Review | Falling Skies – 1ª Temporada
Os últimos anos não foram fáceis para seriados de (ou com elementos de) sci-fi. Em maior ou menor escala, quase todas fracassaram: FlashForward, V, Alcatraz, Terra Nova, entre outras. O fantasma de ser “o novo Lost”, muitas vezes imposto pela mídia ou público, certamente prejudicou, mas no fim das contas elas não se firmaram por suas próprias deficiências. Sem muito alarde, mas mostrando consistência, Falling Skies parece ter escapado dessa maldição. A série do canal TNT está atualmente em sua segunda temporada, e conta com Steven Spielberg como produtor executivo e nomes como Noah Wyle e Will Patton encabeçando o elenco.
A trama mostra um cenário pós-apocalíptico, a Terra sofreu uma invasão alienígena que dizimou 90% da população humana em poucos dias. A guerra, se é que chegou a existir, já acabou e fomos derrotados. Os sobreviventes se organizam em milícias que se dedicam a uma guerrilha sem muitas esperanças. Nesse contexto, acompanhamos principalmente Tom Mason, um ex-professor universitário de História forçado a se tornar um soldado pra proteger seus três filhos. Um deles, porém, foi capturado pelos invasores, que controlam mentalmente crianças e adolescentes através de um aparelho implantado na coluna de cada um. O motivo disso, inicialmente, é um mistério.
Mistérios, aliás, existem na história, mas não são o foco principal. Talvez esse seja o mérito de Falling Skies ao se diferenciar das demais produções recentes do gênero. A série não se baseia em prometer revelações absurdas que vão mudar a vida do telespectador. Fica claro desde o início que a proposta é acompanhar os dramas daqueles personagens, seu constante dilema entre fugir e se esconder ou partir pro ataque contra os aliens (motivados mais por um desejo de vingança meio vazio, do que por qualquer outra coisa), além dos inevitáveis conflitos internos do grupo. Virou piada o termo “história sobre pessoas”, mas o caso é esse mesmo. O que não quer dizer, porém, que não existam revelações sobre os invasores. Elas são apresentadas de forma gradativa e nós as descobrimos ao mesmo tempo que os sobreviventes, uma fórmula acertada.
Outro aspecto interessante da série, uma dose de ação maior do que o esperado em produções televisivas. Todo episódio tem seus momentos de combate, mesmo que muitas vezes as lutas não sejam mostradas explicitamente. O roteiro competente ao construir a tensão das cenas é o que compensa, afinal limitações de orçamento sempre vão existir. Ainda mais dentro da proposta de mostrar DOIS tipos de aliens: os nojentões “saltadores”, que parecem um misto de inseto/aranha/crustáceo do tamanho de um ser humano; e os “mechas”, robozões com alto poder de fogo. Esses últimos são onde os efeitos especiais naturalmente ficam devendo um pouco. Mas criar implicância excessiva e condenar o seriado por isso, é sem dúvida burrice.
Ainda sobre a ação da série, há um teor altamente no militar no grupo, chamado de Second Massachussets ou simplesmente 2nd Mass (referência a uma milícia de Boston na Guerra Revolucionária Americana). O líder é o inicialmente irascível Capitão Weaver, que volta e meia quer ir pra porrada sem ligar muito para os “civis” da comitiva, cabendo a Mason, seu segundo em comando, ser a voz da razão. Em resumo, todos os movimentos que o grupo faz, seja enviar batedores em exploração, buscar suprimentos, procurar vias de fuga pra novos abrigos ou planejar ações ofensivas, são sempre tratados como algo que um verdadeiro exército faria numa zona de guerra. Pra quem gosta de histórias desse estilo, um prato cheio.
Falling Skies é uma boa opção pra fugir da eterna mesmice das produções televisivas, onde quase tudo gira em torno de séries policiais, médicas ou sitcoms. Com apenas 10 episódios por temporada, dá tempo de se atualizar e ficar na torcida por uma renovação, o que segundo os últimos boatos, é bem possível.
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Texto de autoria de Jackson Good.