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  • 2015 foi um ano difícil para a literatura

    2015 foi um ano difícil para a literatura

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    Este ano voou e talvez não deixe muitas saudades mesmo. O período foi um dos mais conturbados dos últimos tempos, com economia em baixa, crise política, confiança abalada e insegurança global. Pra muita gente, 2015 foi um ano de estagnação, de atrasos e de interrupção de projetos, o que só aumentou a sensação de perda de tempo, energia e recursos. No campo das artes não foi diferente, e no terreno da literatura acabamos colecionando um conjunto grande e contundente de reveses. Fizemos um levantamento da situação e podemos afirmar: 2015 foi um ano difícil! É verdade que faltam algumas semanas para fechar a fatura, mas decidimos antecipar esse balanço na esperança de que as desgraças e tragédias fiquem por aqui. 

    Fogo na Record

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    Em março, um incêndio destruiu parte das instalações do Grupo Editorial Record em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. O fogo atingiu o segundo andar do prédio, onde funciona o selo Bertrand Brasil, e havia seis funcionários no local. Felizmente, não houve vítimas, e as causas que levaram ao incêndio não foram reveladas. O estrago só não foi maior porque os bombeiros agiram rápido.

    Jornada cancelada

    Edição deste ano da Jornada de Literatura de Passo Fundo é cancelada
    Edição deste ano da Jornada de Literatura de Passo Fundo é cancelada

    Em maio, a reitoria da Universidade de Passo Fundo (UPF) confirmou que a 16ª edição da Jornada Nacional de Literatura estava mesmo cancelada. Segundo a professora Tânia Rösing, coordenadora e idealizadora do evento, o maior impedimento para a realização foi a falta de patrocínio de empresas privadas e do Estado. Verbas públicas que costumavam ser destinadas, como as do Fundo Nacional de Cultura e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, não vieram. Com histórico de participações ilustres como as de Mia Couto e Millôr Fernandes, o orçamento da feira é de cerca de R$ 3,5 milhões. Em 2015, um dos principais eventos literários do sul do país simplesmente não aconteceu.

    Portas fechadas…

    Livraria Leonardo Da Vinci

    A livraria Leonardo da Vinci funcionou durante 63 anos no Rio de Janeiro e se notabilizou por reunir intelectuais, escritores e poetas entre seus clientes assíduos. Criada em 1952 pelo romeno Andrei Duchiade, especializou-se no comércio de lançamentos importados e livros raros, mas não conseguiu competir com o mercado virtual e nem com as populares megalivrarias. Um dos clientes mais famosos da Leonardo da Vinci foi Carlos Drummond de Andrade, que a homenageou em um poema. O anúncio do fechamento do tradicional ponto de vendas e de encontros causou consternação no mercado editorial carioca.

    Suplemento extinto

    Caderno Prosa e Verso

    Em setembro, leitores do jornal O Globo foram surpreendidos com a notícia de que seu caderno literário deixaria de circular. O suplemento “Prosa & Verso” seria incorporado por outra seção, o “Segundo Caderno”, relegando o espaço dedicado à literatura a uma melancólica página frente e verso no diário carioca. O suplemento estava às vésperas de completar vinte anos de existência, mas nem isso impediu que desaparecesse causando pelo menos 40 demissões. Entre as baixas estava o crítico José Castello, um dos mais respeitados do país.

    Escritor preso?

    Delegado Tobias

    Aconteceu em setembro e talvez você nem acredite. Um personagem da ficção – sim, da ficção! – provocou um inquérito criminal encaminhado para o Ministério Público e investigado pela Polícia Federal. Incitada por uma denúncia anônima, a polícia achou necessário investigar uma peça da ficção em busca de evidências de “falsificação e uso de documento público” para criação de uma obra literária. O escritor paulistano Ricardo Lísias se viu nesse enredo kafkiano ao ser intimado pelas autoridades policiais a depor e a explicar que o teor da série com o Delegado Tobias é literatura, autoficção, e não crime de falsificação de documentos…

    Uma editora a menos

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    Em dezembro, Charles Cosac chocou o mercado editorial ao anunciar que a sofisticada editora Cosac Naify iria encerrar suas atividades. Especializada em publicações com alto padrão de qualidade, voltadas para os clássicos da literatura, livros de arte, arquitetura e fotografia, a Cosac Naify começou a operar no mercado brasileiro em 1997. A justificativa para o fim da editora deveu-se a uma vontade pessoal do fundador, em virtude da crise financeira e dos altos custos de produção dos livros, consumidos por um público cada vez mais restrito no país. O anúncio pegou a todos de surpresa, e houve até comoção nas redes sociais, como se um sonho tivesse acabado…

    Nossas maiores perdas

    Não bastassem tantos dissabores no mercado editorial, o nefasto 2015 também não cansou de causar  estragos, esses irreversíveis. Grandes escritores nos deixaram nos últimos meses: Henning Mankell, Oliver Sacks, Eduardo Galeano, Tomas Transtromer, Helena Jobim, Içami Tiba, Günter Grass, Ruth Rendell, Terry Pratchett, Joel Rufino dos Santos, Carmen Balcells, E.L. Doctorow

    São perdas inestimáveis.

