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  • Crítica | It – Capítulo Dois

    Crítica | It – Capítulo Dois

    Depois de muita expectativa, e de uma primeira  parte que fez um sucesso considerável, It – Capítulo 2 estreou com uma grande responsabilidade, de atender a expectativa não só de It-A Coisa, mas também da conta de adaptar um dos clássico literários de Stephen King, e Andy Muschietti retorna a direção para mostrar o elenco antes infantil lidando com seus medos, anseios, traumas e com memórias reprimidas, retornando a Derry, depois de magicamente terem perdido as lembranças sobre o combate a Pennywise.

    O começo do filme mostra o grupo dos Perdedores/Fracassados fazendo uma promessa, de que retornariam a cidade do Maine independente de como estariam suas vidas no momento que percebessem, para logo depois, pular para 27 anos depois, com os meninos já adultos, e vividos por atores famosos. Os momentos iniciais mostram um crime de homofobia, situando o espectador dos  horrores terríveis comuns, e mesmo com um mal ancestral e de origem desconhecida, ainda há muito de maléfico no comportamento popular do homem. Pennywise se alimenta da violência, e tem uma ligação forte com o crime de preconceito, e isso é uma ideia boa do roteiro de Gary Dauberman, um dos poucos acertos aliás.

    A partir do momento que se mostram os destinos dos personagens, a qualidade varia muito. Claro, os rumos não são tão mal pensados quanto os mostrados em It- Uma Obra Prima do Medo dos anos 1990, mas ainda assim há alguns momentos bem constrangedores. De positivo, há a apresentação de Bill Denbrough (James McAvoy), como autor de livros famosos, que tem seus textos adaptados por gente grande – há participação de Peter Bogdanovich até – alem de ter um comentário engraçadinho sobre seus finais não serem bons, em um comentário que faz paralelo com o de Stephen King e a opinião geral sobre suas primeiras obras. Outros momentos legais incluem a introdução de Richie (Bill Hader), em um ângulo estranhíssimo exibindo seu vômito antes de um show de comédia, e também do inseguro e alérgico Eddie (James Ransone), que claramente repete ciclos, e se casa com uma mulher idêntica a sua mãe, que alias, o roteiro faz questão de mostrar que isso não é à toa, soando nada sutil desta forma.

    Os problemas do filme começam exatamente no nome mais famoso de seu elenco, que vem a ser Jessica Chastain, a interprete mais velha de Beverly. Seu drama é o mais delicado e o que mais envolve clichês e artificialidades. O relacionamento abusivo e violento é muito mal traduzido, mostrado de forma sensacionalista,quase tão irritante quando os jumpscares baratos que lotam o filme.

    Outro evento péssimo é a gagueira forçada de Billy, que não soa em nada natural. A ideia de resgatar a mentalidade infantil e o trauma é boa, mas exala estranheza. A mistura dos elementos místicos, como as premonições de Bev, as descobertas meio loucas de Mike (Isaiah Mustafa) não funcionam bem, são mal ambientadas e mal explicadas, ficam jogadas no meio do filme. Toda a boa construção de naturalidade do primeiro filme vai se esvaindo aos poucos, e pioram demais com o uso excessivo de CGI, péssimo por sinal, com bonecos bem mal feitos e com textura terrível.

    O conceito de que destino e tragédia tem ambos um caráter inexorável é muito boa, mas se perde demais na quantidade absurda de flashbacks. O filme parece inchado e Muschitetti perde mão até com as poucos cenas que eram boas na adaptação antiga de Tommy Lee Wallace. Bill Hader é o responsável pelos poucos pontos realmente bons principalmente quando seu personagem lida com o de Ranson, exibindo um bromance com elementos até de homo afetividade. Mesmo Bill Skarsgård perde força, pois quando aparece, é assustador e quase tão carismático quanto Tim Curry, mas tem pouco tempo de tela, em detrimento das péssimas aparições digitais de sua forma e de outros monstros.

    Se fossem encurtadas as aparições espirituais e ilusões, o longa provavelmente teria um ritmo melhor , seria mais palatável e menos enfadonho, além do que toda a parte do núcleo de Henry Bowers (Teach Grant), tanto no hospício quanto em seu retorno a casa beira o risível. O desenvolvimento de It – Capítulo Dois é como um pesadelo dos mais extensos, uma tortura para personagens e para quem acompanha esse drama. O roteiro de Dauberman é excessivo em dar as vitimas uma chance de se redimir, além do que o gore é moderado demais para o que se esperava, além de soar artificial em cada uma de suas manifestações.

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  • Crítica | A Entidade 2

    Crítica | A Entidade 2

    A Entidade 2 - poster

    Dando sequência a narrativa de A Entidade, produção de 2012 com Ethan Hawke no elenco, a abertura deste novo filme mantém o conceito do anterior ao apresentar uma cena de assassinato ritualístico como primeiro impacto, demonstrando que ambos os são parte de um mesmo produto.

