Tag: Bill Skarsgård

  • Crítica | O Diabo de Cada Dia

    Crítica | O Diabo de Cada Dia

    Assinada pelo meio brasileiro meio  estadunidense Antonio Campos, a nova produção da Netflix chega sem muito alarde em sua divulgação, apostando no elenco estrelado por Robert Pattinson, Tom Holland, Bill Skarsgard, Sebastian Stan, além de Jake Gyllenhaal como produtor executivo. Baseado no livro homônimo de Donald Ray Pollack, que ainda atua como narrador no filme, O Diabo de Cada Dia é um thriller envolvendo uma série de tragédias que se conecta com a família Russel através de duas gerações, a partir do fim da primeira guerra mundial. 

    Inicialmente, o filme apresenta o personagem Willard (Skarsgard) e seu confronto com a fé após presenciar um soldado morto e crucificado na guerra, momento que faz questionar a existência de Deus e sua bondade, cortando então a relação com o Criador. Essa decisão persegue até a criação de uma família com Charlotte (Haley Bennett) e seu filho, Arkin (Holland). Temendo algo de negativo, Willard retoma seu laço com Deus e transforma sua negação religiosa em obsessão, realizando de forma violenta uma espécie de “pregação” em Arkin, principalmente após a descoberta de um câncer terminal em Charlotte. O núcleo entre a relação de Willard e Arkin se concentra em boa parte do filme e dialoga diretamente com os personagens das subtramas que permeiam o jovem interpretado por Holland. As consequências causadas pelo comportamento e suicídio de Willard criam um Arkin internamente conflituoso, entre rejeição e aceitação, mas aparentemente o único personagem com senso moral para enfrentar uma pequena jornada na perversa região de Ohio nos Estados Unidos.

    A relação com a fé mostrada na apresentação da família Russel é ponto chave da trama, que de forma paralela introduz alguns personagens que futuramente irão cruzar o caminho de Arkin. É a partir dessas histórias que o filme constrói uma genérica crítica à religião e aos atos imorais justificados pela vontade de Deus, com estereótipos já conhecidos como o pastor pilantra que suborna os fiéis com sua devoção e outro com sérios problemas psicológicos que acredita ser um enviado do Criador, um policial corrupto e até mesmo um casal de serial killers presentes na cidade. Situados num mesmo recorte temporal, esses personagens não possuem desenvolvimento na trama, o que é mostrado são apenas as trágicas consequências de suas escolhas, que por ordem do universo colidem com Arkin num rápido intervalo de tempo, trazendo uma sucessão de confrontos que colocam sua vida em jogo. 

    A casualidade no roteiro no momento de conectar  essas subtramas ao retorno de Arkin à cidade natal diminui a relevância do diálogo do filme com sua temática, transformando sequências de assassinato com o casal assassino ou a morte do cachorro em banais, expositivas em tela e vazias no discurso, funcionando apenas como choque visual. O filme que aparentava apenas se preocupar em mostrar momentos que despertam repulsa no público conclui-se nos duelos, que nesse momento já beiram o cômico dado ao desastre dos irmãos Sandy (Riley Keough) e Lee (Stan), indo contra o tom criado na primeira metade, mudando de um gótico thriller “caipira” para uma comédia de tragédias, claramente inspirada em Fargo dos Irmãos Coen, da mesma forma para sua estrutura narrativa.

    Fechando o arco dramático de Arkin com seu pai, O Diabo de Cada Dia transforma Holland num anti-herói do interior, que enfrenta as piores tragédias de forma tão genérica que nos faz pensar se ele não é apenas um amaldiçoado por Deus apenas para testar os limites do que um ser humano pode sofrer durante sua vida na terra.

    Texto de autoria de Mattheus Henx.

  • Crítica | It – Capítulo Dois

    Crítica | It – Capítulo Dois

    Depois de muita expectativa, e de uma primeira  parte que fez um sucesso considerável, It – Capítulo 2 estreou com uma grande responsabilidade, de atender a expectativa não só de It-A Coisa, mas também da conta de adaptar um dos clássico literários de Stephen King, e Andy Muschietti retorna a direção para mostrar o elenco antes infantil lidando com seus medos, anseios, traumas e com memórias reprimidas, retornando a Derry, depois de magicamente terem perdido as lembranças sobre o combate a Pennywise.

