Graciliano Ramos nasceu em Alagoas (1892) e viajou durante a juventude por várias cidades nordestinas, o que influenciou e se tornou a base para seus romances, assim como sua visão política, voltada para a esquerda da época, tanto que ingressou, em 1945, no PCB – Partido Comunista Brasileiro. Essas características (que dão forma para o período literário brasileiro logo após a primeira grande guerra e o final da segunda) onde se observa romances voltados à vida social brasileira, a realidade do povo, ao mesmo tempo em que se tece uma crítica à essa realidade, à essa estrutura. E Vidas Secas é um exemplo clássico desse período.
O romance assume então características, somadas aquelas citadas, filhas de seu tempo, de crítica social, sendo o livro um exemplo do Realismo, também característico da época. A influência marxista transparece na obra, sendo o governo injusto (prefeitura, militares, burocracia, dono da fazenda) com um dos protagonistas, Fabiano, em diversas oportunidades, ao mesmo tempo em que se pune pela sua ignorância.
A família vive como animais, fala pouco e com discurso limitado, muitas vezes sem saber ao certo como manter um diálogo, soltando frases, umas por cima das outras, sem se preocupar se o interlocutor entende o que está sendo dito ou não, podendo observar uma animização das personagens. Assim como a personagem Baleia, que é uma cadela, é humanizada em função disso, pois ela é tratada como um membro da família, nesse ponto há uma inversão, uma interpretação da própria vida das famílias retirantes.
Vidas Secas é de uma escrita fluida e com uma estrutura que permite (com exceção do primeiro e último capítulos) a leitura dos capítulos em qualquer ordem e transmite certo ciclo da historia familiar, sempre em busca de um éden ao sul, com gado e uma cama de couro.
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Texto de autoria de Róbison Santos.
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