    A trama de Entidade 2 tenta fugir da repetição da formula anterior desenvolvendo um personagem central em paralelo com a nova família que será perseguida pela divindade sobrenatural. O detetive (James Ransone), presente na primeira história como um coadjuvante que ajuda o escritor Oswalt (Hawke) em sua pesquisa, retorna para dar continuidade as investigações a procura de descobrir quem é a figura misteriosa presente em diversas cenas de crime. Reconhecendo estar diante de uma entidade sobrenatural, o ex-policial tenta romper a maldição destruindo as casas que foram palco dos assassinatos e, em uma delas, encontra Courtney, uma mãe solteira que foge de um marido agressivo com seus dois filhos gêmeos.

    Mesmo evitando a repetição temática, o roteiro cai em outra armadilha do gênero ao ampliar a mitologia do personagem sobrenatural apresentando um grupo de crianças mortas que dialogam com os gêmeos da moça. São eles que convidam os garotos a assistirem os filmes com os assassinatos anteriores para iniciá-los. Porém, os filmes apresentados são diferentes daquelas da primeira produção, bem como o projetor que os exibe, fazendo-nos inferir que se trata de uma outra entidade, ou um grupo da mesma entidade, ou de um ser capaz de trabalhar simultaneamente em sua sede de almas juvenis.

    O referido Boggie Man nem mesmo aparece em cena, como se esta produção fosse um roteiro de terror genérico adaptado para esta sequência como chamariz do público, afinal, um produto já conhecido anteriormente tem sempre maior aceitação do que um inédito. Se na primeira história o escritor investigava e descobria o ser sobrenatural, nesta, a qual o público já o conhece, as crianças são o fio condutor que leva até a entidade.

    Além de apresentar incongruências quanto à linha temporal destes assassinatos, um fato bem fundamentado anteriormente, a ampliação da mitologia exagera ao colocar como padrão outros elementos além dos explorados. Uma situação que faz um rádio com uma gravação antiga surgir em cena para provocar sustos, demonstrando como esta nova história parece um produto qualquer que foi formatado para se tornar uma sequência.

    Como também acontece com continuações, as mortes se tornam mais elaboradas. Os vídeos assistidos pelas crianças trazem mais violência e tortura nas mortes e, embora tais encenações sejam eficientes e assustadoras, contém uma incoerência natural se refletirmos como tais mortes foram feitas, filmadas e nunca houve nenhuma investigação a respeito.

    A tentativa de fugir do conceito da primeira produção traz um argumento levemente modificado que falha por suas incoerências em relação aos fundamentos da primeira história. Sem a presença de nenhum grande ator, A Entidade 2 se beneficia somente pelo pouco prestígio que conquistou anteriormente mas é incapaz de assustar um público que sabe em quais momentos surgirá picos de tensão.

  • Crítica | A Entidade

    Crítica | A Entidade

    A Entidade - Poster

    O terror psicológico se tornou a principal demanda no gênero de terror no cinema americano, com uma gama de lançamentos anuais que transitam pelo mesmo tema de sustos fáceis com argumentos semelhantes entre si. Dirigido por Scott Derrickson, cuja carreira é predominantemente dedicada ao gênero com Lenda Urbana 2, O Exorcismo de Emily Rose e uma sequência de Hellraiser no currículo, A Entidade obtêm certo destaque devido a presença de Ethan Hawke.

    Na trama, Ellison (Hawke) é um escritor de romances policiais baseados em casos reais de assassinato. Há anos sem lançar um best seller, o autor se muda com a família para um casa que foi palco de um crime. No sótão da casa, descobre antigos rolos de filmes com rituais de assassinato em que um estranho símbolo está presente em todas as cenas.

    A primeira metade da produção se desenvolve mais próxima de uma investigação com um escritor a procura de seu novo romance de ficção explorando uma série de crimes interligados. A história que entrelaça-os é bem conduzida pelo estranhamento da situação e os registros antigos de cada crime, possibilitando uma boa trama policial se esta fosse a intenção. Como se trata de um filme de terror, o espaço para o misticismo entra em cena ao abordar um deus pagão da Babilônia que se alimenta da alma de crianças.

    Com um figurino que não deve nada a um vocalista de Death Metal, a personagem é inferida para causar o medo sobrenatural na trama, uma entidade de condução que surge aos poucos até arrebatá-las, dando margem para as cenas padrão de portas se movimentando, crescente paranoia da personagem central até o momento dramático das mortes.

    A produção demonstra que o cinema de terror atual está longe de preferir predadores reais mesmo que o argumento possa ser crível para tal – um assassino serial ou uma seita assassina, por exemplo. A tendência evidencia que é preferível inserir elementos mitológicos e malévolos para que o medo venha do desconhecido que deturpa a realidade. Até mesmo a execução das fitas antigas é outra tendencia atual, fazendo dos registros amadores uma espécie de plot twist, revelando assassinatos, possessões e afins.

    Como o impacto é sempre necessário, a trama fecha seu enredo mas também insere um possível argumento para uma sequência, um plano estabelecido para, caso o público receba bem a produção, seja mais fácil realizar um segundo filme.

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