Crítica | Ouija: A Origem do Mal
Ouija: O Jogo dos Espíritos, de Stiles White, havia sido muito mal falado pela crítica, no entanto, obteve sucesso suficiente para ter uma continuação. Coube a Mike Flanagan, de Absentia e O Espelho a função de conduzir o prelúdio Ouija: A Origem do Mal, e seu caráter já debatido no início, quando se percebe que este seria um filme de época, já que se passa nos anos 1960, focado em uma família composta somente por mulheres.
Alice Zander (Elizabeth Reaser) é a mãe de Paulina (Annalise Basso) e Doris (Lulu Wilson), as três moram numa casa antiga, e sobrevivem graças a alguns golpes planejados por Alice, que arquiteta falsas consultas espirituais em sua casa. O filme demora um tempo considerável desenvolvendo um contexto para as mulheres, fator esse que já é um diferencial em relação ao primeiro filme que tem pouca ou nenhuma profundidade.
A escolha por fugir dos já cansativos jump scares é acertada. Obviamente há um número considerável de momentos assustadores, mas a forma como se constrói esses momentos são bastante diferentes do filme de 2014. As figuras monstruosas funcionam em alguns pontos, mas em outros soam risíveis. O grande acerto fica por conta da transformação de Doris de uma figura dócil a uma personagem hostil e levada para o mal.
A sedução espiritual pelo qual Doris passa até chegar à situação em que se encontra sua família e todos que a cercam. A tentativa de se comunicar com seu falecido pai através da tábua de ouija e a possessão subsequente a isso é construída de maneira lenta e gradual. As atuações de Reaser e Basso são muito boas, assim como a entrega da jovem Wilson, que em sua performance, faz com que o espectador releve até os efeitos especiais mambembes utilizados.
O suspense de Ouija: A Origem do Mal é bem construído, e apesar da docilidade de seu final, ainda guarda uma mensagem pouco otimista, com cenas pós-créditos que remetem a tragédia do primeiro longa da franquia, quase salvando o desempenho pífio do filme de 2014.
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