Crítica | Casamento Grego 2
Com diferença de 14 anos em relação ao primeiro filme, Casamento Grego 2 chegou aos cinemas em 2016 com a missão de continuar a história bem-sucedida da película independente com o segundo maior lucro da história do cinema, perdendo somente para A Paixão de Cristo.
Após descobrir que não estavam casados nesses quase 50 anos, o patriarca e a matriarca dos Portokalos decidem se casar e fazer uma grande festa.
Novamente com roteiro de Nia Vardalos, a narrativa conseguiu entregar uma história bem estruturada e redonda, com todas as boas motivações dos personagens principais. Tudo está onde deveria estar, e a trama anda de maneira orgânica. Porém, traído talvez pelo monstro da expectativa, Casamento Grego 2 difere bastante do primeiro, e de forma negativa.
Enquanto Casamento Grego conquistou o público justamente pelo charme de uma comédia romântica mostrando o choque cultural entre o americano médio e a cultura grega, tão pouco explorada no cinema, o novo filme falha mesmo com o mérito de usar uma nova fórmula ao manter o casamento entre os gregos mas sem o peso dramático do choque cultural. Porém, não bastou promoverem situações cômicas na relação social dos diversos personagens.
O que dá frescor à narrativa é a melhor personagem do filme, Paris. Filha de Toula e Ian, a sua dinâmica no último ano da escola e a preparação para ir à faculdade deixam o filme muito mais interessante através das questões abordadas, como a de deixar o filho seguir seu caminho. Diferente da mãe, Paris rejeita a sua origem, as ordens que os familiares lhes dão e os planos da família. A sua relação com Bennett, que também se descobre um descendente de gregos, é muito mais válida do que a narrativa principal, e talvez, se o filme fosse focado neles ou em seu casamento, produziria maior qualidade para a história.
A direção de Kirk Jones é padronizada em se tratando do enquadramento e do tom do filme, mas não chegou a comprometer o roteiro. O seu forte é a direção de atores, que conseguiu extrair uma boa mise-en-scène das cenas cômicas.
Ao lado do roteiro, a atuação é o grande trunfo do filme. Vardalos continua uma boa protagonista mantendo seu carisma, enquanto John Corbett está no automático. As situações constrangedoras da família continuam a funcionar para uma comédia, com destaque para a engraçada Andrea Martin, que dá vida à tia Voula, Lainie Kazam, que interpreta a matriarca Maria, e Michael Constantine, o patriarca Gus. A grata surpresa no elenco está em Elena Kampuris, que consegue dar alguma profundidade a Paris, a adolescente que tem vergonha da família e está nervosa quanto a seu futuro incerto.
A direção de fotografia de Jim Denault é naturalista e não se destaca em nenhum momento. A edição de Mark Czyzewski dá o bom ritmo do filme, mas também não se sobressai.
Casamento Grego 2 deve agradar a quem gostou dos personagens do primeiro, o que acabou funcionando para trazer um frescor ao gênero.
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Texto de autoria de Pablo Grilo.