Tag: comédia romântica

  • Crítica | 10 Coisas Que Eu Odeio em Você

    Crítica | 10 Coisas Que Eu Odeio em Você

    Clássico das comédias românticas juvenis dos anos noventa, 10 Coisas Que Eu Odeio em Você mostra histórias de amores impossíveis, situando-as no micro universo do high school americano, um mundinho desimportante e superficial, onde a Kat Stratford de Julia Stiles é apresentada como o clichê da linda garota que não se encaixa nos padrões, ainda que ela seja idêntica a todos os outros de sua geração. O filme explora esse mundo de diferenças e mira que apesar da amargura e implicância, as pessoas não são tão diferentes dela.

    O que move a trama é o interesse de dois meninos na irmã da protagonista, a bela e jovial Bianca (Larisa Oleynik), que é pleiteada tanto por populares como por recém chegados na escola. Esses, pedem os serviços de Patrick Verona, interpretado por Heath Ledger em início de carreira. O objetivo dele seria flertar com Kat, para que o rígido pai solteiro delas, permitisse que a caçula saísse também.

    Gil Junger, o diretor, apresenta um filme bem sucinto e preso à sua proposta de mostrar uma aventura escapista e divertida, bem ao estilo dos filmes da Disney como Diário de Uma Princesa, embora esse esteja sob o guarda-chuva da Touchstone, que apresentava histórias que não se encaixavam dentro da estética do conglomerado do Mickey e cia. O texto busca fazer paralelos com a literatura. Um dos núcleos importantes é na aula do professor Morgan (Daryl Mitchell), onde se fala de Ernest Hemingway, Simone Bouveair e William Shakespeare. Há momentos em que personagens periféricos sonham em escrever romances melosos, no entanto, essa ligação com escrever ou analisar romances sejam eventos meramente cosméticos, a trama pouca avança nesse sentido, tirando um momento ou outro, como o soneto que dá nome a obra.

    O filme se vale muito da música incidental de Richard Gibbs, que ajuda a dar tons à história simplória de adolescentes que só buscam encontrar sua própria identidade em meio a questões universais como a aceitação de seus pares. As partes instrumentais ajudam a tornar um pouco menos óbvios os momentos de ritos de passagem, a tentativa de dar profundidade ao corriqueiro acerta demais nesse aspecto. Evidente que não há grandes discussões no texto.

    Os personagens são volúveis, e a ideia de mercantilização da mulher se prova em mais de uma motivação (um tenta comprar a atenção de uma menina e o outro se permite receber dinheiro para flertar com outra), e dada essa repetição, a ideia de coisificação do feminino é bem normalizada. Fora isso, há outros momentos estranhos, como nos números musicais com conjuntos de pop rock que mobilizam jovens bem diferentes entre si, unindo tribos bem diferentes em torno desse estilo de som. O roteiro é presunçoso ao associar que todos os adolescentes são iguais, e é ainda mais primário ao ligar a rebeldia a um estilo de música tão leve em peso e estilo. Além disso, a maioria dos personagens não parecem tridimensionais, mesmo os interpretados por figuras que se tornariam famosas, como Gabrielle Union e Joseph Gordon Levitt.

    O roteiro de Karen McCullah Lutz e Kirsten Smith aborda jovens com problemas bobos, moços e moças sem preocupações grandiosas que acham que o mundo deve algo a eles. Todos eles são assim, ainda que abordem essa linha de pensamento de formas diferentes. Nesse ponto, as semelhanças quase justificam a ideia de que a mesma música agradaria e uniria toda sorte de pessoas.

    O filme tem muitos momentos charmosos, como no número musical que toca Can’t Take My Eyes Off You, canção de Frankie Valli, enquanto há outros bizarros, que envolvem uma aluna  menor mostrando partes erógenas a um professor com idade para ser seu pai (os freios do politicamente corretos não eram em 1999 como hoje). A proposta de 10 Coisas que Eu Odeio em Você pode parecer cínica, mas não é. Apenas mostra de maneira pragmática que, independente do repertório, os jovens são parecidos, e que não faz sentido colocar tantas metas e propósitos se a vida resultará nos mesmos resultados ordinários. O importante na mentalidade do filme é usufruir de alguma forma das coisas boas da vida e não se perder enquanto se busca essas pequenas alegrias.

