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  • Crítica | Cemitério Maldito 2

    Crítica | Cemitério Maldito 2

    Cemiterio Maldito II é uma continuação de outro filme adaptado a partir de O Cemitério, de Stephen King. Dirigido por Mary Lambert, a mesma que realizou o primeiro Cemiterio Maldito, seu começo até surpreende  por sua inteligência, com um comentário metalinguístico mostrando uma equipe de cinema fazendo um filme de horror barato e de época, que é protagonizado por Renee Hallow (Darlanne Fluegel), que falece tragicamente, deixando filho e marido.

    O roteiro é de Richard Outten se difere no início do capítulo um, nesse início, mas depois a historia volta a Ludlow, onde o menino Jeff (Edward Furlong) e  seu pai Chase Matthews (Anthony Edwards) acabam de se mudar, tal qual Louis Creed e sua família fazem. Até o conceito  de não lidar bem com o luto é reaproveitado, aqui no caso, através do personagem de Furlong, que  de certa forma, retoma um pouco de seu John Connor em Exterminador do Futuro 2.

    A trajetória de Jeff é de uma qualidade discutível enorme, pois se perde um bocado na repetição de arcos do outro longa, mas ainda assim, faz o espectador se importar com ele, não só pelo sofrimento com bullying, mas também pelos personagens coadjuvantes, incluindo aí Clancy  Brown, que faz um policial sacana e cheio de personalidade, inclusive quando encontra “o mal”. Ainda assim, Lambert conduz algumas boas cenas, ao menos nas intenções. A câmera acompanhando um gato em primeira  pessoa, acompanhado de um jumpscare que faz referência a morte de um filhotinho/pet, como era bem comum na beira da estrada onde os Creed moravam.

    O encontro do cemitério é  por acaso, assim como o convite ao sobrenatural. Apesar de reciclar elementos o roteiro guarda boas surpresas, e muito gore, especialmente envolvendo a familia de Drew (Jason McGuire), o melhor amigo de Jeff , e os efeitos práticos aqui estão ligeiramente  melhores que o do filme um. Há outras quebras de expectativas, como a ressurreição de humanos bem antes do filme terminar, fato que dá uma nova face ao horror, dando vazão também a sequencias engraçadas, como a que tem um taxidermista envolvido.

    Como continuação Cemiterio Maldito II não faz muito sentido. O caso dos Creed deveria repercutir muito em uma cidade pequena, e o assunto é aparentemente proibido no vilarejo. Não há sequer uma demonstração mínima de que estão guardando segredo,  a unica pessoa que o cita é de fora da cidade, além do que não há qualquer menção aos caminhões da auto estrada. A comunicação espiritual que o protagonista sofre tem uma comicidade incômoda,  a cena causa mais riso que espanto, além de haver alguns momentos constrangedores e polêmicos, que suavizam temáticas pesadas como estupro. Apesar do roteiro ter alguma coragem, ele ser perde na previsibilidade. Gus (Brown)  é um.bom vilão,  mas alem de  ter uma expressão de pessoa má, ainda se faz uso de subterfúgios muito baratos e típicos de filmes de terror, incluindo até referencias ao Iluminado de Stanley Kubrick, fato que deve ter irritado Stephen King, que roteirizou o clássico Cemiterio de 1989.

    Ao mesmo passo que tem coragem de pôr uma criança como catalisador do mal, o longa de Lambert se perde na quantidade enorme de incongruências e coincidências, que fazem ate a insanidade de Jeff parecer o menor dos problemas. O roteiro é sofrível,  a violência gráfica é melhor que a do primeiro filme mas não ajuda a esconder a falta de sentido dos rumos que a historia toma. Ainda assim, está longe de ter justificada a pecha de filme terrível e catastrófico.

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  • Crítica | Cemitério Maldito (1989)

    Crítica | Cemitério Maldito (1989)

    A versão de Pet Sematary que Mary Lambert conduz, chamada no Brasil de Cemitério Maldito, se inicia mostrando o pequeno cemitério de animais, para logo depois cortar para uma cena com um caminhão em alta velocidade em uma pequena estrada. Uma premonição do que viria, e um resumo de onde se originaria o horror desse filme. O longa foca na família Creed, comandada pelo pai, Louis feito pelo péssimo Dale Midkiff.

    Da família, a única mais centrada é Rachel (Denise Crosby) – incrivelmente é a mais perturbada no livro de King. O Louis de Midkiff é insensível e anestesiado, enquanto Ellie (Blaze Berdell) é a criança chata e insuportável, e o pequeno Gage (Miko Hughes) é o garotinho bonitinho e travesso. Mesmo o pequeno gato preto, Church, é estranho e arisco. A  pessoa mais real do longa é Judd, o vizinho feito por Fred Gwynne, conhecido por seu papel como Herman Munster em Família Monstro. O senhor Judd é o resumo do chamado à aventura, já ele que convida Ellie a ir no cemitério, e também enfrenta Rachel sobre a necessidade de conversar com as crianças sobre a morte.

    A natureza do trabalho de Louis deveria ser mais voltado à pesquisa, afinal ele é médico em uma universidade, mas quando chega Viktor Pascow (Brad Greenquist), atropelado na estrada próxima à casa dos Creeds, ele não pode negar socorro. Essa primeira aparição de Pascow é muito boa, aterradora e fantástica, mas as outras são terríveis, além disso, o convencimento de Jud a Louis é estranho, pois ele nada explica, só sugere ao pai para que ludibrie sua filha. A dúvida que fica nesta versão é se Louis também é ateu, assim como no livro no livro, e como não há citações, acredita-se que isso não importa.

    Lambert faz um trabalho técnico muito bom, os cenários são muito bem feitos, sobretudo o cemitério indígena, assim como o trabalho de maquiagem e figurino. O aspecto visual do gato Church após voltar do mundo dos mortos também é legal, e mal se nota que foram usados sete animais para desempenhar esse papel, aliás, a única cena em que Midkiff está bem é exatamente quando o animal reaparece, nervoso mais que o normal, com olhos amarelados.

    Para um filme de baixo orçamento, Cemitério Maldito é muito bem feito, e fora um ou outro erro crasso, Stephen King tem um bom desempenho como roteirista de sua própria obra. O modo como um suicídio desencadeia a fala de Rachel sobre os traumas de seu passado é inteligente, e o encurtamento que o escritor faz ao reunir dois personagens em um é uma boa escolha narrativa, além do que as cenas com Zelda compõe um dos momentos mais assustadores do filme, em especial pelo desempenho de Andrew Hubatsek com a maquiagem fortíssima que usa. A descrição que Crosby faz desse tempo é ainda mais poderosa do que no original, e isso é muito, pois Cemitério é um dos melhores livros de King.

    Na cena do acidente, Lambert acerta no que não mostra, deixando apenas o caminhão tombado, o sapatinho com sangue, fugindo do explícito. A mudança narrativa é positiva (não era assim no original) e o desempenho de Gwynne é bom demais para ser ignorado. O filme é violento quando se trata do passado, e as maquiagens e efeitos práticos funcionam muitíssimo bem, salvo as aparições de Pascow, que não funcionam sob nenhum aspecto.

    Próximo de seu desfecho, a qualidade visual cai um pouco, nota-se que tudo que envolve Gage é artificial, tosca e mal montado, e até o stop motion soa datado, mas ainda assim há um certo charme. Cemitério Maldito peca menos que acerta, e em sua época, fez uma certa história por se tratar de um filme com pouco orçamento e que conseguia adaptar a aura de horror que King transcrevia em seus livros.

    https://www.youtube.com/watch?v=TbC1bDLd7HI

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