Passada no final do século XIX, a Face Oculta mostra o dia-a-dia de exploradores italianos pelas terras africanas, à época, ainda pouco exploradas. O pano de fundo da história revela uma Itália ainda com intenções expansionistas, que através dos fictícios, corta os eventos históricos do país. O roteiro deste número é do criador dos personagens Gianfranco Manfredi e o lápis de Goran Parlov.
A jornada é protagonizada por Ugo Pastore, um jovem rapaz com um problema no olho esquerdo, cuja pálpebra pisca de forma involuntária, mas que é um exímio atirador, e que devido às suas habilidades, tem pouco tato com militares arrogantes e políticos em geral, que geram neste um enfado tedioso enorme. Ugo se impressiona sim com o cenário da Massalia (Eritreia, uma colônia italiana), e com as condições em que a população é obrigada a conviver. A cena que retrata um grupo de crianças se alimentando de uma carcaça de cavalo contaminada é emblemática nisso, e representada pela fala de um dos meninos: “é a escassez, senhor. Eu e meus irmãos não temos nada para comer. É melhor ficar doente do que morrer!”. Ugo encontra no porta-voz da família um aliado, no lugar desconhecido, e contrata Sym como guia e auxiliar em sua aventura.
O aventureiro enfim encontra Face Oculta, um pretenso provedor da justiça, que viria em nome de deus trazer alento aos cativos e necessitados. Os dois têm um embate ideológico a respeito das injustiças sociais que acometem o povo de Massalia. Ugo quase é decapitado, mas é deixado vivo, o que gera nele uma reflexão, seguida de uma discussão junto ao seu pai – Enea Pastore – sobre as prioridades deles (comerciantes) e dos governadores locais. Ao encontrar o Governador, Ugo aceita espionar um superior dele, o Conde Antonelli, e em troca do serviço, pede para que cuidem de Sym e de sua família, composta de 18 membros.
Apesar de todas as repreensões ao filho, Pastore fica emocionado ao ter de se despedir do filho, ressentido por ter de voltar a Roma sem concluir as negociações de forma satisfatória, e Ugo prossegue a estória sozinho. Quando o rapaz se vê mal diante de seu desafeto, a realidade lhe dá uma lufada e o acerta em cheio no rosto, trazendo os saqueadores para perto de si, assassinando toda a caravana de exploração. Ao tomá-lo com refém, o líder da facção diz que os eritreus – povo que compunha a caravana – eram traidores, e ainda compara Ugo a um cordeiro num povo de lobos, devido a sua bondade de coração. Apesar de não saber se Remo possuiu descendência, Ugo acha que veio da linhagem dele, graças a sua falta de perícia em escolher posturas de combate adequadas.
O intuito de Face Oculta era mandar uma mensagem através do protagonista para o Rei, e o deixa próximo de uma instalação militar italiana. Ugo deixa Massalia com uma sensação ruim, de não ter cumprido com competência sua missão final. Os Saqueadores do Deserto é o primeiro número de Face Oculta e trata de assuntos mil, na época de expansão da Itália, mas tem um tom meio anti-imperialista ao mesmo tempo em que não deixa de tocar em assuntos espinhosos, como o não cumprimento da abolição da escravatura e tem uma mensagem nas entrelinhas de cunho bastante social.
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