    2015, está na hora de virarmos a página!

    Chris Lauxx

     Texto de autoria de Chris Lauxx, pseudônimo dos jornalistas Rogério  Christofoletti e Ana Paula Laux, autores da enciclopédia Os Maiores Detetives do Mundo e editores do site literaturapolicial.com

  • Resenha | Walt Disney: O Triunfo da Imaginação Americana – Neal Gabler

    Resenha | Walt Disney: O Triunfo da Imaginação Americana – Neal Gabler

    Artista visionário e subversivo que revolucionou para sempre o entretenimento mundial, ao mesmo tempo um conservador reacionário e tradicional. A biografia de Walt Disney, escrita por Neal Gabler, nos apresenta a complexa figura de um dos maiores nomes do entretenimento de todos os tempos, senão o maior.

    O autor narra a história de vida do artista de forma linear desde seu nascimento, em 1901, em Chicago; passando pela infância pobre, mas alegre em Marceline no Missouri; voltando para Chicago e tendo uma adolescência difícil e cheia de privações, onde inclusive chegou, uma vez, a pegar comida do lixo; quando foi a Los Angeles e montou seu estúdio na Hyperion com o irmão Roy no meio dos anos 20, produzindo as Comédias de Alice e Oswald, o Coelho Sortudo; suas várias idas a Nova Iorque nos anos 30 passando pelas mãos de agentes inescrupulosos no início do sucesso do Mickey Mouse e das Silly Symphonies (Sinfonias Ingênuas); sua época mais criativa e visionária como artista nos primeiros longas metragens do estúdio, como Branca de Neve, Fantasia, Pinóquio, Dumbo e Bambi; o grande hiato da Segunda Guerra Mundial e a produção em massa de filmes de guerra; os bastidores do relacionamento com os canais de televisão; a abertura da Disneylândia em 1955; e a sua morte em um hospital de Los Angeles, em 1966.

    É difícil dissociar Walt Disney de sua criação mais famosa, Mickey Mouse; os dois inclusive estampam a capa brasileira do livro. Ao longo da biografia, o culto ao rato é bem discutido por Neal Gabler, que analisa o impacto do personagem na sociedade americana, tanto como herói subversivo, durante a depressão, quanto pelos produtos licenciados que vendeu (fenômeno iniciado com o Gato Félix alguns anos antes). De acordo com o autor, a personalidade anárquica dos primeiros curtas se encaixou no espírito difícil da época, e as adversidades que Mickey precisava enfrentar nos filmes o transformou em ícone de sobrevivência.


    Steamboat Willie (1928), o primeiro desenho do Mickey Mouse


    O revolucionário Skeleton Dance (1929)

    Não à toa a posterior domesticação do rato nos anos seguintes gerou duas curiosas criações: Pato Donald, para suprir a energia anárquica, e a dupla Pernalonga e Patolino do estúdio Warner Bros. Donald não teve o mesmo impacto que Mickey, e, nesta época, final dos anos 30, Disney perdia popularidade para os personagens do Merrie Melodies, uma das várias cópias de Silly Symphonies.

    Gabler também ressalta a importância dos cinco primeiros longas, os melhores segundo o autor, pois foram os que Walt Disney se envolveu diretamente: Branca de Neve e os Sete Anões (1937), Pinóquio (1940), Fantasia (1940), Dumbo (1941) e Bambi (1942). De acordo com Neal Gabler, a premissa dos filmes é a mesma: amadurecimento; eles dialogavam com a fase de realização profissional e pessoal de Walt na época.

    Branca de Neve foi a primeira animação longa metragem do cinema. Como eram pioneiros, os animadores foram evoluindo o processo de erro e acerto da época dentro da principal característica de Walt Disney: a busca pelo perfeccionismo. O filme poderia ter sido muito mais barato se houvesse maior planejamento e se Disney não interferisse no cronograma, mas ainda assim serviu de molde para os demais.

    Sua próxima ambição artística era Bambi, porém, para fazer da maneira que gostaria e imaginando o futuro da animação com maior realismo ao invés de estilizada e caracterizada, demorou mais para treinar os animadores. Enquanto isso, ele produziu Pinóquio e Dumbo em paralelo, até que resolveu transformar a Silly Symphony – Aprendiz de Feiticeiro em um projeto ambicioso no que veio a se tornar Fantasia, em parceria com o maestro Leopold Stokowski. Assim que lançou Dumbo, Walt teve que finalizar Bambi no meio da famosa greve de 1941, e, assim, em 1942, terminou sua fase mais criativa dentro da animação, segundo o autor.