  • Crítica | Com Amor, Simon

    Crítica | Com Amor, Simon

    Eu odeio o fato do cinema americano precisar ser tão people pleasure business como acabou sendo, ou como foi engenhado pra ser, mesmo. Me refiro a essa parada de satisfazer as plateias a todo custo e evitar desconfortos, ou discussões a ponto de comprometer comercialmente uma franquia inteira, tal como ocorreu com Star Wars: Os Últimos Jedi. É um dos custos do entretenimento. Um dos custos de traduzir prazer em imagens em movimento, ao invés de preservar os culhões de um projeto de Cinema real, oficial. Com Amor, Simon é um projeto de cinema. Arriscado pela sua segmentação de público, raro por não ser mais uma comédia romântica de Nicholas Sparks, e falho por não saber ser tudo ou ao menos parte significativa do que poderia ter sido. Saudades do querido Lionel, de Dear White People

    Não há nada de errado com filmes, ou livros e games criados a partir do próprio marketing que vende-os no mainstream. Nadinha. Como não promover bem, até para um leigo em publicidade, o rótulo de uma “comédia romântica gay”, sendo o “filme” em questão um que não passa disso: Um rótulo, uma promessa. O problema, justamente, é quando a experiência não vai além das estratégias moldadas para a sua promoção; quando o produto se encerra em sua venda, algo que o universo da DC na telona amarga de forma simbólica, na cultura popular atual. Sobretudo, hoje, as pessoas compram muito pela emoção, pela validação social no status do WhatsApp do amiguinho, por exemplo, e foi também nessas peculiaridades da propaganda que Com Amor, Simon se apoiou com malandragem para ser um sucesso passageiro no competitivo mercado de cinema dos EUA, saturado de contos crepusculares sobre a relação de dois gêneros “opostos” que ninguém aguenta mais.

    A história não poderia ser mais previsível em torno de um garoto, branco, hétero (ops) e seus amiguinhos, todos de classe média e que passam pelas mesmas coisas que todo adolescente sob a influência da cultura norte-americana passa: Ansiedade, espetacularização de tudo, desconfiança familiar, estilização dos próprios sentimentos, etc. Curioso é perceber como o cineasta Greg Berlanti tentou florescer a vibe teen John Hughes para retratar os mesmos adolescentes da década de 80 que nunca mudam suas dúvidas, atritos e inseguranças nessa fase de turbulências gerais, aqui representadas na situação que muda tudo para o jovem e simpático (até demais) Simon: A primeira paixonite online (quem nunca, não é mesmo?). A faísca que ascende o motorzinho pra bombear mais rápido o coração virginal é tratada de forma objetiva pela história, até porque o romantismo anda capenga demais, e quando rola o primeiro beijinho sob os aplausos da panelinha, “ah, toda uma geração de LGBT’s jovens vai se sentir representada”, pensaram os marketeiros. E, de novo, eles estavam certos! O filme, ou melhor, o hype construído ganhou uma legião de fãs que só saíram do Tumblr e do Snapchat para irem nos multiplex de shopping glorificar algo que parece ouro, mas é de tolo. Isso é tão pós-moderno que chega a doer.

    Uma esquete de YouTube com um fiapo de roteiro que alongaram por duas horas e que emblema um par de fatores, extremamente atuais: A intolerância levemente menor do grande público por “novas” histórias com arranjos inusitados, devido talvez a falta de originalidade na ultra saudosista Hollywood de 2018, sem contar a verdadeira e cada vez maior não-necessidade dos jovens gays, e de todas as vertentes sexuais, de não precisarem, ao menos no Ocidente, se esconder mais nos armários que seus tios precisaram se refugiar, e onde tanto lutaram para seus sobrinhos não respirarem aquele ar, mofado. Com Amor, Simon encapsula a realidade do romance juvenil hoje em dia de forma realmente plena, sem exagero algum, tendo a noção realista de como as coisas são para os adultos de amanhã, e como certas normalidades se configuram para os que a vivem, algo minimamente esperado para um filme que escolhe debater na sua publicidade, sendo que na estória mesmo é tudo moldado de forma apática e inexpressiva, as paixões e a problemática que qualquer menino gay de dezessete anos é por elas imune de ser assolado.

