Adaptação bastante livre da obra shakesperiana MacBeth, o novo filme de Vinícius Coimbra realiza um roteiro que mistura poesia e uma esquematização bastante normativa, obviamente sem sucesso em apelar para ambos os aspectos. O texto tenta dar alguma sobriedade aos personagens, quase todos pessimamente executados, mesmo pelos atores mais gabaritados, a exemplo de Nelson Xavier e Angelo Antônio.
A trama se passa nos anos atuais, na escalada pela presidência de um banco. Elias, vivido por Gabriel Braga Nunes, acaba de ser promovido a vice-presidência de seu ofício. Sua timidez e fraqueza de pensamento dão vazão a nefasta influência de sua esposa, Clara, com Ana Paula Arósio retornando após um longo período sem “exercer” sua imagem.
A dramaturgia do filme é nula; as falas forçadas são semelhantes às piores telenovelas, com substância equivalente as microtramas do seriado Sandy e Júnior. A quantidade de absurdos mostrados no combalido texto é uma ótima alegoria aos problemas da feitoria do longa. A trama de assassinato, típica da peça teatral, é conduzida do modo mais atrapalhado e repleto de incongruências possíveis, factoide que se faz perguntar se o script sofreu qualquer tratamento antes de começar a ser rodado nas locações estrangeiras.
Mesmo os momentos onde a luxúria e o sexo devem prevalecer, não há qualquer apelo à sensualidade, mesmo com as belas feições de Arósio e Braga Nunes. Nada em absoluto funciona, aproximando disso apenas os momentos de investigação policial, digno de nota por ser ruim, e não péssimo, como todos os outros momentos do filme.
As motivações de Elias são completamente erradas, não pela ganância, mas sim pela automática mudança de postura em relação a cometer crimes. Não há a mínima construção desse declínio espiritual, moral e de caráter, ao contrário, tudo é conduzido do modo mais fraco e risível possível. As cenas de encontros de fantasmas são dignas de gargalhadas, além de reunir em si uma porção enorme de erros de continuidade e de concepção, inclusive em relação às causas da morte.
A Floresta Que Se Move tenciona uma proposta de difícil execução, e que não consegue se valer sequer da experiência de seu diretor, que já havia realizado o interessante – e de proposta completamente diferenciada – A Hora e a Vez de Augusto Matraga, além de ter realizado episódios na mini-série JK, que nem em seus piores momentos (e não foram poucos, no seriado) conseguiam exprimir tanto vazio quanto nesta obra que se baseia em um texto tão laureado, exibindo uma origem para a loucura bastante porca e tratando seu público como seres imbecilizados.