    Acusado de ser racista por The Song of The South (1946) e antissemita pela criação do Mickey Mouse nos anos 30 ao associar ratos a judeus, Neal Gabler analisa Walt Disney mais como parte de uma geração branca e protestante com pouca ou nenhuma sensibilidade racial do que efetivamente racista e antissemita. Isso contribuiu para aumentar ainda mais a controvérsia em torno de si, deixando a sua personalidade muito mais distinta: como um artista subversivo criador dos primeiros desenhos como Steamboat Willie e Skeleton Dance se tornou um anticomunista e macartista dedo-duro? Como pode um visionário que concebeu o mundo do futuro EPCOT ser, ao mesmo tempo, um conservador em razão da domesticação que Mickey sofreu no final dos anos 30?

    O autor tenta responder a estas e outras perguntas desvendando a famosa greve que o estúdio sofreu em 1941. Como pode Walt Disney se sentir traído por seus funcionários que buscavam justas reivindicações mesmo após a imposição de um regime, o qual durou anos, de profundo desrespeito às mínimas condições dignas de trabalho?

    De acordo com o autor, Disney, por muitos anos, buscava construir uma utopia em volta de si, e, finalmente, quando a conseguiu por meio do estúdio da Hyperion produzindo seus filmes, sentiu que ela foi ameaçada ao ser boicotada pelos papéis que seus funcionários deveriam desempenhar. Ele é um artista lutador e visionário até o momento em que se concretiza sua utopia, mas se torna um conservador reacionário quando a protege de quem tenta destruí-la. Não à toa Walt Disney não se envolveu tanto com os filmes posteriores a Bambi, em 1942, passando pelo grande hiato dos filmes de guerra que invadiram o estúdio para que a produção não cessasse, sendo essa sua pior fase. O artista só voltou a ter paixão profissional anos depois com a inauguração da Disneylândia, em 1955, um sonho literalmente recriado.

    Se Walt Disney já havia mudado o entretenimento com Mickey Mouse elevando as possibilidades de licenciamento que o rato permitiu, a construção do parque temático misturando passado e futuro mudou novamente o conceito de entretenimento. Não somente as mídias convergiam agora com os longas e curtas metragens do estúdio como temas das atrações no parque, mas outra inovação trazida pela Disneylândia foi o próprio conceito de ambientação do local. A ideia de Walt era a imersão completa, e para isto ele precisava atingir duas ideias: o de isolar fisicamente o parque de qualquer contato externo; e o conceito arquitetônico que ficou conhecido como “disneyficação da realidade”, que seria a transformação física do tamanho de ruas, calçadas, bancos e parques que visam deixar o local com uma representação não tão realista. De acordo com Neal Gabler, a ideia dos parques foi uma tentativa de retorno ao saudosismo, mais precisamente ao da infância.

    Por incrível que possa parecer, Walt Disney não era rico como executivo de estúdio na época. Todo o dinheiro que ganhavam, os irmãos Walt e Roy reinvestiam no próprio estúdio para manter a alta qualidade das animações. O lucro gerado pelo licenciamento de produtos era pouco, e não havia como vender novamente o filme para outras mídias, algo que acontece hoje em dia. Isso mudou um pouco com a chegada da televisão e com as novas receitas dos filmes clássicos reexibidos, mas ainda assim a produção dos programas para a ABC era custosa.

    O dinheiro adquirido com a televisão proporcionou a construção da Disneylândia, e a receita do parque aliada à da TV viabilizaram o outro complexo de parques na Flórida: o Walt Disney World. Só posteriormente a Walt Disney Company cresceu e virou uma das maiores corporações midiáticas do mundo, não ironicamente muito depois da morte de seu mais famoso fundador, ajudando a consolidar seu nome na história.

    Outro trunfo da biografia é que o autor sempre apresenta um panorama da época narrada, criando assim uma rica ambientação em que tenta desvendar o motivo das escolhas de Walt diante de situações eventualmente difíceis. Por causa disso, Neal Gabler acaba indo e voltando algumas vezes na narrativa, podendo deixar um pouco confuso um leitor não muito atento. Outro grande acerto é a quantidade de fotos das mais variadas épocas, enriquecendo ainda mais o livro. As 700 páginas têm muita informação, o que requer um tempo maior de leitura que um romance do mesmo tamanho levaria, ainda mais se o leitor optar pela recomendação de ver e/ou rever os principais clássicos enquanto lê o livro.

    A tradução de Ana Maria Mandim é boa, ajuda no ritmo fluente do livro, apesar de conter algumas esquisitices, como “legendário” em vez de “lendário”, em partes da biografia.

