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  • Crítica | Ring 0: O Chamado (Ringu 0)

    Crítica | Ring 0: O Chamado (Ringu 0)

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    Ringu ou O Chamado foi uma franquia tão meritosa e popular que produziu um exploitation instantâneo. Apenas dois anos após Ring: O Chamado, já havia sido lançado uma sequência bastarda (Rasen, jamais lançada no Brasil), outra capitaneada por Hideo Nakata, chamada Ring 2 e uma versão coreana chamada Ring Virus, isso sem contar o remake americano de 2002. Na terceira parte, coube a Norio Tsuruta a função de realizar a terceira parte dessa história.

    Ao contrário dos outros filmes, Ringu 0 – O Chamado se passa 30 anos antes dos tempos atuais e remonta as origens da história. O prequel é focado em Sadako Yamamura quando ainda viva, que por sua vez, é interpretada por Yukie Nakama. Retornam para o filme também o roteirista Hiroshi Takahashi, que tem a árdua tarefa de produzir um texto que consiga detalhar momentos importantes da vida da personagem sem torna-los banais e sem significado.

    Curioso ver Nakama no papel do que seria uma vilã do cinema popular recente, uma vez que seu repertório tanto antes como após o longa era repleto de papéis em programas de televisão onde o tom era ou de romance ou de humor. A história é bem mais pautada em drama do que no terror, contada como se fosse a leitura de um diário antigo, onde se humaniza uma figura amedrontadora. As cenas que remetem aos filmes anteriores são filmadas quase sempre com fotografia mais pálida, em tons claros, que lembram as películas antigas de baixa qualidade, emulando a resolução das fitas cassetes.

    Posto em perspectiva, este é um filme menos inspirado que os anteriores, mas de modo algum é repetitivo na fórmula anteriormente estabelecida. Em alguns momentos, a trama torna-se enfadonha, mas o cunha de denúncia é bastante interessante e importante, uma vez que evoca o costumeiro medo do homem perante o desconhecido e a dificuldade que o mesmo tem em tratar com aquilo que ele não entende.

    Continuações explicativas são comuns no cinema, em especial no dos Estados Unidos, e quase sempre resultam em produtos de qualidade sofrível, como foi visto em Highlander 2. No entanto, este Ringu 0 não entra nessa categoria. A maioria dos fatos ocorridos neste final somente fazem sentido caso sejam visto de modo inédito, tornando para a análise algo proibitivo revelar esses eventos. O findar é desesperançoso e ajuda a justificar o vazio da alma da personagem, assim como a desgraça que passa a ser o seu pós morte, apresentado nos filmes anteriores.

  • Crítica | Ring 2: O Chamado

    Crítica | Ring 2: O Chamado

    ringu-2Em uma espécie de equivalente japonês ao Instituto Médico legal é desenrolado o início de Ring 2: O Chamado, onde se encontra o corpo recuperado de Sadako, impedido de ser incinerado por um terrível mistério, que envolve o fato da menina ter morrido há apenas dois anos, tendo ficado viva no poço por quase três décadas. O filme começa tímido, mostrando a polícia e perícia tentando entender o que houve com a última vítima da entidade mística/menina oprimida.

    O diretor Hideo Nakata é econômico com o número de mortes e insere os mesmos elementos de terror do filme anterior em outros ambientes. A misteriosa gravação do crime contra Sadako e as fotos distorcidas são encontradas agora em manicômios, acompanhando também a personagem principal do filme anterior, Reiko Asakawa (Nanako Matsushima), que é perturbada pela culpa de ter levado a maldição para outrem. Apesar de resgatar as mesmas pessoas do outro capitulo, o mote é baseado na trajetória de Mai Takano (Miki Nakatami), que é namorada de Ryuji, o homem morto anteriormente e que foi casado com Reiko.

    Houve uma continuação baseada no segundo livro de Kôji Suzuki, intitulada Rase e dirigida por Jôji Iida, mas seu fracasso foi tanto que os produtores da Asmik Ace Entertainment resolveram chamar Nakata para realizar uma continuação que pouco tem semelhanças com os livros. As liberdades narrativas incluem também uma mudança de caráter considerável, já que os elementos de Ring: O Chamado são em parte ignorados nesta sequência. O ritmo deste é ainda mais lento que o antecessor e o mistério mora nesses detalhes, fato que exige atenção anda maior de seu público, ao contrário do que normalmente ocorre com os filmes de terror blockbuster dos Estados Unidos.

    A perda do prazo para a morte do protagonista – fato que era o mote do original – é bem substituída por uma rotina cheia de explicações. O roteiro de Hiroshi Takahashi foge saídas fáceis que seria inserir mais personagens assistindo a fita e morrendo. O horror habita o interior do pequeno Yoichi (Rikiya Otaka), o filho de Reiko que sobreviveu aos fato de ter visto o vídeo. O menino aparenta ter os mesmos estranhos poderes de Sadako, o que ajuda a determinar que a menina que foi violentada tem o poder de ultrapassar sua maldição para quem teve contato ou com a gravação de seu infortúnio ou com a própria, já que manifestações de paranormalidade também ocorrem com Masami Kurahashi (Hitomi Sato), que teve uma participação pequena no primeiro e aparece neste, em um manicômio, graças a ter assistido a morte da primeira vitima.

    O filme foge da mesmice e é meritoso nisso, trocando a investigação sobre a origem da fita – vista no anterior – por um aprofundamento na história de Sadako e claro, na intimidade dos antigos personagens, que agora, são alçados a um patamar de protagonismo maior, mesmo entre os que no primeiro filme eram só citados Ao contrário das continuações dos Estados Unidos, Ringu 2 exige sabedoria sobre a mitologia da cine série, já que não há introdução para quem não assistiu o primeiro não terá uma explicação óbvia e burra para se inteirar neste.

    Nakata imprime um comentário metalinguístico que em partes, supera os sustos frequentes de Ringu, dando mais significado inclusive para a desgraça da menina monstruosa. A substituição de Reiko por Mai serve bem a trama, dando uma sensação de renovo e de inevitabilidade da maldição, mostrando que não há como driblar o destino, especialmente quando ele é mal, não importando sequer a corrupção do pacto pensado pela heroína do filme anterior. A desgraça se abateria de qualquer forma sobre a família que teve em posse a fita.

    Os minutos finais variam entre uma solução repleta de tecnobable, tentando encaixar um ritual religioso em meio a um artificio tecnológico, e uma viagem ao passado tanto de Sadako quanto das pessoas do passado de Mai. Nakata consegue trazer um renovo para a franquia, superando o primeiro episódio em alguns momentos e apresentando novas ameaças ao final de seu filme, abrindo espaço para novas continuações, que deveriam seguir a linha desta caso avançassem na linha temporal.