A série Destino Futebol, da ESPN Originals analisa figuras da bola, e o episódio em questão é o naufrágio do Rangers Football Club, o time mais tradicional da Escócia. O documentário, de 30 minutos de duração, se inicia mostrando torcedores, famosos e anônimos, louvando a tradição do time, declarando sua paixão e fanatismo, valorizando a enormidade do clube dentro do seu próprio país. O clube ganhou 54 taças da Scottish League Championships contra 44 do maior rival, Celtic F. C., mas sofreu uma derrocada enorme nos últimos anos.
Em 2012, descobriu-se uma dívida de 134 milhões de libras, sendo 93 milhões somente de impostos. Os credores exigiam que sanassem os débitos, e tudo, estádio, jogadores, patrimônios do clube, estava à venda. Em pouquíssimo tempo, 28 jogadores foram vendidos de uma só vez. Craig Whyte, antigo cartola, era apontado como o responsável pelo não pagamento dos impostos. Em 2012, o clube enfim falira e todos os envolvidos com a história do time são mostrados desolados; de funcionário a ídolos, os apaixonados pela camisa azul e branca mergulharam num estado depressivo enorme.
O futuro era nebuloso, e, por pouco, as portas do clube não fecharam, graças a Charles Green. O ex-jogador e empresário foi contatado por antigos membros do clube e, motivado por estes, comprou as ações do time, que estava em baixa, encabeçou um novo projeto, que tinha o intuito de reerguer o clube do zero, com nova administração de negócio, novo nome e postura desportiva completamente diferente. O Rangers foi excluído da Liga Escocesa e deveria solicitar autorização para se inscrever de novo na federação, o que simplesmente não ocorreu, sequer era permitida a contratação de novos jogadores.
Houve uma votação com os sócios do time e 78% decidiram por uma decisão pouco ortodoxa: jogar a 4ª divisão da Liga, a fim de limpar o nome do clube endividado e para que não o acusassem de qualquer pecado moral. O novo time para a Division 3 foi montado a 3 dias do início do campeonato. Com todas as dificuldades, com jogo mais “físico” se comparado ao das divisões anteriores, o Rangers vai se reerguendo, com um esquete mais modesto, mas muito mais identificado com o clube.
A Scottish League Championships ficou sem o clássico de Glasgow. Até mesmo a torcida do Celtic lamentava, com o tempo, o fim da rivalidade no campeonato, apesar do discurso inicial de alguns alviverdes escoceses. O destaque do documentarista é a fidelidade do torcedor, que, mesmo após a descida ao inferno, permaneceu fiel, acompanhando o clube na dura subida ao campo, sem atalhos. Quando há jogos no Ibrox Stadium, o torcedor retorna seu orgulho. A 4ª divisão se disfarça de primeira, a média de torcida representa o orgulho dos adeptos às cores, com uma média de 49.000 pagantes, superior a do Celtic. “A Razão do clube existir são as pessoas, por isso o clube nunca morre” – o narrador, João Castello Branco, afirma que o reerguer é complicado e o mais difícil é o 1° passo, mas o Rangers finalmente está no caminho certo.
A retomada é levada por pessoas identificadas com o clube, mas que não abrem mão do profissionalismo em suas gestões. O treinador do time é Ally McCoist, maior artilheiro da história do Rangers; dentro de campo, o comando é do capitão Lee Mcculoch, que já defendeu as cores da seleção 18 vezes. Os relatos de alguns torcedores também são muitíssimo emocionantes, seja da responsável pelo museu do Rangers, ou de Alex Hamilton que, ao ter sua perna amputada, só se preocupava em quantos jogos do time perderia.
O relato é interessante, principalmente devido aos acontecimentos recentes no Brasil, e reacende a discussão sobre a moral dentro e fora dos gramados, relativa à disputa desportiva justa e, claro, é um exemplo de como uma torcida não abandona o seu time e luta bravamente para reconquistar seu destaque de forma limpa e justa.
O Rangers venceu a Division 3 e atualmente lidera a Scottish League One (equivalente à série C). Seu elenco conta com o artilheiro irlandês Jon Daly e o zagueiro brasileiro Edmilson Cribari, (com boas passagens por Empoli, Lazio, além de ter jogado no Cruzeiro de Belo Horizonte), e prossegue em ascensão no intuito de limpar o próprio nome, com uma torcida apaixonada e sem medo de perder sua grandiosidade ao disputar as divisões inferiores.
O documentário ainda está na programação do ESPN (veja horários) e ainda conta com um artigo e video do jornalista Mauro Cezar Pereira destacando o filme.
Bora assistir este documentário !!
E como dizem é a cultural da sociedade do país que faz a sua lei, se tivéssemos uma cultural voltada a cumprir os compromisso nada disso teria acontecido, MALDITO JEITINHO BRASILEIRO.
OBS : Não tenho nada a contra os times envolvidos, pois basta levantar um histórico simples, quase se não todos os times do Brasil está ligado há algumas coisas imorais