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  • Crítica | Ted 2

    Crítica | Ted 2

    Ted 2 1

    Após a primeira aventura do urso de pelúcia mágico, em 2012, Seth McFarlane parece estar sofrendo um mau agouro, desde a cerimônia do Oscar, muito criticada, até o nada engraçado Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola. Mesmo os seriados animados, refúgio do artista como roteirista, passam por uma entressafra, e foi em Ted 2 que encontrou a aposta para o retorno aos bons momentos como diretor, começando pelo casamento do personagem principal, seguido de uma extensa cena que emulava os musicais clássicos, com muita dança e dúzias de extras.

    A nova etapa da vida de Ted envolve o casamento em crise com Tami-Lynn  (Jessica Barth), e o recente divórcio de Johnny (Mark Whalberg), que o faz ficar bastante deprimido. Em crise, a dupla de amigos vê uma nova missão: engravidar a esposa do animal de pelúcia, tendo que arranjar esperma “doado”, a fim de fertilizar a moça, já que o material original da Hasbro não incluía sexualização.

    Após uma das muitas sequências escatológicas, os personagens se vêem diante de uma frustração enorme, motivada pela esterilidade de Jamie-Lynn, o que faz a dupla tentar adotar um rebento, onde o herói da jornada é “pego” pela malha fina do governo, e denominado como objeto, o que gera, claro, uma leve discussão propondo uma questão grave para o roteiro jocoso. O ocaso os faz encontrar a advogada novata Samantha Leslie Jackson (Amanda Seyfried), que entre um fumo e outro os instrui em torno da defesa de seu caso, levantando uma gama de termos a favor das minorias, englobando a segregação a homossexuais e mercantilização de pessoas, como era feito na época do tráfico de negros.

    A comédia passa a ser um filme de tribunal, repleta das mesmas questões de esquetes presentes no primeiro filme. A acidez do texto de McFarlane inclui os mesmos golpes que Family Guy costuma acertar nos noticiários tendenciosos da Fox News, explorando o discurso reacionário e previsível dos informativos. A teia de vilões inclui os executivos da Hasbro e um personagem antigo, Donny, novamente vivido por Giovanni Ribisi.

    O fator surpresa  foi evidentemente perdido, traço comum se comparado a continuações com os episódios originais. Mas a química entre John e Ted segue viva, não perdendo sequer o fato de casal apaixonado com a saída forçada de Mila Kunis. As situações de bromance prosseguem funcionando, ainda que a vitalidade das piadas não seja mais o mesmo, especialmente pelas questões reprisadas do primeiro episódio.

    A sequência dentro da Comic-Con Nova York atesta a óbvia obsessão de McFarlane pelo mundo nerd, resultando em uma ode a cultura pop. Ted 2 perde demais em qualidade de piadas ao original, e suas críticas são bastante rasas se posto em paralelo com American Dad, por exemplo, mas o filme ainda assim possui um charme incomparável, que faz suplantar até as soluções rápidas e clichês de seu roteiro, ficando somente um pouco aquém das expectativas em relação ao cinema proposto pelo criador de Family Guy.

  • Agenda Cultural 46 | Ted, Cosmópolis e Looper

    Agenda Cultural 46 | Ted, Cosmópolis e Looper

    Bem vindos à bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Rafael Moreira (@_rmc), Mario Abbade (@fanaticc) e Jackson Good (@jacksgood) retornam para mais uma edição da Agenda Cultural, e dessa vez com um especial comentando os últimos lançamentos de cinema. (mais…)

  • Crítica | Ted

    Crítica | Ted

    Ted

    Ted é um ursinho de pelúcia que encantaria qualquer criança, exceto pelo fato de xingar, ser arrogante e meio louco. Resultante de um daqueles desejos infantis que se tornam realidade nos filmes, Ted definitivamente é um brinquedo de adultos.

    Filme de estreia de Seth MacFarlane (criador dos aclamados desenhos adultos Family Guy, Uma família da pesada e American Dad!), Ted trata de John, um menino solitário que ganha um urso e faz um pedido para que ele fale. Seu desejo é atendido e os dois acabam passando para a fase adulta.

    O interessante é que o urso falante se torna comparável a uma pessoa. As pessoas de verdade se relacionam com Ted quase como se ele fosse um humano – inclusive, ele é uma ex-celebridade, já que fez muito sucesso na mídia quando “ganhou vida”.

    MacFarlane coloca neste filme a linguagem e as características de seus desenhos. Ted é machista, rude, preguiçoso, que vive xingando, bebendo e fumando maconha (Ted tem uma alma meio Charlie Sheen) e é o melhor amigo de John, que compartilha quase todas as características de Ted. O interessante é que o próprio MacFarlane faz a voz de Ted, e com muito brilhantismo.

    John (Mark Wahlberg) tem um trabalho entediante em uma empresa de aluguel de carros e namora Lori (Mila Kunis), que, ao contrário de John, é uma mulher bem sucedida que vive sendo assediada pelo próprio chefe e que se incomoda pelo fato de que John está estacionado mentalmente na adolescência. Ela deseja que seu namorado seja mais independente de Ted e que a acompanhe em seus objetivos.

    O filme se presta a piadas dos tipos mais variados, ligadas ao relacionamento cômico entre John e Ted. Mark Wahlberg está muito bem no papel de um homem que tem uma adolescência prorrogada por sua relação com Ted, o que é o ponto alto do filme.

    Durante o filme há a introdução de uma sub-trama que trata de um fã maníaco de Ted (Giovanni Ribisi), com um filho adolescente obeso (Aedin Mincks), que Ted comicamente trata como Susan Boyle. Pai e filho tentam sequestrar Ted. Esta sub-trama é a parte mais sem graça do filme. Sua existência serve unicamente para criar ação, o que reforça a suspeita de que o roteiro ficou sem ideias, já que o filme tem algumas outras partes pedantes, em que o roteiro perde o ritmo (principalmente nas partes em que mostra a tradicional crise de casal de comédias românticas).

    Um grande destaque é o fato de o personagem Ted ser inteiramente desenvolvido em computação gráfica – de forma primorosa, diga-se de passagem. Em entrevistas, MacFarlane falou sobre o processo caro e trabalhoso com que o urso foi digitalmente inserido no filme: “O meu conselho seria usar um fantoche, que teria sido mais barato, mais fácil e mais engraçado”. De certa forma, MacFarlane faz alusão ao filme Um Novo Despertar, não só nesta declaração mas também em algumas passagens do filme, em que John se vê em meio a uma crise de idade e dá vazão às suas angústias através de Ted.

    Ted pode ser considerado um filme de piadas, mas as piadas são engraçadas, e os efeitos especiais são tão críveis que até nos esquecemos de que não existem ursos de pelúcia tagarelas e debochados.

    Texto de autoria de Robson Rossi.