Crítica | Grande Hotel
Em 1995 a Miramax do produtor Lawrence Bender resolveu juntar quatro diretores para fazer um filme colaborativo onde Quentin Tarantino, Robert Rodriguez, Alexandre Rockwell e Allison Anders contariam cada um uma história curta, em Grande Hotel. A abertura animada talvez seja o ponto mais memorável do filme, normalmente esquecido por boa parte dos fãs dos cineastas dado seu caráter nada sério. A realidade é que boa parte dos segmentos não são inesquecíveis de fato, compondo assim histórias genéricas em sua maioria.
The Missing Ingredient tenta soar transgressor, mas não consegue ir além de um humor pastelão misturado a pitadas de sensualidade da parte do elenco feminino que Anders conduz. O outro quadro, Wrong Man, de Rockwell, começa por um pedido de gelo de um dos quartos, que é na verdade feito pelo personagem do produtor, Lawrence Bender, mas acaba em um mal entendido com um casal que tem fantasias em fingir participar de um sequestro. As histórias são chatas e enfadonhas, sendo a segunda ligeiramente melhor.
The Misbhavers é dirigido por Rodriguez e tem Antonio Banderas fazendo um pai nervoso, que obriga Ted a cuidar de seus dois filhos enquanto ele está fora. Aqui claramente o cineasta mexicano usufrui de alguns dos elementos que poria na franquia Pequenos Espiões, e apesar de alguns absurdos e surpresas do roteiro, não há muito diferencial. A última parte cabe a Tarantino, que estrela, dirige e escreve uma história sobre um cineasta hospedado no hotel que tem muitas exigências. Chester Rush é uma versão do próprio realizador de Pulp Fiction, em uma brincadeira onde ele revela sua vaidade, que o fez tentar durante um bom tempo emplacar uma carreira como ator. O grave problema é que The Man From Holywood é repleto de diálogos, mas nenhum tão inspirado quanto de costume.
E assim termina Grande Hotel, um filme que pretendia ser uma alternativa despretensiosa a filmografia dos que estão ali envolvidos, mas que é tão desprendida de compromissos com histórias bem desenvolvidas que soa apenas como um pequeno filme onde cineastas famosos podem exercer alguns de seus caprichos em um micro-universo onde os personagens e situações se cruzam, mas que não tem qualquer significado ou qualidade ímpar.