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  • Crítica | Casamento Grego 2

    Crítica | Casamento Grego 2

    Casamento Grego 2Com diferença de 14 anos em relação ao primeiro filme, Casamento Grego 2 chegou aos cinemas em 2016 com a missão de continuar a história bem-sucedida da película independente com o segundo maior lucro da história do cinema, perdendo somente para A Paixão de Cristo.

    Após descobrir que não estavam casados nesses quase 50 anos, o patriarca e a matriarca dos Portokalos decidem se casar e fazer uma grande festa.

    Novamente com roteiro de Nia Vardalos, a narrativa conseguiu entregar uma história bem estruturada e redonda, com todas as boas motivações dos personagens principais. Tudo está onde deveria estar, e a trama anda de maneira orgânica. Porém, traído talvez pelo monstro da expectativa, Casamento Grego 2 difere bastante do primeiro, e de forma negativa.

    Enquanto Casamento Grego conquistou o público justamente pelo charme de uma comédia romântica mostrando o choque cultural entre o americano médio e a cultura grega, tão pouco explorada no cinema, o novo filme falha mesmo com o mérito de usar uma nova fórmula ao manter o casamento entre os gregos mas sem o peso dramático do choque cultural. Porém, não bastou promoverem situações cômicas na relação social dos diversos personagens.

    O que dá frescor à narrativa é a melhor personagem do filme, Paris. Filha de Toula e Ian, a sua dinâmica no último ano da escola e a preparação para ir à faculdade deixam o filme muito mais interessante através das questões abordadas, como a de deixar o filho seguir seu caminho. Diferente da mãe, Paris rejeita a sua origem, as ordens que os familiares lhes dão e os planos da família. A sua relação com Bennett, que também se descobre um descendente de gregos, é muito mais válida do que a narrativa principal, e talvez, se o filme fosse focado neles ou em seu casamento, produziria maior qualidade para a história.

    A direção de Kirk Jones é padronizada em se tratando do enquadramento e do tom do filme, mas não chegou a comprometer o roteiro. O seu forte é a direção de atores, que conseguiu extrair uma boa mise-en-scène das cenas cômicas.

    Ao lado do roteiro, a atuação é o grande trunfo do filme. Vardalos continua uma boa protagonista mantendo seu carisma, enquanto John Corbett está no automático. As situações constrangedoras da família continuam a funcionar para uma comédia, com destaque para a engraçada Andrea Martin, que dá vida à tia Voula, Lainie Kazam, que interpreta a matriarca Maria, e Michael Constantine, o patriarca Gus. A grata surpresa no elenco está em Elena Kampuris, que consegue dar alguma profundidade a Paris, a adolescente que tem vergonha da família e está nervosa quanto a seu futuro incerto.

    A direção de fotografia de Jim Denault é naturalista e não se destaca em nenhum momento. A edição de Mark Czyzewski dá o bom ritmo do filme, mas também não se sobressai.

    Casamento Grego 2 deve agradar a quem gostou dos personagens do primeiro, o que acabou funcionando para trazer um frescor ao gênero.

    Texto de autoria de Pablo Grilo.

  • Crítica | Os Homens São de Marte e é pra Lá Que Eu Vou

    Crítica | Os Homens São de Marte e é pra Lá Que Eu Vou

    Depois  de trabalhar em obras audiovisuais ambientadas em universos mais maduros e adultos, Marcus Baldini dá vida a versão cinematográfica do monologo cômico protagonizado por Mônica Martelli. A história de Os Homens São de Marte e é Pra Lá Que Eu Vou foca-se na vivência de Fernanda, vivida pela autora da peça, que vivendo a meia-idade, não consegue achar um homem para chamar de seu, tendo na ironia de trabalhar como mestre de cerimônias, orquestrando casamentos, a certeza de que sua vida é miserável sem algum ser do cromossomo Y.