    O começo do filme mostra o grupo dos Perdedores/Fracassados fazendo uma promessa, de que retornariam a cidade do Maine independente de como estariam suas vidas no momento que percebessem, para logo depois, pular para 27 anos depois, com os meninos já adultos, e vividos por atores famosos. Os momentos iniciais mostram um crime de homofobia, situando o espectador dos  horrores terríveis comuns, e mesmo com um mal ancestral e de origem desconhecida, ainda há muito de maléfico no comportamento popular do homem. Pennywise se alimenta da violência, e tem uma ligação forte com o crime de preconceito, e isso é uma ideia boa do roteiro de Gary Dauberman, um dos poucos acertos aliás.

    A partir do momento que se mostram os destinos dos personagens, a qualidade varia muito. Claro, os rumos não são tão mal pensados quanto os mostrados em It- Uma Obra Prima do Medo dos anos 1990, mas ainda assim há alguns momentos bem constrangedores. De positivo, há a apresentação de Bill Denbrough (James McAvoy), como autor de livros famosos, que tem seus textos adaptados por gente grande – há participação de Peter Bogdanovich até – alem de ter um comentário engraçadinho sobre seus finais não serem bons, em um comentário que faz paralelo com o de Stephen King e a opinião geral sobre suas primeiras obras. Outros momentos legais incluem a introdução de Richie (Bill Hader), em um ângulo estranhíssimo exibindo seu vômito antes de um show de comédia, e também do inseguro e alérgico Eddie (James Ransone), que claramente repete ciclos, e se casa com uma mulher idêntica a sua mãe, que alias, o roteiro faz questão de mostrar que isso não é à toa, soando nada sutil desta forma.

    Os problemas do filme começam exatamente no nome mais famoso de seu elenco, que vem a ser Jessica Chastain, a interprete mais velha de Beverly. Seu drama é o mais delicado e o que mais envolve clichês e artificialidades. O relacionamento abusivo e violento é muito mal traduzido, mostrado de forma sensacionalista,quase tão irritante quando os jumpscares baratos que lotam o filme.

    Outro evento péssimo é a gagueira forçada de Billy, que não soa em nada natural. A ideia de resgatar a mentalidade infantil e o trauma é boa, mas exala estranheza. A mistura dos elementos místicos, como as premonições de Bev, as descobertas meio loucas de Mike (Isaiah Mustafa) não funcionam bem, são mal ambientadas e mal explicadas, ficam jogadas no meio do filme. Toda a boa construção de naturalidade do primeiro filme vai se esvaindo aos poucos, e pioram demais com o uso excessivo de CGI, péssimo por sinal, com bonecos bem mal feitos e com textura terrível.

    O conceito de que destino e tragédia tem ambos um caráter inexorável é muito boa, mas se perde demais na quantidade absurda de flashbacks. O filme parece inchado e Muschitetti perde mão até com as poucos cenas que eram boas na adaptação antiga de Tommy Lee Wallace. Bill Hader é o responsável pelos poucos pontos realmente bons principalmente quando seu personagem lida com o de Ranson, exibindo um bromance com elementos até de homo afetividade. Mesmo Bill Skarsgård perde força, pois quando aparece, é assustador e quase tão carismático quanto Tim Curry, mas tem pouco tempo de tela, em detrimento das péssimas aparições digitais de sua forma e de outros monstros.

    Se fossem encurtadas as aparições espirituais e ilusões, o longa provavelmente teria um ritmo melhor , seria mais palatável e menos enfadonho, além do que toda a parte do núcleo de Henry Bowers (Teach Grant), tanto no hospício quanto em seu retorno a casa beira o risível. O desenvolvimento de It – Capítulo Dois é como um pesadelo dos mais extensos, uma tortura para personagens e para quem acompanha esse drama. O roteiro de Dauberman é excessivo em dar as vitimas uma chance de se redimir, além do que o gore é moderado demais para o que se esperava, além de soar artificial em cada uma de suas manifestações.

    Facebook – Página e Grupo | TwitterInstagram | Spotify.