Crítica | O Planeta dos Macacos
Falar do clássico O Planeta dos Macacos não é uma tarefa fácil, afinal o filme já está consolidado como um dos grandes clássicos do cinema há anos. Serei breve e objetivo nessa resenha, e espero que consiga convencer quem ainda não assistiu essa obra, que confira o quanto antes este clássico do cinema cult e de ficção-científica.
Baseado no livro de Pierre Boulle, o filme conta a história de quatro astronautas que viajam para o espaço, rumo a uma estrela na constelação de Orion, e caem em um sono profundo de dois mil anos. Ao acordarem, no então ano de 3978, descobrem que aterrissaram em um planeta desconhecido, e partem em busca de algum sinal de vida naquele local. Após uma longa jornada pelo deserto, os astronautas encontram um povo bárbaro e tentam estabelecer contato, o que é dificultado pois eles não conseguem articular palavras e apenas emitem grunhidos e gritos animalescos. Enquanto tentam os primeiros contatos, algo surge e aterroriza esses raça de humanos bárbaros, fazendo todos partirem em uma corrida frenética. Quando se dão conta, os astronautas se veem perseguidos por macacos vestidos com trajes humanos, montados em seus cavalos e disparando seus fuzis contra aquele povo, para transformá-los em escravos, animais de estimação e cobaias de laboratório.
Nos dias atuais a cena pode não causar o mesmo impacto que causou em 1968, e até mesmo poder soar um pouco bizarro e tosco, mas no ano do lançamento causou um frisson inacreditável, sendo responsável por uma das maiores bilheterias do cinema na epóca. E pudera, com um roteiro desses não poderia ser diferente, tendo o já astro, Charlton Heston no papel principal do astronauta que após um sono artificial, aterrissa em um planeta desconhecido, parecido com a Terra, se depara com uma realidade chocante onde homens agem como macacos e os macacos são seres dotados de inteligência e usam estes como experimentos e escravos.
O Diretor norte-americano Franklin J. Schaffner, um dos responsáveis pelo sucesso que o filme tem até hoje, mostrou um excelente trabalho de câmera, com grandes tomadas e conseguindo extrair boas atuações, inclusive dos atores que utilizavam a maquiagem para viver seus personagens símios, o que acabava dificultando em suas interpretações. Schaffner fez o que Tim Burton não conseguiu, expor a inversão de papéis entre homem e macaco de uma maneira excepcional, e sobretudo ser crível com essa história. O roteiro do filme é grande responsável por isso, ao mostrar essa realidade aterradora entre dominador e dominado, porém, sem um trabalho competente de direção teria sido esquecido à muito tempo.
E por falar dos aspectos técnicos, o que dizer da maquiagem dos macacos? Simplesmente perfeita e por incrível que pareça, ainda hoje consegue convencer quem a vê, além de ser mais expressiva que muitas animações feitas nos últimos anos. O responsável técnico John Chambers recebeu um Oscar honorário anos depois pela Academia, muito merecidamente, mas um bocado atrasado, pois na premiação de 1969 foi totalmente ignorado por ela. O filme havia sido indicado apenas para o Oscar roteiro original e figurino.
O estilo narrativo é um pouco lento em comparação aos filmes hollwoodianos atuais, isso se dá ao estilo típico do cinema até o início dos 70. O que torna uma ótima oportunidade para quem não conhece o estilo cinematográfico da epóca e não quer começar com filmes mais “pesados”, O Planeta dos Macacos é uma ótima pedida, pois pode ser considerado um dos blockbuster’s da epóca.
Schaffner conseguiu mesclar aventura, suspense e ficção-científica como poucos. Charlton Heston emplaca mais um grande papel depois do clássico Ben-Hur. Enfim, um filme que merece ser visto e revisto por todos nós, não só por ser um grande clássico do gênero sci-fi, mas também por todo seu contexto histórico e político da época de seu lançamento.
Ouça: Planeta dos Macacos.