Terceira temporada da série, The Following finalizou seu último ano com um anuncio de cancelamento, ato justificável diante de uma média audiência e ausência de um roteiro sólido. Após encerrar o principal embate entre Tom Hardy e Joe Caroll na temporada anterior, o roteirista Kevin Williasom tinha nas mãos duas alternativas: abordar novos personagens ou mais uma vez utilizar o mesmo vilão para outro conflito.
A escolha do roteirista foi uma abordagem mista. Aproveitando-se da mitologia criada em sua trama sobre um serial killer com pupilos fieis e desconhecidos entre si, potencializou novos assassinos seriais. Ao mesmo tempo em que fechava as pontas soltas da trama anterior como a fuga de Mark Gray, único sobrevivente da família, além iniciar o julgamento do mentor de Caroll, Dr. Strauss. Uma estrutura que une muitos psicopatas em cena, como se a narrativa os produzisse em serie, destruindo parte da credibilidade da história em um primeiro momento.
A vingança é parte primordial destes argumentos e Ryan Hardy parece motivar uma fúria centralizadora nestes grupos como o único detetive e policial da cidade possível de investigá-los. Mark Gray deseja se vingar após o assassinato da mãe, expondo e recriando as cenas da morte de sua família, alertando as mentiras escondidas por Hardy, sua sobrinha e Mike Weston, em acontecimentos apresentados na segunda temporada. Um interessante argumento que poderia conduzir a equipe a ser investigada mas que, devido ao desejo de provocar muitos ganchos, é citada em poucos episódios.
Surge em cena um novo personagem assassino parte do séquito de Dr. Strauss. Considerado o mais brilhante aluno, o assassino sabe matar sem chamar atenção da polícia e a habilidade em computação lhe garante um sigilo maior ocultando sua identidade. Trabalhando de maneira solitária, sua vantagem sobre a polícia é tamanha e desproporcional, um método que se tornou comum na série ao transformar a investigação policial em um grupo desconexo sempre um passo atrás dos vilões. Como a procura pelo assassino é difícil e, consequentemente, sem substância, a trama retoma Joe Caroll dias antes de sua execução.
Os melhores momentos dessa temporada são as poucas cenas entre Kevin Bacon e James Purefoy. Após interpretar um detetive bêbado no primeiro ano e recuperado no segundo, Hardy está mais equilibrado mas consciente do mal que o cerca. Enquanto o vilão, prestes a ser executado, ainda possui seu charme de assassino que conquista o público, mesmo que os diálogos entre as personagens sejam exagerados e demonstrem uma ligação quase passional entre policial e bandido. Como a ação pauta a narrativa, o serial killer tem um último suspiro violento ao dominar uma sala da prisão com reféns. Outro ato exagerado para simbolizar o fim da personagem que, em seguida, cumpre sua pena de morte por injeção letal.
Um desfecho que poderia ser impactante e aceitável para o bom vilão se transforma em um clichê que, mais uma vez, retira a força da trama. Um Hardy combalido emocionalmente começa a dialogar com Carell em sua imaginação. É um recurso rasteiro para ter Purefoy em cena e que não ajuda no andamento da história. Demonstrando novamente a falha estrutural ao não ter roteiro coeso que cobrisse todos os episódios desta temporada.
A ausência de uma trama sólida faz a história ser dividida em vários pequenos núcleos, explicitando a possibilidade do surgimento de novos assassinos. Assim, entra em cena outro contato oriundo do Dr. Strauss, um grupo de milionários que, aparentemente, realizam festas excêntricas. Em poucas cenas, tem se a impressão de ser um clube que realiza fantasias limítrofes sem nenhuma moral, ainda que mais nada seja apresentado ao público. O apelo deste novo grupo é nulo e parece mais uma muleta criada as pressas do que uma peça fundamental a história.
Tais núcleos tentam convergir em uma única narrativa tendo Ryan Hardy como grande epicentro. Porém, o investigador não é tão ameaçador como seus inimigos imaginam. A mística em torno do homem que preendeu Joe Caroll parece exagerada, assim como é exagerado o fato de personagens diversos desejarem destruiu o herói como se não houvesse nenhum outro alvo.
O final da série parece ainda mais aleatório – ou desesperado – e trai a composição do personagem do policial ao transforma-lo em um vigilante oculto que promete desvendar este grupo excêntrico de poderosos. Durante toda a trama, Hardy nunca pareceu potencialmente inteligente como o episódio piloto inferia. Pouco técnico, viciado em bebida, era um líder com mais força bruta do que inteligência. Sua angústia e feitos nada incríveis lhe transformava em um policial comum, atrativo como personagem central. Porém, assumir um manto de vigilante após simular sua morte parece destoar de sua personalidade, um gancho narrativo que seria a investigação de uma nova temporada que não existiu.
Sustentada em muitos ganchos de ação, a série se manteve razoavelmente bem em suas duas primeiras temporadas, em grande parte, devido a química entre os atores principais. Sem o vilão em cena e com uso exagerado de clichês e de personagens, o terceiro ano não emplaca em nenhum momento e, não a toa, justifica o cancelamento da série. Em sua curta trajetória, The Following se tornou uma narrativa com um bom potencial que não soube reconhecer suas limitações e ousar quando poderia ser diferente de outras histórias policiais, recorrendo a velhos clichês sem nenhuma originalidade.
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