    Tudo que envolve Fernanda lembra – e relembra – o quão mal ela está por não ter nenhuma companhia ao fim do dia, desde as frases de aceitação da solteirice, às amigas igualmente “soltas” e sua equipe, formada por mil estereótipos, tendo em Anibal o maior dos arquétipos batidos, com Paulo Gustavo transbordando os trejeitos homoafetivo de péssimo gosto, semelhante a nove entre dez trabalhos em que o humorista busca ser um ator.

    As reclamações da heroína se contradizem, pelos homens que passam por si e pelas oportunidades que passam por sua porta. Suas desventuras incluem encontros românticos com homens de belos corpos e de estirpe alta, sujeitos endinheirados que querem desesperadamente o seu corpo, mas que somente o têm em momentos especiais, em meio a hotéis caríssimos, flats e coberturas localizadas em prédios de luxo. Fernanda parece saber se esgueirar por estes locais, uma vez que toma todo o cuidado para estar sempre bela, se maquiando em espaço físicos minúsculos, para não aparentar ressaca ou transparecer a idade que realmente têm, pois mesmo com todas as qualidades possíveis ela ainda se mostra insegura, com muitas falas trôpegas, repletas de receios, mas que escondem uma ânsia por ter o tal do “homem perfeito”.

    A carência da protagonista é tamanha que qualquer alento significa mil fantasias, planos de fazer seu futuro com os homens com quem dorme ou os que meramente se aproximam dela. O comportamento obsessivo de Fernanda parece afastar as possibilidades de amor. Todos os seus esforços e desejos envolvem agarrar um homem para toda a vida, ainda que esteja longe demais  disso, já que a ansiedade a limita a somente atrair pessoas distantes demais do que ela realmente quer.

    No entanto, é notório que qualquer homem mais velho que se aproxima dela logo parece o par perfeito, sonhadores, inteligentes e interessantes. Qualquer engodo a pega, mesmo quando as noções artísticas do sujeito sejam toscas e cafonas, e que não saltam aos olhos dela, mesmo com seu ofício que se pauta em arte. Seu deslumbre não é justificado em momento algum, a não ser pela ostentação financeira de quase todos os parceiros sexuais dela, homens ricos os quais ela parece querer comprá-los apenas com o luxo, já que ela se põe a venda o tempo inteiro.

    A comédia fútil não consegue entreter, tampouco faz rir; situações forçadas que se repetem demais, reprisando momentos de outros humorísticos românticos. Até a personalidade de seu público não é totalmente encontrada, já que o roteiro não sabe a quem agradar, pois pouco funciona para qual for o sexo do visualizador. A cada novo parceiro, Fernanda promete que não fará sexo na primeira tentativa do sujeito, mas sempre cede, refirmando todo o caráter de reprise da fita, se auto-referenciando o tempo todo, mesmo que o exercício seja pobre.

    A beleza de Mônica Martelli é um dos poucos pontos positivamente destacáveis da obra, em meio aos eventos que louvam a trivialidade e a completa ausência de conteúdo, além de julgar a rotina de gente simples como algo menor, num preconceito socioeconômico enorme. As brincadeiras que funcionavam no teatro ficam gritantemente excludentes no grande ecrã: O que deveria ser uma comédia leve acaba sendo um freak show de discriminações, que esconde todos os pré-julgamentos atrás de uma mensagem de busca por amor, um amor que não consegue aceitar os seres como eles são.

    O oportunismo e a vontade louca de agarrar um homem para sempre que Fernanda guarda banaliza o romance e o amor; o sentimento deixa de ser algo raro para servir unicamente ao egoísmo dela, movido pela ânsia por não ficar sozinha, seguindo uma cartilha de comportamento baseada no lugar comum e na sabedoria popular, mas sem qualquer conteúdo ou substância. Exibindo uma enorme variação de clichês, vendendo uma mensagem de autoajuda que tem no machismo exacerbado a sua âncora, Os Homens São de Marte e é Para Lá Que Eu Vou é uma história superficial e tola, um evento que poderia ser interessante, mas que se atém demais a forma, e pouco ao conteúdo, refém de um final feliz num conto de fadas que mal consegue abraçar uma moral, ou uma mensagem minimamente sofisticada.

  • Crítica | Será Que?

