Resenha | O Universo de Sandman: O Sonhar – Volume 1
Embora a DC Comics já tenha anunciado que esse será o último ano do selo Vertigo (que a partir de janeiro de 2020 mudará para DC Black Label), um dos carros-chefe da marca voltou com força total apresentando nada menos que quatro títulos mensais levemente conectados entre si: é o Universo de Sandman, criado por Neil Gaiman no fim dos anos 1980 e começo de 1990. Gaiman já havia revisitado seus personagens em Sandman: Prelúdio, mas agora volta como curadoria para que novos autores brinquem no seu fabuloso playground onírico.
A edição lançada pela editora Panini sob o título O Universo de Sandman: O Sonhar – Volume 1 apresenta uma história introdutória que nos dá um panorama do que iremos ver nos quatro títulos que vem pela frente, além do primeiro arco de seis edições do título The Dreaming, que fala especificamente sobre o reino de Morfeu. Então, temos uma visão mais geral do que vai acontecer logo no início, e sabemos que Daniel – o Mestre do Sonhar atual – simplesmente desapareceu. Lucien, o bibliotecário, se torna guardião do Reino dos Sonhos até que seu mestre retorne. Temos um deslumbre do que vem por aí, com destaque para uma nova versão de Tim Hunter (qualquer semelhança com Harry Potter é mera coincidência), além de novos personagens baseados nas tradições vodu de New Orleans. Após essa introdução, começa o arco do Sonhar em si.
Aqui fica interessante ver como o roteiro de Simon Spurrier casa perfeitamente com a proposta de Gaiman. A arte da brasileira Bilquis Evely é incrivelmente atual e nos brinda com easter eggs genuinamente brasileiros (uia! Cangaceiros!), que nos faz sentir ao mesmo tempo que estamos lendo algo moderno e já conhecido.
Entre personagens já conhecidos, como Mervyn Cabeça-de-Abóbora, Lucien, Abel e seu eterno algoz e irmão Caim, acompanhamos a jornada de uma personagem nova com a qual facilmente nos identificamos: Dora. Ela é uma criatura incompreendida, que consegue saltar de sonho em sonho e não entende sua verdadeira essência. Dora é boca-suja e impetuosa, e incrivelmente adorável – mas também é um monstro horrendo! Ela é o fio que nos conduz à história do destino do Sonhar.
Não é necessário nenhum conhecimento prévio para apreciar essa nova obra-prima dos quadrinhos atuais. Todo o background necessário está explicado na própria história. Mas ainda assim, a edição é muito mais aproveitosa para quem já tem afinidade com o material de Gaiman na Vertigo, pois expande esse universo de forma magistral. Aguardemos ansiosamente as próximas edições, tanto do Sonhar quanto dos outros títulos, antes que a Vertigo vire marca de uísque de vez!
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