Resenha | Lanterna Verde #1 (2019)
Grant Morrison fez historia nos quadrinhos britânicos ao ponto de ser exportado como uma nova promessa de roteirista na America, sua carreira e biografia são conhecidas mundialmente, e seu trabalho na DC Comics sempre foi muito elogiado, seja em seu arco na Liga da Justiça nos anos 90, na sua versão de Patrulha do Destino ou Homem Animal, ou nos mais recentes Batman, Crise Final ou Batman e Robin e também na Action Comics pós novos 52, onde fez varias versões do Super Homem. Para surpresa de muitos, ele assumiu o gibi do Lanterna Verde, em um arco chamado Policial Intergaláctico, e lançado pela Panini Comics no Brasil como Lanterna Verde#1.
Dentro da publicação há capas variantes, de Rodolfo Migliari e Jim Cheung (muito bonitas por sinal), e a revista compila os originais Green Lantern 1 e 2, de janeiro e fevereiro de 2019. A arte de Liam Sharp é muito bonita, tanto na figura de Hal Jordan quanto nos cenários grandiosos, com os Guardiões de OA escolhendo e instruindo seus patrulheiros, e tem um dinamismo absurdo, que valoriza demais os confrontos e cenas de ação.
Há aparições de Lanternas secundários, como Maxim Tox, que protagoniza uma cena bem violenta e lisérgica. A versão que Morrison traz aqui mostra ele sendo engraçado, e até gaiato, mas tal qual outros membros da Tropa, bem justo, e avesso a justiçamentos baratos. Aparece também Tru e Volk, e aqui se determina de maneira engraçada e pontual o código ético dos membros da Tropa, que trazem equilíbrio a Galáxia, mas não se permitem recorrer a soluções fáceis. É curioso como os personagens são visualmente diferentes e como funcionam bem no traço de Sharp, ao passo que não são só personagens visualmente legais, eles tem tridimensionalidade, e isso é ótimo.
Da parte do protagonista, Hal Jordan está frustrado, por ter largado a função de piloto de testes para tentar uma profissão mais comum, representante de vendas externo de um fabricante de brinquedos. A intimidade dele é bem exposta, ele é mostrado fazendo sexo, de maneira explicita, com folhas cobrindo as partes íntimas, para logo depois aparecer como civil, sendo atacado por pessoas aparentemente inofensivas, mas que guardam segredos terríveis.
É engraçado como a historia que Morrison narra consegue reunir e misturar bem tanto ares episódicos e quanto os de origem. Jordan já é Lanterna, mas sua narrativa tem elementos de despistes que fazem o leitor crer num primeiro momento que ele está se preparando para ser, entre outros fatores, por ele não ter a mão sua bateria, que está em manutenção com os Guardiões.
O número 2 dá vazão a uma trama que será explorada mais a frente (e que se chamará Senhores dos Escravos das Estrelas), e fala sobre uma estrela maligna e todo um estratagema meio enganoso, cujas únicas pistas que Hal tem, são falas de testemunhas suspeitas, piratas espaciais. É engraçada a aproximação disso de um dos aspectos pouco explorados noa filmes de Star Wars, porque esses piratas lembram muito Dengar, Boba e Jango Fett, ou mesmo Han Solo. Essa edição também tem uma capa variante bela, de Francesco Mattina.
Para que hajam maiores conclusões de arco, é preciso esperar, uma vez que só tem duas publicações, mas os elementos iniciais são ótimos, e aparentemente vale a pena acompanhar essa saga, muito por conta de toda a expectativa que envolve Grant Morrison, e por conta das pistas que já foram sugeridas, como a possibilidade até de um gêmeo do Mal. Policial Intergaláctico tem potencial para ser uma historia divertida e ao mesmo tempo, inteligente e seu começo é bastante animador.
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