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  • Review | Diário de Um Confinado – 2ª Temporada

    Review | Diário de Um Confinado – 2ª Temporada

    Após a primeira temporada de Diário de um Confinado, o ator e produtor Bruno Mazzeo e sua esposa e cocriadora Joana Jabace resolveram mais uma vez mostrar um pouco da rotina do personagem Murilo. O primeiro de seis capítulos chama-se Desconfinando, e mostra as mudanças de hábitos durante a pandemia do novo coronavírus. O programa segue sendo bastante engraçado, fazendo piada com situações do cotidiano e dificuldades provenientes dos tempos atuais e anormais.

    Murilo continua neurótico e paranoico, com muitos problemas. Além dele, há o retorno de alguns personagens engraçados, como a psicóloga que Fernanda Torres faz, a vizinha Adelaide feita por Débora Bloch ou Matheus Nachtergaele, além de participações de Leticia Colin. As pessoas querem ter algum contato social com Murilo, mas elas esbarram nas inseguranças dele, que é um sujeito naturalmente surtado. Essa tentativa de interação demonstra um pouco da péssima forma de lidar com a pandemia que a maioria das pessoas ostenta, e serve de denúncia – embora obviamente o intuito da série seja fazer rir, e não desenvolver uma grande crítica social.

    Em circunstâncias comuns, o personagem principal poderia ser encarado como antissocial (não que isso seja um problema), mas nesse cenário, ele é apenas cauteloso.  Os seis episódios mostram mudanças grandes na rotina de Murilo, ele está diferente, e essa dinâmica é bem divertida, e como o foco do seriado sempre foi mostrar a vida de uma maneira leve e descontraída. Além disso, há um número menor de quebra da quarta parede. Mazzeo, por exemplo, não se revela como personagem, como foi no fim da primeira temporada.

    No final do ano de 2020, houve um episódio maior (45 minutos, mais que o triplo da média), falando a respeito das festas típicas dessa época, com forte cunho emocional e que explora os personagens da família de Murilo, desde as inseguranças de ter que lidar com uma tentativa de vida normal em meio a uma pandemia às tentativas de seguir em frente mesmo com um novo tipo de rotina. Diário de Um Confinado – 2ª Temporada consegue refinar o seu humor, e até inovar em sua simples proposta, dando novas camadas ao seu personagem principal, que  se despede bem do seu público, abrindo possibilidades de aventuras futuras.

  • Review | Diário de um Confinado

    Review | Diário de um Confinado

    Diário de Um Confinado é uma série feita para o streaming da Rede Globo, protagonizada e idealizada por Bruno Mazzeo, o mesmo que anos antes havia feito Cilada, com direção geral e co-criação de Joana Jabace. O programa tem como personagem um sujeito solteiro, solitário e paranoico, que tem 12 episódios para mostrar seu cotidiano, lidando com seus receios de contrair corona vírus e apresentando seus vizinhos, parentes, o terapeuta, e toda sorte de vida social on line, já que está obrigado a ficar isolado.

    Mazzeo vive Murilo Barros, um homem comum, cuja aparência não é tão diferente da que o ator e humorista  sustenta. Um sujeito de meia idade, barbudo, levemente fora de forma, embora não seja esteticamente fora dos padrões. Sua aparência desleixada visa emular a condição da maioria das pessoas confinadas durante a pandemia, e nisso, ela acerta demais.

    A trilha sonora é repleta de músicas populares, sobretudo de rock nacional incluindo a que abre o programa, AA UU dos Titãs,  executada a exaustão ao longo dos capítulos. Entre os temas mais abordados estão a propagação de fake news por redes sociais, hipocondria, dificuldade em fazer exercícios, a futilidade da vida social, reuniões impertinentes entre condôminos, e até a dificuldade que um solteiro tem em se relacionar numa época em que não se pode ter quase nenhum contato social.

    O elenco de apoio quase nunca interage com Mazzeo direta e pessoalmente, a não ser Deborah Bloch, sua vizinha de porta, e Matheus Nachtergaele, um conhecido que ele encontra na rua. Fora eles, participam Renata Sorrah, Fernanda Torres, Lúcio Mauro Filho, Luciana Paes, Lázaro Ramos, Arlette Sales entre outros, quase sempre aparecendo em vídeo conferencia, ou seja, sendo o grosso gravado na casa desses atores, uma vez que a temporada inteira foi gravada de maneira remota.

    O programa foi dividido em duas partes, tendo seis episódios liberados em um dia e o restante na semana seguinte. Na primeira metade, os temas fluem bem, mas aos poucos a formula se desgasta, e se percebe um cansaço da parte dramática, com muita repetição de situações limite, e piadas não tão inspiradas.

    Diário de Um Confinado serve bem ao serviço da metalinguagem, não só pela quebra da quarta parede que Murilo faz o tempo inteiro conversando com a câmera de seu celular e, portanto, com o público, mas também por conseguir mesmo com dificuldades apresentar uma historia original e engraçada com poucos recursos de cenários e de possibilidades. É uma boa distração, embora obviamente não seja tão escapista, já que lida o tempo inteiro com o incômodo tema da quarentena.