    Crítica | Será Que?

    Saudosismo é um sentimento que deveria remeter a bons momentos, normalmente vividos por duas ou mais pessoas, mas também pode compreender a imaginação do que seria uma vida ideal, ou uma postura que deveria ter sido tomada há muito. É baseada na segunda hipótese em que está a trama de Será Que?, a nova comédia romântica fofinha/indie/hipster de Michael Dowse, que apresenta um casal de jovens, Wallace e Chantry, que se conhecem de modo curioso e que produzem uma amizade platônica a partir dali, claro, com uma evidente tensão sexual, mas que prossegue sem ser concluída.

    O carisma dos personagens é garantido de modo quase automático, graças aos seus interpretes –  Daniel Radcliffe e Zoe Kazan – reunindo até alguns ecos de alguns de seus personagens anteriores. A falta de ação de Wallace lembra muito a persona eternamente adolescente de Harry Potter, ainda que de sua boca saiam mais palavrões e sacadas mais maduras que a do bruxinho, mas a falta de traquejo com seres do sexo feminino prossegue, tanto que o personagem permite que seu próprio potencial caia indiscriminadamente na mítica friendzone.

    O modo como os dois “pombinhos incompreendidos” agem corre inteiro pelo modus operandi dos superestimados e inconscientemente pretensiosos membros de nicho, que usam armações de óculos gigantescas e camisas xadrez, amando objetos artísticos não populares, louvando um modo de vida alternativo unicamente por ser alternativo, praticamente nem discutindo a qualidade do que consomem. E depois de 500 Dias Com Ela, uma comédia romântica para homens, e de tantas outras voltadas a outros nichos, essa agora tenta alcançar os fãs vazios de Pedro Almodôvar e quiche, emulando os diálogos hiper-verborrágicos de Woody Allen para dar volume a obra, mas sem banalizá-la por completo, apesar do vício linguístico claro.

    A aproximação dos dois é lenta por causa do compromisso de Chantry, apesar que desde antes do filme começar, já ficar evidente que o guião tratará de juntar os dois jovens. Todas as interações dos adolescentes envolvem muita química e uma inevitável vontade de que as peles se toquem e que todo o circo de sensualidade e inter-curso sexual finalmente ocorra, sempre esbarrando na condição de namoro a distância e de um comprometimento que nunca consegue se concluir em si. A carência une e atrai os dois, como mosquitos em direção a uma luminária mata-insetos.

    A situação vai se complicando com a intimidade chegando sem a possibilidade de coito. Os amigos começam a ser confidentes, adentrando numa intrínseca narrativa de segredo com alta confiança, e cada vez à distância do tão esperado enlace entre os dois. O paralelo visto entre o medo de se entrelaçar com o par – lê-se casamento – e o modo pomposo de se vestir em um casório, dito por Nicole (Mackenzie Davis) serve como alegoria a um dos maiores temores da vida adulta, inclusive cooptando as inseguranças de Wallace em finalmente se lançar em direção ao sentimento que tem por sua musa, e, claro, a evasão dos namoros sempre que as coisas começam a dar errado.

    As agruras pelas quais Wallace passa para reencontrar sua alma gêmea envolve uma série de fatos bastante nonsense, com provas de amor que cortam o globo terrestre e envolvem pensamentos e atitudes inconsequentes, que não são encaradas com a expectativa que ele tinha. A vida adulta mais uma vez exibe sua face cruel, frustrando seus desejos de finalmente ser um com sua amada.

    Será Que? Possui uma necessidade menor de paciência por parte do público masculino, que não fica completamente estafado com o resultado final, mesmo com todas as fórmulas e estratagemas repetidos de filmes como Ruby Sparks. O modo singelo como tudo é tratado neste microuniverso exala sensibilidade, medo e receio de que a modernidade e a rotina matem a possibilidade de romance, ainda que no desfecho haja um momento açucarado, como o gênero mesmo pede, até por motivos comerciais. A sensação após o ao apagar inicial das luzes é semelhante a da letra de Provas de Amor, dos Titãs, que em seus versos, afirma que  “Existem provas de amor… Não existe o amor“, remetendo ao sentimento de Chantry, que sempre tenta ir até o final de seus relacionamentos, mas acaba optando por seguir sua vida com o outro protagonista da fita, na demonstração de evolução mais palpável de ambos personagens.

