O terror psicológico se tornou a principal demanda no gênero de terror no cinema americano, com uma gama de lançamentos anuais que transitam pelo mesmo tema de sustos fáceis com argumentos semelhantes entre si. Dirigido por Scott Derrickson, cuja carreira é predominantemente dedicada ao gênero com Lenda Urbana 2, O Exorcismo de Emily Rose e uma sequência de Hellraiser no currículo, A Entidade obtêm certo destaque devido a presença de Ethan Hawke.
Na trama, Ellison (Hawke) é um escritor de romances policiais baseados em casos reais de assassinato. Há anos sem lançar um best seller, o autor se muda com a família para um casa que foi palco de um crime. No sótão da casa, descobre antigos rolos de filmes com rituais de assassinato em que um estranho símbolo está presente em todas as cenas.
A primeira metade da produção se desenvolve mais próxima de uma investigação com um escritor a procura de seu novo romance de ficção explorando uma série de crimes interligados. A história que entrelaça-os é bem conduzida pelo estranhamento da situação e os registros antigos de cada crime, possibilitando uma boa trama policial se esta fosse a intenção. Como se trata de um filme de terror, o espaço para o misticismo entra em cena ao abordar um deus pagão da Babilônia que se alimenta da alma de crianças.
Com um figurino que não deve nada a um vocalista de Death Metal, a personagem é inferida para causar o medo sobrenatural na trama, uma entidade de condução que surge aos poucos até arrebatá-las, dando margem para as cenas padrão de portas se movimentando, crescente paranoia da personagem central até o momento dramático das mortes.
A produção demonstra que o cinema de terror atual está longe de preferir predadores reais mesmo que o argumento possa ser crível para tal – um assassino serial ou uma seita assassina, por exemplo. A tendência evidencia que é preferível inserir elementos mitológicos e malévolos para que o medo venha do desconhecido que deturpa a realidade. Até mesmo a execução das fitas antigas é outra tendencia atual, fazendo dos registros amadores uma espécie de plot twist, revelando assassinatos, possessões e afins.
Como o impacto é sempre necessário, a trama fecha seu enredo mas também insere um possível argumento para uma sequência, um plano estabelecido para, caso o público receba bem a produção, seja mais fácil realizar um segundo filme.