  • Crítica | Chocante

    Crítica | Chocante

    Johnny Araujo e Gustavo Bonaffe conduzem a comedia nostálgica Chocante, que mostra o destino de uma antiga boy band brasileira que se reúne após a morte de Tarcísio, o mais carismático do conjunto. Clay (Marcus Majella), Tim (Lúcio Mauro Filho), Téo (Bruno Mazzeo), Toni (Bruno Garcia) vão até o velório do antigo amigo e percebem o quão acinzentada é a rotina de todos, ainda mais depois do período em que brilharam tanto, nos anos oitenta/noventa, quando cantavam seu sucesso, choque de amor.

    O destino deles muda um pouco, quando Quezia (Deborah Lamm) que era presidente do fã clube da banda os encontra no acontecimento fúnebre. Depois de tomar uma cerveja com eles, ela convida os remanescente para ir em sua casa e depois de muito insistir – e da obvia recusa deles – os convence a se apresentarem mais uma vez, pelo menos.

    A questão é que a vida de cada um mudou por completo, há personagens que negam  vontade que tem de tentar brilhar novamente, há aqueles que não sabem viver se não sob holofotes, e há principalmente muitas mentiras para esconder, em especial pela rotina que cada um abraçou para si, a fim de tirar algum sustento após o fim do conjunto.

    Os visuais completamente desconjuntados e figurinos muito diferentes entre si causam uma estranheza no olhar e fazem valorizar as diferenças que o antigo quinteto sofreu com o passar dos anos. Apesar de soar brega na maior parcela da historia, essas partes são extremamente divertidas e causam risos no publico, que infelizmente foi em pouco número as salas de cinema.

    O elenco está afiado, mas Majella consegue roubar a cena na maioria dos momento solo, quando conversa consigo mesmo, ensaiando as inverdades que dirá para seu chefe, a fim de ter folga e tempo para tentar reavivar seu sonho de brilhar junto aos antigos amigos. O saudosismo da trama é bem exemplificado, mas não passa por cima da realidade, que mostra um final que é otimista mas não irreal, reiterando que os dias de estrelato do quinteto (agora quarteto) passaram, mas ao mesmo tempo, valoriza a cumplicidade e amizade que um dia existiu entre os meninos, mostrando que esse Chocante foi marcante e forte nas suas vidas e nas suas identidades, além de ser obviamente uma ode aos anos noventa e as bandas de uma música só, resultando em um filme divertidíssimo.

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  • Crítica | E aí… Comeu?

    Crítica | E aí… Comeu?

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    Fernando (Bruno Mazzeo) é um arquiteto que está passando por problemas emocionais, consequência do fracasso do seu casamento. Honório (Marcos Palmeira) é um chefe de família que suspeita estar sendo traído por sua esposa Leila (Dira Paes). Fonsinho (Emilio Orciollo Neto), por sua vez, é um bon vivant que tenta emplacar a carreira como escritor, mas nunca conseguiu terminar um livro sequer e, ainda por cima, nunca conseguiu desvendar os segredos do amor. Os três são amigos de infância e estão sempre juntos no Bar Harmonia para falar da vida, dos empregos e, principalmente, das mulheres.

    “E aí…comeu?” é uma adaptação da peça homônima escrita por Marcelo Rubens Paiva, que nos apresenta de uma maneira bem humorada uma visão bastante intimista do universo masculino ao se focar na maior parte do tempo nos diálogos dos três amigos que se reúnem em um bar. O ambiente descontraído faz com que as conversas sejam sempre escrachadas, mesmo quando estão falando dos assuntos sérios uns dos outros, como uma forma de cada um deles relaxar e descontrair dos seus problemas do cotidiano.

    O filme é bem sucedido quando os personagens estão tendo um “papo de boteco” e os homens podem sentir-se bastante à vontade com a forma como os personagens interagem entre si. Porém, toda essa coerência apenas se resume nas cenas que se passam dentro do bar, pois o roteiro se demonstra fraco quando cada um volta para sua realidade e, a partir dali, o humor resta um pouco forçado.

    O destaque da atuação fica por conta de Marcos Palmeira, que rouba a cena durante todo o filme, reflexo da excelência da atuação do mesmo. Por outro lado, o humorista Bruno Mazzeo decepciona em mais uma tentativa de atuar nas grandes telas. A decepção reside no fato de que sua atuação é de certa forma limitada, o que não é diferente nesta produção. No lado feminino, Dira Paes faz uma excelente participação, mesmo tendo poucos momentos durante o filme.

    É visível que o filme dirigido por Felipe Joffily com certeza deve fazer mais sentido e ser mais engraçado no formato de teatro, o que se percebe em alguns recursos de narrativa utilizados no filme. Um exemplo disso são duas cenas em que Marcos Palmeira aparece no plano principal, conversando com o espectador em tom humorístico sobre a cena que está acontecendo atrás dele. Com certeza um excelente recurso de narrativa, principalmente pela proposta da história, mas que por ter sido utilizado apenas em dois momentos curtos e distintos do filme, acabou dando a impressão de que ficou jogado e mal utilizado. Na peça, tal recurso com certeza seria mais coerente e melhor colocado, pois o ator estaria tendo um contato direto com a plateia a sua frente.

    “E aí…comeu?” tem uma narrativa de cotidiano que poderia ter dado certo, mas peca em detalhes técnicos e opções de roteiro que o fizeram apenas parecer mais um filme brasileiro de qualidade mediana, como a maioria das comédias nacionais que podemos ver por aí. Uma comédia que reflete um cinema nacional comercial que não se arrisca em roteiros mais elaborados e que se perde em frases de efeitos e meia dúzia de cenas realmente engraçadas. É apenas mais do mesmo.

    Texto de autoria de Pedro Lobato.