se exige. O restante do elenco, fraco e inexpressivo, nem parece disposto a trabalhar.
A fotografia de Enrique Chediak e a edição de Paul Rubell são os únicos departamentos técnicos que não erram no filme, junto à direção de arte, figurino e composição de locação e cenários de Julian Ashby, Frank Galline e Sharen Davis, respectivamente.
A 5ª Onda só vale a pena se o tema futuro apocalíptico ou distópico for de seu interesse.
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Texto de autoria de Pablo Grilo.