    Ler sobre a controversa personalidade de Walt Disney não é somente tentar entender sua figura distinta, mas também olhar para a importante inovação que os curtas do Mickey e das Silly Symphonies trouxeram; reconhecer a importância de Branca de Neve e Os Sete Anões para a história do cinema; é desvendar o alcance do licenciamento de produtos que o fenômeno Mickey Mouse trouxe; é ver como um executivo de estúdio se tornou pioneiro ao se associar aos canais de televisão; é tentar descobrir o sucesso da Disneylândia e do complexo de parques na Flórida; e, principalmente, ver como o nome de alguém se tornou uma das maiores marcas registradas do século XX e, posteriormente, uma das maiores corporações midiáticas do planeta.

    Texto de autoria de Pablo Grilo.

  • Millennium: A Trilogia de Livros Ideológica

    Millennium: A Trilogia de Livros Ideológica

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    Atenção: este review contém spoilers dos três livros. Siga por sua conta e risco.

    A trilogia Millennium foi escrita pelo sueco Stieg Larsson nos anos 2000 e lançada na Suécia em 2005, pouco depois de sua morte, se tornando rapidamente um sucesso mundial de vendas. Ela também inspirou quatro filmes, três suecos e um americano e uma minissérie de tv sueca que na verdade são os filmes acrescentados de material extra.

    Sinopse: a vida atribulada do jornalista econômico Mikael Blomkvist e da hacker Lisbeth Salander se cruzam para resolver um dos maiores mistérios de uma família industrial sueca, como também do maior segredo de estado do governo sueco.

    Logo no início do primeiro livro já percebe-se que Stieg Larsson e sua trilogia Millennium não se tornaram referência nos romances policiais à toa. Os livros abusam da estrutura e dos clichês existentes do gênero: a criação de um grande mistério que servirá de engrenagem para mover a história e que só irá se revelar no fim de cada livro; o trabalho de detetive de uma dupla completamente distinta entre si, Blomkvist e Salander, que esbarram nas dificuldades investigativas padrão apresentadas pelo autor; a criação de personagens misteriosos; personagens escadas que são esquecidos pelo autor e que voltam à trama só para revelar uma informação para fazer a história andar novamente, e etc. O diferencial vem do fato de que os livros possuem alma. Sim, alma. Diferente dos romances policiais padronizados, a trilogia Millennium é recheada de ideologias que Larsson combatia, principalmente as conquistas feministas para a sociedade sueca atual, o tráfico de prostitutas e o feminicídio que só reforçam a perpetuação do machismo na sociedade, além da importância de se combater o fascismo e o nazismo.

    O primeiro livro é fechado e mostra todo o arco da família industrial Vanger. É aqui que a história mais interessante acontece, em que Larsson usa e abusa dos principais clichês de tramas policiais. O autor aborda o feminicídio e a violência contra a mulher o tempo todo ao mostrar a investigação de serial killers suecos que matavam mulheres através de dizeres bíblicos.

    Durante um evento familiar anual nos anos 60, a futura herdeira do império empresarial Harriet Vanger desaparece sem deixar rastros. Até que Henrik Vanger, o ex-patriarca, após quase 40 anos, decide contratar o jornalista Mikael Blomkvist, condenado meses antes por difamação contra um magnata, para solucionar o caso. Com a ajuda da enigmática Lisbeth Salander, eles conseguem resolver este mistério.

    Stieg Larsson

    Stieg Larsson

    É aqui também que se entende o motivo dos livros serem conhecidos como trilogia ‘Millennium’, já que Millennium é o nome da revista onde Mikael Blomkvist trabalha e é um dos donos. A redação da revista se revela como um local espetacular em que qualquer jornalista idealista em início de carreira adoraria trabalhar, já que mostra toda a produção mensal, e, principalmente os temas das principais reportagens que serão abordadas em cada revista sendo discutidos e investigados. Porém, temos só um gostinho na boca, já que o principal da história se passa na cidade de Hedestad e arredores, durante a investigação do desaparecimento de Harriet Vanger.

    O segundo e o terceiro livros são uma história só, que de tão grande que ficou, o próprio Larsson resolveu dividi-los, já que existe uma interrupção brusca no meio da trama. O casal Dag Svensson e Mia Bergman, novos colaboradores da Millennium, são assassinados enquanto investigavam o tráfico de prostitutas da Europa Oriental para a Suécia. O principal suspeito dos crimes recai sobre Lisbeth Salander, que se torna foragida enquanto faz a sua própria investigação para descobrir o verdadeiro assassino. Enquanto isso, Mikael Blomkvist decide continuar a investigação do casal assassinado, e acabam se deparando com Sala e o maior mistério do governo sueco.

