Resenha | Filhos do Éden: Universo Expandido – Eduardo Spohr
Em meados de 2007, quando A Batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr, foi lançado, eu era um atento consumidor do conteúdo do site que lançou o primeiro volume do que viria a se tornar a Tetralogia Angélica. Peguei o livro emprestado com um amigo e achei razoável: um bom cenário, mas o desenvolvimento narrativo não tinha nada de revolucionário – ainda que o autor nunca tenha sugerido que fosse. Mais de dez anos e outros três livros depois eu me deparo com Filhos do Éden: Universo Expandido.
Apesar de parecer um cenário rico e que pudesse trazer muitas informações que fossem relevantes para os fãs, é difícil mostrar ainda mais conteúdo depois de escrever quatro livros naquele mesmo universo. E é exatamente isso que acaba acontecendo: tudo parece raso e repetitivo, funcionando apenas como uma grande enciclopédia ou livro de apoio à série. Se para um leitor de apenas um dos livros já se torna complicado, que dirá para os leitores casuais que tenham acompanhado todas os volumes. A forma como as coisas são apresentadas produz uma sensação mais próxima aos livros de RPG que propriamente de algo que queira expandir o universo.
Na verdade, absolutamente tudo o que surge nesse livro remete a um livro de RPG: capa dura, ilustrações, boxes, formato, entre outras coisas. E a parte mais engraçada é que ele arranha a superfície: as estatísticas para jogo estão lá, mesmo que tímidas e mal balanceadas em um capítulo no fim do livro. O produto final acaba sendo uma publicação que parece ter sido pensado com esse intuito, mas sem coragem para faze-lo.
Outra ponto curioso foi da publicação foi um capítulo elaborado e desenvolvido apenas para com o objetivo de auxiliar os leitores da obra a escreverem suas próprias histórias no universo. Não há um preciosismo no cenário, onde as coisas são e devem ser, apenas da forma com que foram mostradas. Além disso, são dadas diversas dicas de narrativa que podem ajudar muito no processo de quem nunca tentou algo do gênero, ainda que um capítulo como esse se mostra um pouco deslocado do conceito da própria publicação.
E como uma das principais características dos já citados RPGs, está a qualidade gráfica. A Verus, selo de fantasia da Editora Record, não poupou esforços em colocar uma capa dura belíssima, num papel com pegada melhor que muito manual de Dungeon & Dragons que eu já tive acesso. As ilustrações são um ponto a parte. Elaboradas por Andrés Ramos, as imagens do mundo e dos personagens são de tirar o fôlego, tudo isso num papel de alta qualidade, o que só aumenta a beleza do conteúdo.
Filhos do Éden: Universo Expandido não entrega exatamente aquilo que promete, mas o acerto, mesmo que acidental, pode trazer um material divertido e interessante para quem já é fã da série e procura por si só, ou na companhia de outras pessoas, criar suas histórias por lá, seja escrevendo ou jogando.
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Texto de Caio Amorim.
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