Resenha | Eu Matei Adolf Hitler
Jason é um autor de quadrinhos bastante inventivo entre os que permeiam o circuito alternativo. A realidade que ele estabelece tem muitos momentos nonsense e o modo como suas personagens são apresentadas é igualmente diferenciada. Em Eu Matei Adolf Hitler o que se vê é uma ficção científica, que apesar do nome forte, não tem grandes discussões políticas, e sim uma premissa básica: neste mundo, os personagens são antropomorfizados, a função de assassino de aluguel é uma profissão legalizada e bastante comum, e por fim, existem viagens no tempo.
O personagem principal é um matador contratado para um trabalho, e em paralelo a isso, ele lida com uma forte crise emocional em seu relacionamento. Sua missão é baseada no título do quadrinho, e o motivo da história seguir reside exatamente no fracasso do personagem em matar o Fuhrer. A solução para o insucesso é engraçada, e lida muito bem com paradoxos temporais.
A leitura é rápida, engraçada e mordaz, seu caráter episódico brinca com questões da vida adulta, discutindo as relações conturbadas do casal e que servem de exemplo universal para relacionamentos em crise. A exploração desses envolvimentos é tão madura que surpreendente por serem tão bem resolvidas na história, seus personagens são complexos e as situações corriqueiras conversam bem com o que é universal. Além disso, é interessante observar como o autor brinca com questões como o alvorecer do nazismo, e se torna ainda mais irônica por tratar de tal modo que o vai-e-vem de um casal tem maior importância do que a intolerância de um líder político mal resolvido com seus pensamentos e com sua própria identidade.