Em meio a tantas sitcom, a TV americana é brindada, no ano de 1987, com a série Horsin’ Around, protagonizada por Bojack Horseman. O trocadilho infame entre o título da série e o ator principal, aliado à fórmula das comédias da época, garantiu um estrondoso sucesso a Horsin’ Around. E, como é de praxe, após o término do seriado, Bojack caiu no ostracismo.
Na tentativa de reerguer sua falida carreira, o ex-astro irá publicar uma autobiografia. Para isso, contrata uma “escritora-fantasma”, que irá redigir o livro e dará os créditos de autoria ao próprio Bojack. Esta é a base para a história aparentemente simples desta nova série da Netflix.
Bojack é um completo idiota. Uma pessoa/cavalo ruim. Odioso. Só faz merda. Vive em escândalos. Trata mal as pessoas. Tem uma vida desvairada regada a sexo e drogas. E o incrível disso tudo: ele tem carisma suficiente para que o espectador goste dele.
As temáticas adultas se mesclam à estética aparentemente infantil de animais antropomorfizados, criando um paradoxo interessante. Diversos elementos da cultura pop foram parodiados em referência a animais, muitas vezes de forma sutil. Isso prova que a série não quer simplesmente vomitar referências para cativar espectadores.
O dia a dia de Bojack, acompanhado de sua escritora-fantasma Diane, mostra o quão lixo este astro decadente é. Sua empresária e ex-namorada, Princess Carolyn (sim, este é o nome desta personagem mulher-gato-rosa), faz o possível para tentar reerguer a fama de Bojack, mas não abandona seu lado mercenário. O amigo (?) Todd Chavez, com sua ingenuidade, é um bom contraste para a personalidade arrogante de Bojack. E todos os personagens são muito bem trabalhados e com características particulares.
Will Arnett (Arrested Development) e Aaron Paul (Breaking Bad), além de produtores da série, dão as vozes a Bojack e Todd. Dentre o elenco de dublagem, temos diversas figuras já conhecidas, como Alisson Brie (Community) e Stanley Tucci (O Terminal). A dublagem brasileira também possui muita qualidade, sendo uma boa opção para quem não quer encarar as legendas.
Bojack Horseman foi uma grata surpresa. Apesar de alguns clichês, o roteiro é muito bom e tenta fugir do óbvio, inclusive com situações pouco puritanas. Bojack é um ótimo anti-herói e, apesar dos pesares, causa empatia suficiente para que o espectador torça por seu sucesso. Esta primeira temporada criou um belo pano de fundo para desenvolver ainda mais a história. Uma animação para adultos altamente recomendada.