Tag: Marcus Baldini

  • Crítica | Uma Quase Dupla

    Crítica | Uma Quase Dupla

    Longa de Marcus Baldini, Uma Quase Dupla é um filme protagonizado por Tatá Werneck e Cauã Reymond, e busca emular um cinema de gênero policial, misturando com elementos de comédia, semelhante em partes com o que Ritmo de Aventura, de Roberto Farias, fazia com os filmes de super espião de James Bond.  Baldini, que ficou conhecido demais por Bruna Surfistinha e Os Homens São de Marte e é Pra lá Que eu Vou, consegue trazer um filme que foge de estereótipos.

    Werneck faz uma policial competente do Rio de Janeiro chamada Keyla, ela é designada para tentar resolver os problemas graves que a pequena cidade Joinlândia está tendo. O vilarejo é acometido de alguns assassinatos estranhos, típicos de um serial killer e a moça passa a trabalhar com Claudio (Reymond), um jovem filhinho de mamãe que segue a profissão de seu falecido pai, e ambos recebem ordens de Moacyr, o delegado vivido por Ary França. Boa parte das  brincadeiras mora nas diferenças físicas entre Claudio e Keyla, e claro, na tensão sexual entre os dois.

    A graça presente no longa depende basicamente do desempenho de Weneck, que prima por um humor físico muito intenso. Ela se joga no chão, faz cambalhotas, se esgueira por muros e age como uma policial astuta de seriados como CSI, Law and Order ou NY Contra o Crime, mesmo sem ter qualquer gestual que meramente se assemelhe a isso. Além de todo esse comportamento corporal, ela também usa de muita verborragia, o que algumas vezes funciona, outras não.

    O restante do elenco parece de fato ser interiorano e parte da comunidade de Joinlândia, não só Reymond, mas também Daniel Furlan, que faz um sujeito engraçado e muito baixo. França faz um delegado surtado, muito realista e sempre nervoso com seus subordinados. A direção de arte de Rita Faustini também é muito bem trabalhada, com uma construção de aura de cidade pequena que faz tudo parecer mais crível toda a falação em torno do local.

    Apesar de apelar para alguns clichês e de ter um mistério meio óbvio de se resolver, Uma Quase Dupla é bastante engraçado e não faz o espectador de burro ao apelar pra frases feitas ou bordões típicos de comédias insossas. Dependendo da renda que tiver poderá se tornar uma franquia com Tatá, que certamente ajudará a comediante a se tornar uma estrela de cinema, como já se tornou na televisão.

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  • Review | Me Chama de Bruna

    Review | Me Chama de Bruna

    Após uma boa aceitação do público ao filme Bruna Surfistinha, protagonizado por Deborah Secco e dirigido por Marcus Baldini, o seriado em oito episódios Me Chama de Bruna é uma produção envolvendo o próprio Baldini e Roberto Berliner (Nise – O Coração da Loucura e Júlio Sumiu). A série é protagonizada por Maria Bopp, atriz cujo currículo envolve poucas aparições em segmentos conhecidos.

    A escolha de Bopp para o papel principal leva em conta não só a beleza da nudez da intérprete, mas sim suas semelhanças tanto com Deborah Secco, quanto com Raquel Pacheco (nome da co-autora do livro O Doce Veneno do Escorpião). Fato é que a maior parte dos momentos em que ela está em tela, não há uma exposição realmente interessante da história. As curvas dramáticas pelas quais ela passa são comuns demais e quando se exige um maior empenho dela, é entregue uma performance normalmente engessada da atriz.

    O diferencial do programa televisivo para o de cinema são as histórias paralelas. Apesar de Bopp não conseguir traduzir dramaticamente bem seus problemas e anseios, há um bom desempenho por parte dos personagens periféricos, ainda que não exista tempo suficiente para que se explore minimamente bem seus momentos. O núcleo de mulheres que habitam a mesma casa que Bruna/Raquel, é composta pela cafetina Stella (Carla Ribas) e por outras meninas, entre elas Jéssica (Nash Laila), Georgette (Stella Rabelo), Mônica (Luciana Paes) que normalmente entregam bons momentos, além disso, há também JR (Jonathan Hageensen), filho de Stella, que se envolve romanticamente com Bruna.

    A questão primordial é que a maioria das situações comuns fora da casa de tolerância são completamente bobas e sem apelo emocional. Gravidez sem planejamento, romances entre as pessoas que orbitam o bordel e todo o resto soa infantil e não condizente com a questão adulta que aborda a premissa do programa. Mesmo em situação mais comuns entre os programas, como demonstração de golden shower, entre outras fantasias, são retratadas de maneira muito tímida.