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    A única Lisbeth Salander que importa, a sueca Noomi Rapace

    No segundo e terceiro livros Larsson amplia a crítica sobre a violência contra a mulher na sociedade: enquanto no primeiro ele mostrou o estupro sofrido por Salander, agora ele aborda como a mídia impressa e televisiva retrata da pior maneira uma mulher acusada de assassinar dois jornalistas, que por acaso é bissexual. A “lésbica satânica e assassina” na visão da mídia e de algumas pessoas envolvidas no caso, faz com que a sua opção sexual seja posta em cheque o tempo todo, outras vezes é vista como o motivador dos crimes. Esta crítica severa à condução da mídia é outro trunfo do autor. Enquanto romances policiais padronizados utilizam bem os clichês e estruturas do gênero, mas não se interessam por mais nada além de “contar uma história”, Larsson alcança aqui o seu diferencial: não utiliza os clichês e a estrutura dos romances policiais tão bem assim, mas por outro lado consegue levantar tantas perguntas e suscitar várias discussões atuais e necessárias dos assuntos e temas inseridos na trama. Cada caso de abuso de direitos humanos, em especial os de violência contra a mulher, é comentado direta ou indiretamente pelo autor através de algum personagem ou do próprio narrador. E é aí que reside o poder e o fascínio da trilogia.

    Nesses dois livros nós conhecemos diretamente o dia a dia da redação da Millennium e todos os casos e reportagens em que os jornalistas trabalham. Como dito antes, o local é um grande centro de luta pelos direitos humanos, inspirando qualquer jornalista idealista em início de carreira. As pautas discutidas pela equipe, as investigações, a corrida contra o tempo para entregar tudo no prazo, a estrutura de publicação, tudo é interessante na redação da Millennium. Algum leitor empolgado pode querer virar jornalista depois de ler os livros. É uma pena que na vida real a redação da revista Expo, que o autor fundou e trabalhou nos últimos anos de sua vida, não seja tão emocionante como a dos livros.

    Se Stieg Larsson pode ser criticado por abusar de clichês e estruturas de romances policiais, ele compensa na criação de seus protagonistas. Lisbeth Salander é a grande sensação dos livros, ofuscando todos os outros. Ela é de longe o personagem mais complexo, desconstruindo o esteriótipo do “personagem esquisito”. O autor fornece tanta informação relevante sobre ela e o seu passado complicado com uma mãe espancada pelo pai, além das várias famílias adotivas que passou, que o leitor consegue tecer uma complexa rede psicológica sobre a desajustada social Salander, entendendo as suas reações nas situações onde o autor as coloca.

    Já um pouco atrás de Lisbeth, o jornalista econômico Mikael Blomkvist foi outro grande personagem dos livros. Mais em evidência no primeiro livro onde faz papel de detetive, Blomkvist é construído sob o alicerce do “detetive desacreditado” por causa do processo onde perdeu logo quando se inicia o primeiro livro. A sua vida sexual de desprendimento diz muito sobre si: Mikael é uma pessoa de relacionamentos tão abertos que acaba não se prendendo a ninguém, nem emocionalmente, nem quando está investigando algo e se esquece do mundo e seus compromissos. Neste ponto, ele e Salander são muito parecidos.

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    Os dois Mikael Blomkvist: o sueco Michael Nyqvist a esquerda e o inglês Daniel Craig, a direita

    Outros personagens memoráveis dos livros são a diretora da Millennium, Erika Berger; Holmer Palmgreen, ex-tutor de Lisbeth; o designer da revista Christer Malm; dos Vanger: o patriarca Henrik, sua filha Cecília, seu sobrinho Martin, e, é claro, Harriet; o chefe da Milton Security Dragan Armanskij; o novo tutor de Lisbeth, Nils Bjurman; a assistente da Millenium Malu Eriksson; o loiro gigante Ronald Niedermann; o inspetor Jan Bublanski; a detetive Sonja Modig; a policial Rosa Figueroa; os ex-membros da SAPO Evert Gullberg, Gunnar Bjorck e Fredrick Clinton; a advogada e irmã de Mikael, Anikka Giannini; Miriam Wu; o promotor público Richard Ekstrom; o psiquiatra Peter Teleborian; o odioso Hans Faste; e Alexander Zalachenko.

    Uma grata surpresa do livro é a quantidade de marcas conhecidas que o autor coloca, fornecendo mais veracidade à história. A Apple (e o Powerbook da época) é citada constantemente como o computador usado pela Lisbeth, além do iBook de Mikael, os carros e modelos da Volvo ajudam a criar o ambiente, os móveis da Ikea e os celulares da Motorola também, assim como a descrição das armas de fogo utilizadas de diversas marcas, além dos equipamentos ultra-modernos da Milton Security.

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    A revista Expo que Larsson fundou com a sua companheira e que inspirou a Millennium

    Cabem também algumas críticas aos livros. Todos eles são muito mal editados, mais os livros 2 e 3, que poderiam ser condensados em um só. Enquanto o primeiro livro é um pouco mais dinâmico, nos outros chega a cansar, às vezes, o autor repetindo os fatos passados. Dessa forma, dá pra pular alguns capítulos de mais de 20 páginas sem problema nenhum, já que o fato que ali aconteceu será repetido algumas vezes posteriormente de forma sucinta por algum dos personagens. A leitura dinâmica também é recomendada em algumas partes dos livros 2 e 3, principalmente quando aborda o funcionamento de algumas instituições suecas, como as diversas polícias e sistemas políticos, do executivo ao judiciário.

