Tag: Marcus Majella

  • Crítica | Chocante

    Crítica | Chocante

    Johnny Araujo e Gustavo Bonaffe conduzem a comedia nostálgica Chocante, que mostra o destino de uma antiga boy band brasileira que se reúne após a morte de Tarcísio, o mais carismático do conjunto. Clay (Marcus Majella), Tim (Lúcio Mauro Filho), Téo (Bruno Mazzeo), Toni (Bruno Garcia) vão até o velório do antigo amigo e percebem o quão acinzentada é a rotina de todos, ainda mais depois do período em que brilharam tanto, nos anos oitenta/noventa, quando cantavam seu sucesso, choque de amor.

    O destino deles muda um pouco, quando Quezia (Deborah Lamm) que era presidente do fã clube da banda os encontra no acontecimento fúnebre. Depois de tomar uma cerveja com eles, ela convida os remanescente para ir em sua casa e depois de muito insistir – e da obvia recusa deles – os convence a se apresentarem mais uma vez, pelo menos.

    A questão é que a vida de cada um mudou por completo, há personagens que negam  vontade que tem de tentar brilhar novamente, há aqueles que não sabem viver se não sob holofotes, e há principalmente muitas mentiras para esconder, em especial pela rotina que cada um abraçou para si, a fim de tirar algum sustento após o fim do conjunto.

    Os visuais completamente desconjuntados e figurinos muito diferentes entre si causam uma estranheza no olhar e fazem valorizar as diferenças que o antigo quinteto sofreu com o passar dos anos. Apesar de soar brega na maior parcela da historia, essas partes são extremamente divertidas e causam risos no publico, que infelizmente foi em pouco número as salas de cinema.

    O elenco está afiado, mas Majella consegue roubar a cena na maioria dos momento solo, quando conversa consigo mesmo, ensaiando as inverdades que dirá para seu chefe, a fim de ter folga e tempo para tentar reavivar seu sonho de brilhar junto aos antigos amigos. O saudosismo da trama é bem exemplificado, mas não passa por cima da realidade, que mostra um final que é otimista mas não irreal, reiterando que os dias de estrelato do quinteto (agora quarteto) passaram, mas ao mesmo tempo, valoriza a cumplicidade e amizade que um dia existiu entre os meninos, mostrando que esse Chocante foi marcante e forte nas suas vidas e nas suas identidades, além de ser obviamente uma ode aos anos noventa e as bandas de uma música só, resultando em um filme divertidíssimo.

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  • Crítica | Um Tio Quase Perfeito

    Crítica | Um Tio Quase Perfeito

    Durante um bom tempo as comédias da Globo Filmes eram sinônimo de bilheterias altíssimas, com retorno financeiro para muito além do cachê dos astros globais. Leandro Hassum, Paulo Gustavo, youtubers como Kefera Buchman e afins lotavam as salas, e essa realidade mudou um pouco nos últimos anos, com arrecadações de medianas para ruins, salvo raras exceções como Minha Mãe É Uma Peça 2. Em Um Tio Quase Perfeito, de Pedro Antonio, tenta-se replicar a formula de Paulo Gustavo com seu amigo e parceiro, Marcus Majella, que vive o trambiqueiro Tony.

    Um dia, Tony e sua mãe (Ana Lucia Torre) percebem-se sem saída, despejados de sua casa e sem condições de se manter, vão até a irmã do protagonista, Angela (Leticia Isnard) e imploram para ficar ali, já que estão sem teto. A contra-gosto, sabendo que ele é um sujeito irresponsável, ela aceita a presença dele, já que terá que viajar e não tem com quem deixar as crianças. A partir daí uma nova etapa começa e a jornada é composta por inúmeros clichês de inversão de expectativa.

    Tony é um sujeito aparentemente egoísta e sem escrúpulos. Suas dívidas com agiotas trazem a insegurança a casa onde está, mas sua índole na verdade é de um sujeito que não sabe lidar com seu espírito livre. Apesar da maior parte das situações soarem bobas e repetitivas, há um bocado de charme na batalha que o personagem tem, graças especialmente ao carisma de Majella, que está muito bem, em uma versão moderna e um pouco afetada de Don Ramón Valdés, o Seu Madruga, de Chaves.

    A redenção que ocorre com Tony soa positiva ao final, mostrando uma evolução de arco do personagem que encontra o seu lugar como mentor das crianças interpretadas por Sofia Barros, João Barreto e Julia Svaccina, ainda que tenha uma carga de melodrama barato e obviedade latente.

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  • Crítica | Vai Que Cola: O Filme

    Crítica | Vai Que Cola: O Filme

    Vai Que Cola 1

    O cenário humorístico brasileiro mudou muito nos últimos anos. Um acréscimo de influências nonsenses começou a permear o modus operandi de muitos comediantes mais novos, assim como surgiu uma nova “tradição” de stand-up. Na exata lacuna no meio deste novo arquétipo e o estereótipo de piadista comum e ordeiro, típico da rede aberta de televisão, o afetado Paulo Gustavo se inclui, apelando normalmente para uma persona debochada e irônica, mas que não chega a fazer discutir, tampouco leva seu espectador a ter qualquer reflexão. O seu Valdomiro Lacerda em Vai Que Cola – O Filme repete a mesma graça do seriado homônimo, ainda que haja pequenas diferenças entre as abordagens.

    O folhetim pratica o desserviço de propagar um pensamento bastante preconceituoso em relação ao cidadão carioca suburbano, sempre representando-o como um ser barulhento, sem modos e afeito a selvageria, salvo unicamente por uma condição de bondade extrema, movida por uma ingenuidade primorosa que faz parecer que esse povo é bobo e fácil de enrolar. A gravidade do programa ocorre por sua enorme popularização, em especial com as classes menos favorecidas e menos estudadas, que veem pastiches de suas situações corriqueiras, tendo enfim alguma coisa em que se enxergar.

    Ao contrário do que as últimas temporadas propagavam, na Multishow, todo o show é de Valdomiro, que até permite algum brilho para o seu elenco, formado por Catarina Abdalla, Cacau Protásio, Samantha Schmutz, Emiliano D´Avila, Fiorella Mattheis e Fernando Caruso, com pequenas cenas para cada um desses conseguirem mostrar seu valor, ainda que não haja qualquer possibilidade de aprofundamento em seus dramas. A exceção é feita ao personagem Ferdinando (Marcus Majella), que faz uma figura homossexual ainda mais cômica e caricata que Valdo, até tem momentos de protagonismo, o que fomenta qualquer situação de representatividade.

    Apesar do claro problema em retratar um Rio de Janeiro que está nos cartões postais, às custas de uma zona de moradia que produz todo o material de exploração de todo o município, há algumas interferências de seu diretor, Cesar Rodrigues, que tateava ainda como cineasta, mas que punha sua experiência como condutor da novela Labirinto e da série da HBO, Filhos do Carnaval, em especial no desenvolvimento da metalinguagem e na fala direta de Paulo Gustavo com o público. Para o realizador, méritos enormes, para o astro, segue a mesma vergonhosa e covarde postura vista em Minha Mãe É Uma Peça, deixando cada vez mais claro o quão preconceituoso e ferino é o ideário do comediante, que se vale do conservadorismo para se acomodar em sua carreira já fundamentada.

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