    Entre o quinto e o sexto episódio é apresentada uma trama policial, que perde força graças a dedicação de tempo a questões triviais, nem quando há um ensaio para um momentos mais audacioso a importância se concretiza. Me Chama de Bruna começa insossa, e não tem muito a oferecer exceto as boas atuações de Paes, Ribas, Hageensen e outros, mesmo as cenas de nudez ou semi-nudez não são picantes ou minimamente explícitas, fazendo perguntar o que pretendia o seriado que expande o tema do filme.

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  • Crítica | Reza a Lenda

    Crítica | Reza a Lenda

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    A estreia de Homero Olivetto como diretor é bastante curiosa. Seu background é como roteirista, e sua obra mais conhecida anteriormente era Bruna Surfistinha, de Marcus Baldini. Reza A Lenda tem uma ligação extrema com o filme já citado, não em temática, mas em produção, já que Baldini é um dos produtores do longa-metragem. A comparação mais justa é com o recente Dois Coelhos, de Afonso Poyart, no sentido de tentar emular uma estética pouca vista no cinema nacional e utilizada sem restrições no cinemão comercial. O roteiro de Olivetto, Patrícia Andrade e Newton Canitto explora o estigma de uma terra sem lei, onde há uma temível luta por sobrevivência por parte de um grupo de jovens que busca trazer a chuva para as áridas paisagens do nordeste interiorano brasileiro. Segundo o mentor e líder Pai Nosso (Nanego Lira), baseado em profecias antigas, as torrentes de água só viriam por meio de um milagre, de uma santa localizada em um ponto desconhecido, sabido somente por um mago do deserto chamado Galego Lorde (Júlio Andrade). A missão de Ara (Cauã Reymond) e seu grupo de motoqueiros é intervir junto ao bruxo e seguir as estranhas instruções dele.

    A gravidade está na posse do ídolo, uma vez que o artigo é um souvenir do poderoso coronel Tenório (Humberto Martins), um tradicional manda-chuva da região, violento e autoritário ao extremo. Durante o percurso da jornada, o grupo de motoqueiros que acompanha Ara se vê em posições complicadas, repletas de contravenções, raptos e atos de moral discutível. Nesse ínterim, eles tomam como refém a jovem e bela Laura, vivida por Luisa Arraes, o que causa ciúmes na personagem de Sophie Charlotte, Severina, mulher do líder do bando.

    A ambientação no sertão nordestino e o figurino de maltrapilhos dos personagens fazem o longa ter algumas semelhanças imagéticas com a franquia Mad Max, comparação essa fortificada pelo clima apresentado no trailer. Já nas primeiras cenas de ação o estigma é contrariado, uma vez que a situação de caos não parece ser global, e sim localizada em um pequeno trecho daquela paragem, fazendo daquele lugar quase como uma pátria independente, esquecida por Deus, pelas autoridades e pelos forasteiros. A boa intenção de produzir tal isolamento esbarra num montante de sotaques mal construídos, forçados ao extremo, parecidos com a multiplicidade inexistente no repertório de ator de Tony Ramos, maximizado e distribuído por quase todo elenco. Poucas atuações passam impunes a isto, exceção, claro, a Nanego Lira e Jesuíta Barbosa.

    O longa consegue driblar a possível imitação barata produzida pela expectativa pré-filme, mas se perde em um amontoado de clichês e ideias bobas de argumento. A base dos problemas locais é real e a discussão poderia se aprofundar, mas não há harmonia entre o curioso modo de contar a história e a real problemática da região nordestina, que há anos sofre com o estado de secura e dificuldade de irrigação de plantações e demais instalações rurais.

    Somente fugir do fiasco é pouco para um produção que buscava ser um diferencial no circuito brasileiro mainstream, no entanto a qualidade da fotografia e a direção de arte fazem salvar um pouco o todo de Reza A Lenda, que evolui o conceito de filme de gênero tentado por Operações Especiais, principalmente por não conter um sub-texto tão risível e preconceituoso. A trilha sonora prejudica também a imersão na história e o acréscimo do fator fé é mostrado de modo bobo, causando risos ao invés de gerar empatia no drama dos personagens. A direção de Olivetto é competente, o que gera expectativas sobre seus futuros trabalhos, fazendo desse o aspecto mais positivo da produção, sem dúvida, além é claro da atuação de Martins, Andrade e de Lira.