    Dados reais extensos ao invés de resumidos, que poderiam estar em um extra ou em algum tipo de universo expandido, só reforçam a péssima edição dos livros. A rotina dos dois protagonistas também é mostrada de forma desnecessária, como os vários cafés da manhã e compras de supermercado de Blomkvist e Salander.

    Os diálogos no geral passam batido, mas alguns em especial dos livros 2 e 3 são tão mal escritos, que aqui não dá pra culpar somente Stieg Larsson e o editor dos livros, mas incluir aí também a tradutora Dorothée de Bruchard, que a Companhia das Letras fez o desserviço ao leitor brasileiro de traduzir para o português a tradução francesa. Uma descrição como “Sonja Modig fez a primeira pergunta pertinente, querendo saber como Paolo Roberto tinha entrado na trama” (p. 471, livro 2), ou diálogos como “Não vou pedir que você denuncie seus colegas, mas que me avise se perceber que estão tramando para expor a Salander a mais um abuso judicial” (p. 65, livro 3) e “Você é uma fonte. Não vou te citar nem te botar numa encrenca” (p. 65, livro 3), ou ainda “Aqui você não é um jornalista neutro, e sim um personagem da trama. – Mikael concordou de novo com a cabeça.” (p 198, livro 3), servem para empobrecer a história.

    A trilogia Millennium vale a pena? Se você se interessa somente pela história, pode se sentir um pouco frustrado no primeiro livro pelos clichês usados em excesso, ou nos livros 2 e 3 que foram muito mal editados. Se o seu interesse são os personagens, vai gostar dos três livros, porque a enigmática Lisbeth Salander é simplesmente fascinante. Agora os livros são recomendados principalmente para homens que insistem que o feminismo não é importante, pois servem para ajudar a levantar questões fundamentais a cerca da violência que a mulher sofreu e ainda sofre bastante na sociedade ocidental.

    Texto de autoria de Pablo Grilo.

  • Resenha | Amor é Prosa, Sexo é Poesia – Arnaldo Jabor

    Resenha | Amor é Prosa, Sexo é Poesia – Arnaldo Jabor

    Adoro livros de crônicas. Coletâneas de pequenos textos são ideais para ler no corre-corre diário de quem estuda, trabalha e nem sempre tem tanto tempo para se dedicar a grandes obras (não só na qualidade, mas também na quantidade de páginas).

    Amor é prosa, sexo é poesia é uma coletânea de cronicas de Arnaldo Jabor, muito conhecido por seus comentários na Rede Globo e na Rádio CBN. Confesso que gosto de ouvi-lo na CBN, ainda que não concorde com muito de sua visão política, mas isso é outro papo.

    Embora o título do livro seja bem sugestivo, não espere encontrar grandes histórias envolvendo conflitos amorosos e sexuais. Na obra, há de tudo um pouco: amor, sexo, nostalgia, família, política, mais nostalgia, mais política… O fato é que as crônicas são opiniões e constatações do autor em relação aos mais variados temas, e na esmagadora maioria das vezes essa opinião reflete a desilusão com a modernidade dos costumes, o desapontamento com a moral vigente nos dias atuais e o desencanto com a política de sempre.

    O autor utiliza-se, no texto, do que sabe fazer de melhor: humor, sarcasmo, linguagem afiada e sem medo de ser politicamente incorreto; porém, o nome do livro não faz jus ao seu conteúdo. Parece que se trata de reflexões afetivas, mas trata-se de reflexões sobre tudo e sobre o nada.

    Em suma, é uma obra divertida em algumas partes, fácil de ler, reflexiva, porém peca em outros momentos quando trata de política e algumas nostalgias com reflexões muito peculiares do autor, que às vezes tornam o texto bem maçante e chato.

    Recomendo não tentar ler a obra de uma vez, como um livro normal. O ideal é ler poucos textos naquele momento em que não há nada para fazer, como em um metrô lotado.

    Arnaldo Jabor às vezes é controverso, moderno demais, liberal demais em suas crônicas televisivas e radiofônicas; entretanto, vemos um Jabor bem diferente em suas reflexões neste livro, que não é um livro para ser de cabeceira, mas é ótimo para passar o tempo.

    Compre aqui.

    Texto de autoria de Robson Rossi.

