Crítica | Meu Primo Vinny
Os filmes de tribunal sempre tiveram seu público. Em geral, são filmes dotados de grande carga dramática, tramas intrincadas e pautados nas relações e emoções humanas. Um grande exemplo do gênero é o clássico 12 Homens e Uma Sentença, magistralmente dirigido pelo mestre Sidney Lumet e estrelado por Henry Fonda, em uma de suas mais marcantes interpretações. São poucos os exemplos de comédias ambientadas em um tribunal, e Meu Primo Vinny é disparado a melhor fita de todas.
Trabalho mais relevante da carreira do diretor Jonathan Lynn, com roteiro de Dale Launer, o filme conta a história de Bill Gambini e Stan Rothstein, dois jovens de Nova York que, ao viajar pela região rural do estado do Alabama, acabam sendo julgados por um assassinato que não cometeram. Por não ter muito dinheiro, Bill resolve recorrer ao seu primo Vinny Gambini, um advogado recém-formado, que não possui nenhuma experiência, para defendê-lo perante o grande júri.
O diretor Jonathan Lynn conduz com competência o filme, e o roteiro de Dale Launer é muito divertido, uma vez que centra boa parte das piadas no grande contraste cultural entre os nova-iorquinos Vinny e sua namorada Mona Lisa, e os habitantes da ficcional Beechum County. Os diálogos e situações são excepcionais, e algumas situações um pouco mais absurdas, como a dificuldade de dormir que Vinny enfrenta, são muito engraçadas. A cidade também é muito bem filmada, e suas locações são mostradas em detalhes, ajudando a detalhar o “mundo estranho” ao qual o local pertence. Além do mais, o filme consegue fazer uma reprodução bastante fiel dos procedimentos que circundam um júri popular nos EUA.
Joe Pesci dá um show como Vinny Gambini. Apesar de ser baixinho, seu jeito estranho histriônico e seu timing de comédia o agigantam na tela. Suas interações com o conservador juiz, interpretado por Fred Gwynne, e as cenas em que ele interroga as testemunhas são ótimas. Os jovens Bill e Stan são interpretados com competência pelo eterno Karate Kid, Ralph Macchio, e Mitchell Whitfield. Porém, o grande show é de Marisa Tomei. Esbanjando charme e comicidade, a atriz consegue uma atuação natural e extremamente engraçada, sendo responsável pelos melhores momentos do filme e pelo clímax surpreendente. Os boatos maldosos de que Jack Palance teria lido errado o envelope que premiou Marisa com o Oscar de melhor atriz coadjuvante não merecem eco. Sua performance foi sim merecedora do prêmio.
Fãs de filmes de tribunal ou de comédia serão bem agradados por este Meu Primo Vinny, uma comédia esperta, de diálogos divertidos, situações engraçadas e que não apela pra escatologia em nenhum momento, fato esse que a torna praticamente obrigatória.