Tag: Alex Wolff

  • Crítica | Jumanji: Próxima Fase

    Crítica | Jumanji: Próxima Fase

    Após o sucesso de Jumanji: Bem Vindo ao Selva, a franquia foi reavivada, e o diretor Jake Kasdan retorna para uma nova aventura, que por sua vez, possui frescor e até alguma originalidade. Jumanji: Próxima Fase, mostra seu protagonista anterior, Spencer (Alex Wolff) bastante triste, após uma briga com sua namorada. Desesperado com a sua nova rotina – que inclui seu avô Eddie (Danny DeVito) e seu amigo Milo Walker (Danny Glover) – ele apela para o placebo que o fazia esquecer seus problemas, e volta a entrar no jogo que dá nome a saga, mas algo dá errado.

    Os personagens do game são reconfigurados, aparentemente há um bug no jogo, ou um vírus e isso pode ou não ter ocorrido graças a terem destruído o console no final do filme anterior. Há um novo vilão, Jurgen (Rory McCann), e a jornada rumo a libertação de Jumanji deverá ser totalmente nova. Nesse ponto, a desculpa de um possível hack da fita facilita o trabalho do roteiro, que tem todas as desculpas possíveis para os novos desafios e detalhes

    Os atores de dentro do game estão muito afiados, somente Karen Gillan repete seu papel, Dwayne Johnson e Kevin Hart fazem bem as vezes de DeVitto e Glover, e Jack Black está hilário com seu novo “controlador”, levantando questões como a dificuldade em se manter em forma como pauta. Outro efeito que ajuda a imersão do espectador é a música de Henry Jackman, que ajuda a misturar elementos de aventura escapista com humor mais escrachado. Há muita harmonia entre as cenas de ação e a trilha sonora, produzindo um ideal fantástico sem tamanho.

    As novas regras propiciam múltiplas possibilidades, deixando tudo congruente de qualquer modo como se dispõem os avatares no jogo. O filme segue muito engraçado e não é refém da versão de 2017. Há até uma certa ousadia se considerar a mediocridade em que continuações estacionam, em sentidos dramáticos, os problemas possíveis das relações plantadas lá atrás são aprofundados e evoluídos, tudo em atenção ao que foi semeados antes, germinando então neste trecho.

    O final e as cenas pós créditos expandem ainda mais o universo, dando ao mundo real a possibilidade de novas desventuras, ajudando a colocar Jumanji: Próxima Fase para o antigo Jumanji de Joe Johnston, ratificando a sensação típica dos jovens que acompanhavam os filmes nos cinemas antigos em época de matinê, sem subestimar o seu público, atualizando o tema para plateias mais novas, como Kasdan normalmente faz com seus filmes.

  • Crítica | Hereditário

    Crítica | Hereditário

    Terror que gerou uma enorme repercussão entre os cinéfilos mais ávidos pelo gênero, Hereditário é um longa de Ari Aster, cineasta que costumava fazer filmes indies e carregados de drama. A história mostra a família Graham, capitaneada pelos pais Annie (Toni Collette) e Steve (Gabriel Byrne), além dos filhos Peter (Alex Wolff) e a portadora de necessidades especiais Charlie (Milly Shapiro). A vó da família falece e a partir daí coisas estranhas começam a acontecer no núcleo familiar, como se a influência da falecida ainda pairasse sobre eles.

    A ligação da matriarca com Charlie era muito intensa quando ela era viva, e aparentemente é com a adolescente que ocorrem os eventos mais estranhos e diferenciados. O começo e o meio do filme se dedicam a criar uma aura de suspense e ansiedade no espectador, trazendo um incômodo terrível e uma sensação de que a qualquer momento algo ruim acontecerá. Os cenários desoladores, a disposição da luz que prioriza tons de cinza e o clima enevoado solidificam essa sensação. O tom muda completamente quando um incidente estranho muda a perspectiva da família inteira, possivelmente remetendo a uma espécie de maldição, provinda do nome título do longa.

    Esse ponto de ruptura muda o caráter visual da história. A partir desse ponto o texto se foca nos comportamentos obsessivos e até esquizofrênicos que são vistos nos familiares, e a forma da influência externa que parece imperar no filme se manifesta em cada um dos membros do clã de forma diferenciada. O modo de lidar com a dor desencadeia inúmeras paranoias. O terror do filme mora nessas manifestações e duas delas se destacam, em especial a da mãe, Annie, que sofre achando que poderia ter evitado o que aconteceu com os seus, tendo sonhos estranhos e quase premonitórios sobre os agouros aos seus familiares, além de um comportamento passivo-agressivo terrível.

    Já Peter é corroído por um sentimento de  culpa e começa a cometer atos de autoflagelação, em atitudes que lembram as descrições de possessões demoníacas nos autos de exorcismos das igrejas antigas. Excluindo a possível influencia espiritual que os Graham podem estar sofrendo, todos esses sentimentos podem ser encaradas somente como o cumprir da culpa que cada um deles carrega, o remorso pelo descuido com quem eles amavam, algo bastante comum em especial nos grupos familiares que vivem diante da modernidade dos tempos atuais, onde mal se tem tempo para conversar.

