A produção da Disney, Zootopia, recebeu o Oscar de melhor animação do ano, fazendo dessa a nona vez seguida que uma produção Disney recebe o prêmio. Existe algum tipo de conspiração que permeia o estúdio Disney para sempre receber o prêmio? Bem provável que não, pelo menos não na nossa opinião, mas não deixa de ser repetitivo e muito longe do surpreendente.
A culpada é provavelmente a boa e velha ignorância. Entregar o prêmio a companhia com a maior marca na indústria não é uma escolha nada inesperada dos votantes que não tem nenhum conhecimento de produção de animação e na maior parte das vezes, nem se importam como aquilo é feito.
Em algumas dessas conversar o THR claramente deixou a entender que alguns dos votantes parecem sugerir que deixam a escolha dos seus votos a cargo de suas crianças permitindo que elas assistam os indicados a animação e comentem quais mais gostaram. A reportagem deixa bem claro que muitas das situações são mais claras que poderíamos imaginar.
Os membros da academia que não diretamente ligados com animação nessas entrevistas se mostraram abertamente hostis quando o assunto foi colocado em questão e mesmo quando eles tentavam abrir uma discussão sobre os filmes, o assunto virava para termos e relações pessoais, sem seque abordar os méritos artísticos de cada filme.
Se os vencedores de melhor animação no Oscar não tinham perdido o prestígio aos olhos do público, eu posso atestar que muitos da comunidade internacional de animação não veem mais legitimidade nenhuma na premiação nem ao nível de excelência que os próprios indicados acreditavam que o prêmio tinha, recompensando a mesma corporação com um prêmio por quase uma década é sinal de que não se tem muito o que esperar já faz anos dessa categoria.
De fato através do atlântico, muitas grandes produtoras de animação já estão esboçando uma alternativa, o European Animation Emile Awards.
Enquanto alguns países europeus tem prêmios de animação como o BAFTA na Inglaterra, o César na França e o Goya na Espanha, o Emile Awards tem o potencial de criar uma premiação de valor muito abrangente por permitir inscrições de todos os países, e claro, a maior intenção da premiação é julgar os indicados por pessoas que entendem de verdade sobre os filmes que elas estão votando.
A academia pode ser um grupo de profissionais da indústria mas eles tem que se mostrar profissionais quando o assunto é julgar uma animação. Sua atitude omissa e de desdém, e o erro com o vencedor de melhor filme trouxeram a tona uma crise de confiança na habilidades de organização dos juízes da premiação.
Segue abaixo alguns trechos de entrevistas om os membros da academia citados previamente em matéria do The Hollywood Reporter:
Quando perguntado sobre animações:
Eu não assisto animação.
Voto: [Não votou]
Em curtas de animação:
Eu vi todos, mas não lembro mais de nenhum, então não votei.
Voto: [Não Votou]
– Membro da seção de melhor ator:
Eu assisto algumas vezes mas não nesse ano. O filme do Mogli não está concorrendo? [O Votante é informado que Mogli está em efeitos especiais] Bom, mesmo assim o filme é muito bom!
Voto: [Não votou]
Em curtas de animação:
Eu simplesmente não tenho tempo de ver. Eu tento ver quantos filmes eu posso.
Voto: [Não votou]
– Membro anônimo da parte executiva dos votantes:
Sobre longas de animação:
Eu vi Kubo, mas não me lembro dele. Eu amei a música em Moana. Tartaruga Vermelha é um filme bem forte, e amei tudo sobre Minha Vida de Abobrinha, fazer um filme sobre aquilo é maravilhoso. Mas eu votei em Zootopia porque ele tinha algo importante á dizer sobre o mundo. Basicamente você tem que ser legal com seu próximo.
Voto: Zootopia
Em curtas de animação:
O único que me marcou foi Piper (Pixar), que eu amei. Histórias de família sempre me marcam.
Voto: Piper
– Outro membro anônimo da produção executiva.
Sobre os longas de animação:
Não sou nenhum fã de animação ou de animadores. Eu conheci uma garota uma vez que só fazia sexo com animadores – ela trabalha na Disney. Meu favorito foi Moana. Eu realmente gostei de Kubo, Zootopia e Minha vida de Abobrinha. Mas eu amei mesmo foi a Tartaruga Vermelha, é tão simples e fala sobre a vida e parece uma pintura em aquarela. E eu tenho um fetiche por tartarugas, eu até escrevi um projeto sobre elas.
Voto: Tartaruga Vermelha
Sobre os curtas de animação:
Eu não gostei de Borrowed Time, não tem nenhum ponto final e o tema de faroeste não me pegou. Eu não gostei de Blind Vashya, eu não consegui entender. Pearl foi muito bonito e eu gostei, é aquele tipo de mensagem que você passa pros seus filhos. Estou entre Pear Cider e Piper. Fiquei muitos anos sóbrio de drogas por escolha própria, então assistir Pear Cider me tocou profundamente, mas é longo demais, e a qualidade de animação é muito inconsistente, é difícil de votar nele.
Mas colocando tudo isso de lado, e eu estou realmente mal por escolher esse, eu vou realmente votar em Piper. Eu tenho que ignorar que é da Pixar porque é como uma anti-viagra; Você vê o nome Pixar e sabe que vai ser a mesma coisa, ou seja, algo incrível. Mas aquele passarinho? Eu poderia passar uma hora olhando aquela po**a de passarinho. Eu realmente amei a energia do filme.
Voto: Piper
– Anônimo da parte de relações públicas:
Sobre os longas de animação:
Não vi nenhum, não estou interessado em animações, pra ser honesto.
Voto: [Não votou]
Sobre os Curtas de animação:
Esse ano meu interesse no Oscar não foi tão forte quanto no passado pela situação política do momento. Me senti desencorajado em relação a coisas muito mais importantes, e sinceramente eu não quero perder o meu tempo fazendo isso.
Voto: [Não votou]
– Anônimo do departamento de atores:
Sobre os longas de animação:
Eu vi todos e gostei muito de A Tartaruga Vermelha, que é o mais profundo dos indicados.
Voto: Tartaruga Vermelha
Sobre Curtas de animação:
Os dois que mais gostei foram Piper, que é adorável, e o do maluco doido que vai pra china (Pear Cider And Cigarettes) que foi no qual eu votei por ser diferente e intrigante.
Voto: Pear Cider and Cigarettes
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Se é assim na parte de animação, imagine nas demais categorias.
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Texto de autoria de Halan Everson.
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