Tag: Roberto Berliner

  • Crítica | Os Quatro Paralamas

    Crítica | Os Quatro Paralamas

    Os Paralamas do Sucesso são parte do cenário do pop rock nacional há algum tempo. Já protagonizaram alguns documentários como Herbert de Perto sobre o guitarrista e frontman Herbert Vianna, até especiais televisivos como VH1 Behind the Music e outros. Os Quatro Paralamas é um longa de Roberto Berliner e Paschoal Samora e tem a intenção de ser um recordatório de cunho pessoal da história da banda, inserindo o empresário Zé Fortes como parte integrante da fórmula de sucesso da banda.

    O filme reúne imagens de arquivo e gravações inéditas pois Berliner e Samora eram bem íntimos do conjunto e se valeram disso para registrar atos e viagens há muito tempo. Já na atualidade os quatro conversam diretamente para o documentário, com falas que parecem ensaiadas, mirando a harmonia, destacando que poucas vezes brigaram entre si, mas sem qualquer naturalidade na abordagem.

    O documentário não foge da ideia de destacar a intimidade dos compositores e músicos. Vale a pena por ser um bom registro histórico, do amadurecimento e envelhecimento de Herbert, Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria), mas não tem a mesma força de outros produtos primos, como A Vida Parece Uma Festa que aborda a história dos Titãs, por exemplo. Não há muita ousadia.

    Ao menos são mostradas cenas raras, como ensaios com o músico argentino Fito Páez, além de diversas homenagens. Fato é que não se toca em qualquer polêmica ou qualquer assunto minimamente espinhoso. Os diretores produzem uma obra que tem momentos legais e divertidos, mas soa morna. Pouco acrescenta em informação, especialmente para o fã, parecendo em alguns pontos mais um produto comercial encomendado pela assessoria de um artista.

  • Review | Me Chama de Bruna

    Review | Me Chama de Bruna

    Após uma boa aceitação do público ao filme Bruna Surfistinha, protagonizado por Deborah Secco e dirigido por Marcus Baldini, o seriado em oito episódios Me Chama de Bruna é uma produção envolvendo o próprio Baldini e Roberto Berliner (Nise – O Coração da Loucura e Júlio Sumiu). A série é protagonizada por Maria Bopp, atriz cujo currículo envolve poucas aparições em segmentos conhecidos.

    A escolha de Bopp para o papel principal leva em conta não só a beleza da nudez da intérprete, mas sim suas semelhanças tanto com Deborah Secco, quanto com Raquel Pacheco (nome da co-autora do livro O Doce Veneno do Escorpião). Fato é que a maior parte dos momentos em que ela está em tela, não há uma exposição realmente interessante da história. As curvas dramáticas pelas quais ela passa são comuns demais e quando se exige um maior empenho dela, é entregue uma performance normalmente engessada da atriz.

    O diferencial do programa televisivo para o de cinema são as histórias paralelas. Apesar de Bopp não conseguir traduzir dramaticamente bem seus problemas e anseios, há um bom desempenho por parte dos personagens periféricos, ainda que não exista tempo suficiente para que se explore minimamente bem seus momentos. O núcleo de mulheres que habitam a mesma casa que Bruna/Raquel, é composta pela cafetina Stella (Carla Ribas) e por outras meninas, entre elas Jéssica (Nash Laila), Georgette (Stella Rabelo), Mônica (Luciana Paes) que normalmente entregam bons momentos, além disso, há também JR (Jonathan Hageensen), filho de Stella, que se envolve romanticamente com Bruna.

    A questão primordial é que a maioria das situações comuns fora da casa de tolerância são completamente bobas e sem apelo emocional. Gravidez sem planejamento, romances entre as pessoas que orbitam o bordel e todo o resto soa infantil e não condizente com a questão adulta que aborda a premissa do programa. Mesmo em situação mais comuns entre os programas, como demonstração de golden shower, entre outras fantasias, são retratadas de maneira muito tímida.

    Entre o quinto e o sexto episódio é apresentada uma trama policial, que perde força graças a dedicação de tempo a questões triviais, nem quando há um ensaio para um momentos mais audacioso a importância se concretiza. Me Chama de Bruna começa insossa, e não tem muito a oferecer exceto as boas atuações de Paes, Ribas, Hageensen e outros, mesmo as cenas de nudez ou semi-nudez não são picantes ou minimamente explícitas, fazendo perguntar o que pretendia o seriado que expande o tema do filme.

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  • Crítica | Nise: O Coração da Loucura

    Crítica | Nise: O Coração da Loucura

    Nise 1

    Cinebiografia de uma figura histórica, Nise – O Coração da Loucura discorre a respeito da vida e obra de Nise Reis, doutora psiquiatra que, nos anos quarenta, implantou um método de tratamento que contrapunha o barbarismo da lobotomia, comum no mundo inteiro..

    A personagem título, apesar de repleta de nuances, é vivida de modo retilíneo por Gloria Pires, que não compromete em sua performance, mesmo com um roteiro quadrado. O fato de utilizar fatos comprovadamente documentados deveria garantir personalidade e veracidade ao filme de Roberto Berliner (diretor também de Júlio Sumiu e Herbert de Perto), mas não é suficiente, ao menos a luz do que o produto final representa.

    A figura de Nise era contestadora e revolucionária e o argumento tenciona tocar em tais pontos, mas esbarra em um maniqueísmo ordinário, que demoniza os burocratas, como se em seus atos houvesse simplesmente uma atitude má e gananciosa. A personagem do doutor César (Michel Bercovich) é o típico vilão dos pueris quadrinhos contemporâneos da trama da fita.

    Outro fator terrível são os diálogos, que beiram o ridículo, mesmo em se tratando de um filme de época. A moralidade do texto é simplista e simplória, com uma execução que não corresponde a qualidade da ideia original. Nise – O Coração da Loucura é mais uma das cinebiografias quadradas e conservadoras, bem a moda das telenovelas mais populares do Brasil.

    O método de Nise também é mostrado de um modo tosco, sendo apresentado somente como atos de permissividade tola, como se libertar o paciente fosse o suficiente para mudar seu quadro, bem como a simples troca de alcunha dos doentes, de paciente para cliente. O tratamento é muito mais profundo, e a fita não deixa isso nada claro.

    Um dos fatores positivos, é a persona de Mario Pedrosa (vivido por Charles Frick), que relembra a tradição da crítica artística ligada ao não reacionarismo. Ao final, as pessoas reais aparecem em tela, e nos poucos momentos em que Nise aparece, demonstra um conjunto de emoções e gracejos muito mais intensos do que Pires fez o tempo inteiro, resultando em um desperdício claro de talento da atriz. O filme tem tudo para ser abraçado pelo público, pela formula e pelo carisma dos artistas esquizofrênico, e claro, por ter um apelo emocional justo e que combina com o drama real, mas ainda está longe de ser um filme homenagem que prime por ineditismo.