  • Vortcast 22 | Ben Affleck

    Vortcast 22 | Ben Affleck

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    Bem-vindos à bordo. Nesta edição, Flávio Vieira, Rafael Moreira, Isa Sinay, Pedro Lobato, Mario Abbade e Carlos Britto comentam sobre a carreira cinematográfica do ator e diretor, Ben Affleck. Partido de seus “ótimos” trabalhos com atuação, as parcerias com Matt Damon, a grande ascensão de sua carreira com o Oscar de melhor roteiro por Gênio Indomável, passando também pela pior fase da carreira com seguidos flops em comédias românticas, até chegarmos em seus notáveis trabalhos como diretor.

    Duração: 93 mins.
    Edição: Rafael Moreira
    Trilha Sonora: Rafael Moreira

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    Comentados na edição

    Vortcast 05: Filmes Marvel
    As caretas de Calvin por Ben Affleck

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    Filmes como diretor ou roteirista

    Crítica Gênio Indomável (Good Will Hunting)Compre aqui
    Crítica Medo da Verdade (Gone Baby Gone)Compre aqui
    Crítica Atração Perigosa (The Town)Compre aqui
    Crítica Argo

    Filmes comentados

    Armageddon – Compre aqui
    Pearl Harbor – Compre aqui
    Shakespeare Apaixonado (Shakespeare in Love) – Compre aqui
    Demolidor (Daredevil) – Compre aqui
    Contato de Risco (Gigli)
    Intrigas de estado (State of Play) – Compre aqui
    A Soma de Todos os Medos (The Sum of All Fears) – Compre aqui
    Hollywoodland – Bastidores da Fama (Hollywoodland)
    Dogma
    Procura-se Amy (Chasing Amy)
    Balconista 2 (Clerks II) – Compre aqui
    O império do Besteirol Contra-Ataca (Jay and Silent Bob Strikes Back)
    Barrados no Shopping (Mall Rats)
    School Ties

  • Crítica | 500 Dias Com Ela

    Crítica | 500 Dias Com Ela

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    O que mais surpreende em 500 Dias com Ela é a completa inversão de papéis que ocorre. Enquanto em boa parte das comédias românticas temos certas “regras” clássicas do gênero e que aqui são completamente subvertidas, causando no público uma experiência muito diferente do que está acostumado.

    Joseph Gordon Levitt interpreta Tom, um arquiteto que nunca exerceu sua profissão e trabalha na área de criação de uma empresa de cartões comemorativos. Tom tem uma vidinha típica que acaba dando uma nova guinada ao conhecer Summer (Zoey Deschanel, aquela mesma do nosso top 10), uma recém contratada secretária no escritório onde ele trabalha. Com o passar do tempo, os dois se dão conta de que têm várias coisas em comum e desenvolvem uma relação. O problema é que Summer não acreditar no amor.

    Marc Webb faz sua estréia como diretor de longas em 500 Dias com Ela e começa muito bem. Conhecido por seu trabalho em videoclipes, Webb adota uma forma toda particular e própria para contar a sua história, o que dá o tempero necessário para a fluidez da história. Usando uma linguagem não linear, Webb intercala os 500 dias do relacionamento de Tom e Summer entre os bons e maus momentos vivenciados pelos dois, sempre mostrados sob a perspectiva do protagonista.

    A trilha sonora funciona muito bem e serve para mostrar como muitas vezes Tom está se sentindo. A direção de videoclipes de Marc Webb imprime uma assinatura própria ao filme, o que não teria acontecido tão bem com um diretor qualquer, já que o longa tinha tudo para cair no lugar comum e se tornar uma comédia romântica com elementos de um grande clipe da MTV, aqui vemos o contrário, Webb usa toda sua experiência anterior para sair do lugar comum e funciona muito bem.

    Gordon-Levitt e Zoey Deschanel esbanjam química e carisma, o que ajuda a imersão na história. 500 Dias com Ela é uma comédia romântica honesta, criativa, sensível e inteligente. Recomendado.