No primeiro livro da série, O Lobo das Planícies, vimos Temujin nascer, crescer e se tornar um grande guerreiro. Líder nato. Passamos por suas maiores dificuldades, desde muito pequeno, com a morte sempre à espreita, seja ela ‘vestida’ de fome, frio ou simplesmente um guerreiro de uma tribo inimiga. Nos habituamos ao clima feroz da Mongólia, as batalhas lideradas por Gêngis na sua busca por unificação das tribos mongóis. Esta unificação, enfim se torna realidade no início do segundo volume da série O Conquistador.
No inicio do livro, Gêngis está prestes a derrotar a ultima tribo mongol que ainda não havia se unido ao seu exército. Com mais esta vitória, seu objetivo primário está então completo. A Mongólia agora é uma nação de um só ‘Cã’, como ele sempre sonhou. Gêngis tem agora a seu dispor um incrível poder militar. E o pretende usar para livrar a Mongólia de seus inimigos, que para Gêngis são os Tártaros, povo responsável pela morte de seu pai e que desde muitas gerações guerreavam com os mongóis. Gêngis ainda desconhecia seus verdadeiros inimigos: o grande Império Chinês.
O Império Chinês se dividia em três grandes reinos na época. Os Xixia, os Song e os da dinastia Jin. O que Gêngis desconhecia era que a China e suas dinastias financiavam a guerra entre as tribos mongóis e os Tártaros. Tudo para manter os ‘bárbaros’ guerreando entre si, sem nunca se importarem com as grandes riquezas dos verdadeiros senhores daquela terra.
Toda a ambientação que Conn Iggulden nos introduziu no primeiro livro, se mostra muitíssimo relevante para entendermos a mente de Gêngis e de seus fieis discípulos nos desafios que encontrarão daqui para frente.
A inicial ignorância de Gêngis perante a tecnologia chinesa e seus hábitos civilizatórios são mostrados de forma muito interessante neste volume. Mas conseguimos ver também a sagacidade da mente do Khan, ao se adaptar rapidamente e surpreender a todos na luta contra estes “novos” inimigos.
Parece difícil de acreditar, mas este segundo volume é ainda mais dinâmico e envolvente que o primeiro. Com o pano de fundo definido logo no início, sobra espaço para as batalhas épicas que Conn narra tão bem.
Gêngis usa da arrogância sempre inerente em um grande império para atacar a China com uma brutalidade e engenhosidade militar que ninguém esperava. Isso somado à adaptação que ele implantou nas armaduras de seu exército, e fica fácil compreender como um grupo inicialmente de desgarrados conseguiu enfrentar tal potência.
A cada vitória obtida pelo exército do grande Khan, ele incorpora ao seu povo a tecnologia e habilidade do império milenar. Armaduras em placas, onde antes só tinha couro curtido. Seda por baixo da armadura, que não se rompe quando atingida por uma flecha inimiga. Até culminar nas grandes armas de cerco. A mente de Gêngis trabalha de forma lógica e simples. Quando deparado com a primeira muralha que protegia os Xixia, um dos seus generais o aconselha a desistir, pois seria impossível para eles conseguir derrubar tamanha construção. E Gêngis responde que algo que foi construído por homens, pode também ser destruído por homens!
A saga de Gêngis Khan e seus irmãos continua tão interessante quanto antes e nos incita a continuar nesta aventura, guiada pela escrita perspicaz de Iggulden. Com um cliffhanger no ato final que vai deixar qualquer um sedento pelo próximo livro da série.
Se no primeiro livro vimos o início da trajetória deste magnífico homem que se tornaria senhor da Mongólia. O segundo demonstra o quão impressionante foram as conquistas em sua vida adulta.
O Conquistador. Série esta que já se tornou imperdível para qualquer amante de um bom romance histórico.
–
Texto de autoria de Amilton Brandão.
Tava devendo o comentário…
Sem dúvida Os Senhores do Arco é o livro que te faz ver que Gengis não é uma personagem histórica importante só por ter unido as tribos: ele foi importante porque conseguiu mantê-las unidas. Ele deu aos mongóis o poder de se identificar como membro de uma nação. O mesmo poder que Hitler deu aos alemães, que os fez considerar certo o tratamento dispensado aos judeus. É um poder incrível esse de fazer um grupo de pessoas se sentir parte de um grupo.
Estou esperando a resenha do terceiro! hahaha
bjo
Estava devendo mesmo! haha
Bem pontuado, esse sentimento de unificação, de se sentir parte de uma nação foi único para os mongóis da época, e isso com certeza intensificou as habilidades deles para a guerra e a conquista.
A terceira está a caminho….pode deixar… 😉
cheers