  • Crítica | Os Homens São de Marte e é pra Lá Que Eu Vou

    Crítica | Os Homens São de Marte e é pra Lá Que Eu Vou

    Depois  de trabalhar em obras audiovisuais ambientadas em universos mais maduros e adultos, Marcus Baldini dá vida a versão cinematográfica do monologo cômico protagonizado por Mônica Martelli. A história de Os Homens São de Marte e é Pra Lá Que Eu Vou foca-se na vivência de Fernanda, vivida pela autora da peça, que vivendo a meia-idade, não consegue achar um homem para chamar de seu, tendo na ironia de trabalhar como mestre de cerimônias, orquestrando casamentos, a certeza de que sua vida é miserável sem algum ser do cromossomo Y.

    Tudo que envolve Fernanda lembra – e relembra – o quão mal ela está por não ter nenhuma companhia ao fim do dia, desde as frases de aceitação da solteirice, às amigas igualmente “soltas” e sua equipe, formada por mil estereótipos, tendo em Anibal o maior dos arquétipos batidos, com Paulo Gustavo transbordando os trejeitos homoafetivo de péssimo gosto, semelhante a nove entre dez trabalhos em que o humorista busca ser um ator.

    As reclamações da heroína se contradizem, pelos homens que passam por si e pelas oportunidades que passam por sua porta. Suas desventuras incluem encontros românticos com homens de belos corpos e de estirpe alta, sujeitos endinheirados que querem desesperadamente o seu corpo, mas que somente o têm em momentos especiais, em meio a hotéis caríssimos, flats e coberturas localizadas em prédios de luxo. Fernanda parece saber se esgueirar por estes locais, uma vez que toma todo o cuidado para estar sempre bela, se maquiando em espaço físicos minúsculos, para não aparentar ressaca ou transparecer a idade que realmente têm, pois mesmo com todas as qualidades possíveis ela ainda se mostra insegura, com muitas falas trôpegas, repletas de receios, mas que escondem uma ânsia por ter o tal do “homem perfeito”.

    A carência da protagonista é tamanha que qualquer alento significa mil fantasias, planos de fazer seu futuro com os homens com quem dorme ou os que meramente se aproximam dela. O comportamento obsessivo de Fernanda parece afastar as possibilidades de amor. Todos os seus esforços e desejos envolvem agarrar um homem para toda a vida, ainda que esteja longe demais  disso, já que a ansiedade a limita a somente atrair pessoas distantes demais do que ela realmente quer.

    No entanto, é notório que qualquer homem mais velho que se aproxima dela logo parece o par perfeito, sonhadores, inteligentes e interessantes. Qualquer engodo a pega, mesmo quando as noções artísticas do sujeito sejam toscas e cafonas, e que não saltam aos olhos dela, mesmo com seu ofício que se pauta em arte. Seu deslumbre não é justificado em momento algum, a não ser pela ostentação financeira de quase todos os parceiros sexuais dela, homens ricos os quais ela parece querer comprá-los apenas com o luxo, já que ela se põe a venda o tempo inteiro.

    A comédia fútil não consegue entreter, tampouco faz rir; situações forçadas que se repetem demais, reprisando momentos de outros humorísticos românticos. Até a personalidade de seu público não é totalmente encontrada, já que o roteiro não sabe a quem agradar, pois pouco funciona para qual for o sexo do visualizador. A cada novo parceiro, Fernanda promete que não fará sexo na primeira tentativa do sujeito, mas sempre cede, refirmando todo o caráter de reprise da fita, se auto-referenciando o tempo todo, mesmo que o exercício seja pobre.

    A beleza de Mônica Martelli é um dos poucos pontos positivamente destacáveis da obra, em meio aos eventos que louvam a trivialidade e a completa ausência de conteúdo, além de julgar a rotina de gente simples como algo menor, num preconceito socioeconômico enorme. As brincadeiras que funcionavam no teatro ficam gritantemente excludentes no grande ecrã: O que deveria ser uma comédia leve acaba sendo um freak show de discriminações, que esconde todos os pré-julgamentos atrás de uma mensagem de busca por amor, um amor que não consegue aceitar os seres como eles são.

    O oportunismo e a vontade louca de agarrar um homem para sempre que Fernanda guarda banaliza o romance e o amor; o sentimento deixa de ser algo raro para servir unicamente ao egoísmo dela, movido pela ânsia por não ficar sozinha, seguindo uma cartilha de comportamento baseada no lugar comum e na sabedoria popular, mas sem qualquer conteúdo ou substância. Exibindo uma enorme variação de clichês, vendendo uma mensagem de autoajuda que tem no machismo exacerbado a sua âncora, Os Homens São de Marte e é Para Lá Que Eu Vou é uma história superficial e tola, um evento que poderia ser interessante, mas que se atém demais a forma, e pouco ao conteúdo, refém de um final feliz num conto de fadas que mal consegue abraçar uma moral, ou uma mensagem minimamente sofisticada.