Resenha | Estrela da Manhã (Trilogia Red Rising) – Pierce Brown
Em Estrela da Manhã, último livro da Trilogia Red Rising, Darrow já não é mais um infiltrado nas linhas inimigas. Tanto aliados, como inimigos, têm que lidar com a revelação de sua verdadeira identidade e com o fato de que ambos foram enganados por meses. Depois da morte de Ares, o futuro da rebelião parece incerto e como nosso herói está na mãos do Chacal, o destino parece impreciso também. Porém o que mais deixa o vermelho apreensivo é a forma como a guerra mudou sua personalidade e o tornou diferente do jovem que sofria a morte da esposa.
O Chacal busca desconstruir Darrow, revertendo a manipulação genética e cirúrgica que o transformou em um Ouro, mas também submetendo-o a uma rotina de humilhações para que perca a aura de um dos homens mais admirados daquela sociedade. Mesmo quando vê uma esperança, o herói não consegue se livrar da sensação de que não é aquele que a rebelião precisa. Pierce Brown nos faz sentir o isolamento e a sensação de inadequação do personagem, assim, ansiamos pela batalha que levará ao fim a saga com as mesmas dúvidas do protagonista, e logo nas primeiras páginas deste último livro, não conseguimos imaginar um desfecho possível que não a falha de sua jornada.
É claro que temos batalhas grandiosas ao decorrer do livro, com alianças constantemente quebradas e renovadas, com muitas reviravoltas e surpresas, porém os grandes momentos do livro são as reflexões de Darrow, em seus monólogos melancólicos e sua incerteza diante de uma missão tão complexa.
Mesmo ao descrever os aliados, o autor não tem escrúpulos em mostrar suas ações e motivações pouco louváveis, afinal, nem todos que lutam pelo “Levante Vermelho” abraçam as idéias de justiça social e igualdade perante os homens. Pode haver naves e batalhas espaciais, armas com tecnologias inexistentes, mas o que se destaca na narrativa é a verossimilhança de um exercito de homens a sós defendendo cada um a própria agenda pessoal. Nem mesmo personagens como Mustang, sempre retratada como inteligente e justa, escapam desse escrutínio e por isso, ao virar de cada página, sempre esperamos uma nova traição.
Embora algumas resoluções pareçam quase mágicas e o grande numero de reviravoltas e planos secretos dentro de planos secretos seja um tanto cansativo, agrada-me que o autor se demore tanto na trama política quanto nas batalhas. É dessa maneira equilibrada que Red Rising se apresenta muito superior as outras distopias juvenis que foram lançadas aos montes no mercado brasileiro nos últimos anos.
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Mariana Guarilha é devota de George R. R. Martin, assiste a séries e filmes de maneira ininterrupta e vive entre o subconsciente e o real.
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