Crítica | Sergio

Sergio é a adaptação da biografia do diplomata brasileiro Sergio Vieira de Melo, o alto comissionário dos Direitos Humanos da ONU, que foi brutalmente assassinado em um ataque terrorista na década passada. O drama de Greg Barker começa em Bagdá, no ano de 2003, num cenário de terra arrasada, onde predomina o cinza, fumaça e poeira, onde Carolina (Ana de Armas) está tentando se salvar além de tentar tirar seu amado dos escombros.

O filme volta três meses no tempo, mostra um mundo a beira do colapso, com a invasão dos Estados Unidos ao Estado do Iraque, incluindo menções visuais ao real George W. Bush e a queda da estátua de Saddam Hussein.

O filme se dedica a mostrar um Vieira de Mello já maduro, como funcionário da Organização das Nações Unidas, um homem idealista, resoluto e apaixonado pelo que faz. Esse tipo de cinebiografia, que resgata um retrato da vida dos homens é mais fácil de consumir e de construir  em torno de si uma trama coesa, e Barker sabe bem da onde partir, já que em 2009, ele lançou o documentário Sérgio, um brasileiro no mundo.

A forma como a historia transcorre é não linear, mostra o dia a dia do protagonista em diferentes lugares do mundo, e em meio a elas, há também as conseqüências da bomba que estourou perto de si, emulando a condição muitas vezes associada a quem quase passou por perigo de morte, usando a crença popular de que a vida passa pelos seus olhos momentos antes de partir. Razão e sentimento andam juntos nessa inteligente abordagem do causo de Mello.

Barker conduz de maneira bem bonita a historia de seu amigo, e Wagner Moura também consegue apresentar facetas bem diferenciadas e até contraditórias de um homem manso e importante para a função da diplomacia mundial. Há muita nobreza em Sergio, nos aspectos  já citados e na atuação de Ana de Armas, que supera inclusive as suas belas feições, resultando numa entrega muito apaixonada a um personagem de carne e osso. O filme acaba por soar como uma ode a vida, que pode ser abreviada pela força das circunstancias, além de refletir bem sobre injustiças, política internacional, a guerra fútil em torno de petróleo e outras mercadorias e sobre a entrega idealista a uma causa, Sergio Vieira de Mello inclusive aparece próximo dos créditos finais, combinando demais com sua versão cinematográfica, findando de maneira lírica esta adaptação de seus últimos dias.

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