    Essa duplicidade de intenção maligna, sem conseguir manifestar de maneira categórica como influência sobrenatural malvada é uma das riquezas de Hereditário. Mesmo quando o filme se mostra expositivo há uma dualidade, deixando viva a possibilidade de ser ali mais um devaneio, um pensamento movido pela insanidade decorrida dos fatos terríveis que se acometeram sobre a família após a progressão do luto.

    O longa consegue ser assustador por ser tangível, por conter personagens humanos e bastante comuns. Há nele uma semelhança muito forte com o terror recente A Bruxa, principalmente no quão aberto e misterioso é seu final, ainda que seja ainda mais fácil se identificar com os personagens desse do que os do filme de Robert Eggers, por conta do campo de realidade aqui ser mais próximo da atualidade e por tratar de anomalias mentais facilmente identificáveis, além da carga relacionada à religiosidade ser mais palpável aqui. Seja qual for o viés pensado para o horror, o produto de Aster é bem servido e causa espécie em quem o assiste.

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  • Crítica | Jumanji: Bem-Vindo à Selva

    Crítica | Jumanji: Bem-Vindo à Selva

    No ano de 1995 chegou aos cinemas um filme de aventura digno das matinês, Jumanji, de Chris Van Alsburg. Produto nostálgico de uma época em que jogos de tabuleiro estavam em baixa, o longa se iniciava nos anos setenta mostrando a infância do personagem que se tornaria Robin Williams, na fase adulta. A continuação de Jake Kasdan parte um ano depois do filme original, ou seja, 1996, mostrando o jovem Alex (Nick Jonas) encontrando o jogo, numa praia de Brantford, mas ignorando-o de imediato. O jogo se adapta e vira um cartucho de vídeo game e daí começa o novo drama.

    Já na atualidade, quem da o pontapé inicial é Spencer (Alex Wolff), um estudioso e tímido aluno, que faz as lições do esportista Fridge (Ser’Darius Blain). Também são introduzidos a patricinha fútil Bethany (Mathisa Iseman), além da linda garota feia Martha (Morgan Turner). O quarteto fica de detenção , em uma reimaginação do que seria o Clube dos Cincos, e por acaso acham o antigo vídeo game de Alex. A princípio, eles não associam que o aparelho tem algo a ver com a mansão abandonada e com o perturbado Old Man Vreeke (Tim Matheson), pai do rapaz desaparecido, e a partir daí eles passam a jogar por suas vidas.

    Apesar de formulaico o roteiro se sai bem em um objetivo: inversão de estereótipos. O nerd vira o exímio aventureiro Dr. Smolder Bravestone, interpretado pelo carismático Dwayne ‘The Rock’ Johnson, o atleta é o ajudante faz-tudo Moose Finbar (Kevin Hart), um sujeito sem muitas habilidades, a garota popular vira o estudioso homem de meia-idade Professor Shelly Oberon (Jack Black) e a garota impopular vira a máquina de matar que se vale da dança e de seu corpo bonito, Ruby Roundhouse, (Karen Gillen, a Nebulosa de Guardiões das Galáxias Vol. 2), em uma crítica visível ao clichê da femme fatale. Praticamente todos os personagens que aparecem a partir daí são NPCs, e tem falas e ações programadas, aos poucos eles vão descobrindo suas habilidades e fraquezas, além de ter que lidar com o número limitado de vidas, como nos games antigos.

    Há apenas dois caracteres diferentes do quarteto inicial que tem alguma substância, no caso o vilão, Van Pelt (Bobby Cannavale), que personifica o mal encarnado e dominador de tudo em Jumanji, e Jefferson Seaplane McDonough, avatar de Alex, que é encontrado depois, já bastante combalido e cansado pelas rodadas anteriores. Apesar do novo filme fazer referências ao seu antecessor, este é uma expansão peculiar do material literário de Alsburg, uma vez que ele explora o mundo em torno do jogo, enquanto o outro filme trazia os eventos que Alan Parish viveu para o mundo real. Nesse sentido, o antigo desenho animado também reunia alguns desses elementos, e ver isso mostrado em tela, live action e com um bom orçamento é realmente bastante divertido.

    Kasdan consegue aumentar o escopo da aventura e a escalada de suspense se torna ainda mais rica graças ao carisma distribuído entre os jogadores. Black está engraçado como há muito não estava e funciona maravilhosamente como coadjuvante, The Rock apresenta as nuances necessárias para mostrar um personagem inseguro e Gillen desconstrói o perfil de mulher sensual da cultura pop. O escapismo é ainda melhor construído por todos esses fatores citados, e ainda traz um Kevin Hart mais à vontade, diferente Um Espião e Meio, que estrelou junto a Johnson. Jumanji: Bem Vindo à Selva funciona principalmente pelos seus personagens, que ainda que não sejam profundos, são críveis e fáceis de simpatizar.

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