  • Resenha | Deuses Americanos – Neil Gaiman

    Resenha | Deuses Americanos – Neil Gaiman

    Deuses-Americanos-Neil-GaimanCerta vez ouvi um religioso proferir a seguinte frase: “A prova incontestável da existência de Deus é o fato de que, mesmo totalmente isolado da sociedade, o homem sempre achará algo que julga superior a si próprio”. Duvido que tais palavras tenham sido originalmente ditas por ele, mas, sem dúvida, isso foi dito por alguém em algum momento. Não posso depor pela existência de Deus, mas digo que a frase está correta ao constatar que o homem necessita de entidades maiores para adorar, respeitar e temer. Aparentemente Neil Gaiman também defende tal tese, tendo feito dela a pedra fundamental para seu mais ousado, controverso e reconhecido romance: Deuses Americanos.

    No texto somos apresentados a um indivíduo que atende por Shadow, um presidiário, aparentemente sem nenhuma característica especial, prestes a ser libertado por bom comportamento. Um sujeito como qualquer outro, com uma vida complicada e inteligência mal aproveitada, cujos únicos interesses são ficar longe problemas e aperfeiçoar seus truques com moedas. Eis que, quando enfim reinserido à sociedade, a vida de Shadow muda drasticamente, e, levado por um estranho homem, o notório Sr. Wednesday, com uma igualmente estranha proposta, tem inicio uma viajem pelo lado oculto dos Estados Unidos.

    Destoando seu inicio pouco impressionante, a narrativa parece crescer conforme estranhezas, seja em forma de situações ou entidades, vão ganhando espaço. Shadow descobre o quão raso era seu entendimento do mundo, e, com total apatia, percebe que seria melhor se assim tivesse continuado. Enquanto nosso herói vaga na escuridão da ignorância, os muitos personagens que aparecem subsequentemente, dotados de facetas que não permitem ao leitor manter-se indiferente quanto a eles, ostentam conhecimento e imponência dignos das deidades que são.

    O panteão apresentado é deveras cativante, porém, ainda mais impressionante que a presença dos deuses, é a não diminuição do ser humano perante estes que desperta o interesse do leigo, fazendo de nossos semelhantes e de sua psique um ponto mais relevante que uma eminente guerra. Enaltecendo a figura humana, Gaiman expõe a controversa ideia de que, em busca de alento, o homem conjura as divindades; de que os deuses são dependentes de nós, e não o contrario.

    Não se sobressai no livro um gênero em particular; em suas linhas o autor habilmente amalgama aventura, suspense, fantasia e mesmo road trip com pitadas de horror e de um humor cínico, culminando em uma peça literária que questiona a natureza humana, suas tradição e atual formação social, enquanto diverte e empolga a cada virada de página. Gaiman brinca com o leitor e com sua própria história, perdendo-se em devaneios e conceitos paralelos, apresentados como contos desconexos dentro da trama – pequenas histórias que não influenciam a jornada de Shadow, mas enriquecem o crível universo no qual foi lançado.

    Mostrando ser aquilo que seu protagonista almeja tornar-se, Gaiman, como um verdadeiro mestre da prestidigitação, guia nosso olhar para onde deseja e nos conduz a bel-prazer, rendendo espanto e deleite a seu público. O britânico desprende-se de qualquer fórmula ou rótulo na elaboração e condução de Deuses Americanos, entregando uma notável fantasia urbana.

    Texto de autoria de Alexandre “Noots” Oliveira.

  • Resenha | Fúria Lupina – Alfer Medeiros

    Resenha | Fúria Lupina – Alfer Medeiros

    Fúria-Lupina

    Fúria Lupina: Brasil é um livro fascinante, não só pelas personagens incríveis ou pelos detalhes das grandes batalhas, mas também pelo jeito como tudo é apresentado. Além de ser um livro brasileiro, fazendo com que os leitores se acostumem e entendam a maioria dos termos, diálogos e lugares usados ao decorrer do enredo.

    A estória começa no ano de 1977, com o nascimento da descendente da uma respeitada família de Homens-lobos. Caroline é a mais forte de sua raça e a principal personagens do livro. Ela cresce sabendo que um dia se transformaria em lobo também, mas isso aconteceu mais cedo que o esperado. Aos 10 anos de idade ela passa pelo ritual de metamorfose e se torna então, uma mulher-lobo.

    O Autor Alfer Medeiros faz homenagens a grandes personagens da cultura pop, como o vilão Hell Vansing que é inspirado no caçador Van Hellsing. Além disso ele cita inúmeras bandas de Rock internacionail e grandes obras do cinema, como Star Wars.

    É incrível ver como a leitura brasileira evoluiu nos últimos tempos. Alfer consegue criar uma estória sobre lobisomens, sem cair no clichê dos outros livros com o mesmo tema. Ele acabou com o mito do lobo ser irracional, controlar o homem. Em Fúria Lupina acontece exatamente ao contrário, desde a primeira transformação, o Homem-Lobo é ensinado a ter auto controle e raciocínio lógico. Além da maneira sutil e perigosa de comunicação: Telepatia.

    O livro, além de tudo, é um apelo para a preservação do meio ambiente. Tanto o meio vegetal quanto animal, o autor mostra como é importante cuidar da natureza. O seu trabalho em detalhes é tão impressionante, que ele faz com que o leitor fique apaixonado por todos os personagens da trama. Tanto os vilões quanto os “mocinhos” tem sua carisma especial. Principalmente pelo alívio cômico que é imposto aos perigosos caçadores. Podemos dar boas risadas lendo seus diálogos.

    Apesar do bom enredo, os personagens carismáticos, o cenário familiar e os diálogos claros, o que mais chama atenção no livro são as batalhas. Ele descreve cada movimento, cada parte da estratégia dos combatentes. Não deixa passar um braço arrancado ou uma cabeça dilacerada. Enfim, o livro é, na minha opinião, o melhor da literatura nacional atualmente. Há tempos não lia com tanta vontade…

    Compre: Fúria Lupina – Alfer Medeiros.

    Texto de autoria de Jean Dangelo.

  • Resenha | Os Senhores do Arco – Conn Iggulden

    Resenha | Os Senhores do Arco – Conn Iggulden

    Os Senhores do Arco Conn Iggulden

    No primeiro livro da série, O Lobo das Planícies, vimos Temujin nascer, crescer e se tornar um grande guerreiro. Líder nato. Passamos por suas maiores dificuldades, desde muito pequeno, com a morte sempre à espreita, seja ela ‘vestida’ de fome, frio ou simplesmente um guerreiro de uma tribo inimiga. Nos habituamos ao clima feroz da Mongólia, as batalhas lideradas por Gêngis na sua busca por unificação das tribos mongóis. Esta unificação, enfim se torna realidade no início do segundo volume da série O Conquistador.

    No inicio do livro, Gêngis está prestes a derrotar a ultima tribo mongol que ainda não havia se unido ao seu exército. Com mais esta vitória, seu objetivo primário está então completo. A Mongólia agora é uma nação de um só ‘Cã’, como ele sempre sonhou. Gêngis tem agora a seu dispor um incrível poder militar. E o pretende usar para livrar a Mongólia de seus inimigos, que para Gêngis são os Tártaros, povo responsável pela morte de seu pai e que desde muitas gerações guerreavam com os mongóis. Gêngis ainda desconhecia seus verdadeiros inimigos: o grande Império Chinês.

    O Império Chinês se dividia em três grandes reinos na época. Os Xixia, os Song e os da dinastia Jin. O que Gêngis desconhecia era que a China e suas dinastias financiavam a guerra entre as tribos mongóis e os Tártaros. Tudo para manter os ‘bárbaros’ guerreando entre si, sem nunca se importarem com as grandes riquezas dos verdadeiros senhores daquela terra.

    Toda a ambientação que Conn Iggulden nos introduziu no primeiro livro, se mostra muitíssimo relevante para entendermos a mente de Gêngis e de seus fieis discípulos nos desafios que encontrarão daqui para frente.

    A inicial ignorância de Gêngis perante a tecnologia chinesa e seus hábitos civilizatórios são mostrados de forma muito interessante neste volume. Mas conseguimos ver também a sagacidade da mente do Khan, ao se adaptar rapidamente e surpreender a todos na luta contra estes “novos” inimigos.

    Parece difícil de acreditar, mas este segundo volume é ainda mais dinâmico e envolvente que o primeiro. Com o pano de fundo definido logo no início, sobra espaço para as batalhas épicas que Conn narra tão bem.

    Gêngis usa da arrogância sempre inerente em um grande império para atacar a China com uma brutalidade e engenhosidade militar que ninguém esperava. Isso somado à adaptação que ele implantou nas armaduras de seu exército, e fica fácil compreender como um grupo inicialmente de desgarrados conseguiu enfrentar tal potência.

    A cada vitória obtida pelo exército do grande Khan, ele incorpora ao seu povo a tecnologia e habilidade do império milenar. Armaduras em placas, onde antes só tinha couro curtido. Seda por baixo da armadura, que não se rompe quando atingida por uma flecha inimiga. Até culminar nas grandes armas de cerco. A mente de Gêngis trabalha de forma lógica e simples. Quando deparado com a primeira muralha que protegia os Xixia, um dos seus generais o aconselha a desistir, pois seria impossível para eles conseguir derrubar tamanha construção. E Gêngis responde que algo que foi construído por homens, pode também ser destruído por homens!

    A saga de Gêngis Khan e seus irmãos continua tão interessante quanto antes e nos incita a continuar nesta aventura, guiada pela escrita perspicaz de Iggulden. Com um cliffhanger no ato final que vai deixar qualquer um sedento pelo próximo livro da série.

    Se no primeiro livro vimos o início da trajetória deste magnífico homem que se tornaria senhor da Mongólia. O segundo demonstra o quão impressionante foram as conquistas em sua vida adulta.

    O Conquistador. Série esta que já se tornou imperdível para qualquer amante de um bom romance histórico.

    Texto de autoria de Amilton Brandão.