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  • Sai de cena o grande Dib Lutfi

    Sai de cena o grande Dib Lutfi

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    Um dia triste para o cinema brasileiro: morre Dib Lutfi aos 80 anos com Alzheimer avançado, as informações são do G1.

    Dib foi um dos maiores diretores de fotografia do cinema brasileiro que popularizou o conceito de “uma câmera na mão” do Cinema Novo. Dib trabalhou com Arnaldo Jabor em A Opinião Pública (1967), Glauber Rocha em Terra em Transe (1967), Nelson Pereira dos Santos em Fome de Amor (1968) e Como Era Gostoso O Meu Francês (1970).

    Texto de autoria de Pablo Grilo.

  • Crítica | A Opinião Pública

    Crítica | A Opinião Pública

    A Opinião Pública

    Logo nos primeiros minutos de tela, são mostrados letreiros que indicavam quais apoios foram utilizados para a realização da fita. Os agradecimentos vão para órgãos de imprensa, como o Jornal do Brasil (com a adjetivação de grande amigo do Cinema Novo) utilizando muitas cenas de Maioria Absoluta, de Leon Hirszman. A ideia de Arnaldo Jabor era refletir o típico, fugindo do pitoresco, e explicitar quais seriam as esperanças da juventude carioca e qual a perspectiva dos professores sobre como seria o futuro destes jovens — torcendo para que estes fiquem longe do estereótipo da Juventude Transviada.

    Segundo a narração, há um abismo enorme entre a realidade de adultos e dos jovens, como se estes vivessem em mundos distintos. O discurso dos homens novos é descompromissado e não é ligado a qualquer ideologia que não tenha a ver com preocupações banais, como ter dinheiro para o “mocinho poder sair com um broto”. Enquanto a fala dos pais preocupados preconiza a necessidade de achar a mulher certa, trabalhar para se sustentar e, claro, casar e valorizar a tradição, família e propriedade. Mais uma vez as realidades são muito díspares.

    As entrevistas com os indivíduos do sexo feminino têm em seu conteúdo alguns pontos muito curiosos, mostrando algumas meninas muito crentes na possibilidade de encontrar sua alma gêmea e nas vicissitudes dos sentimentos, das paixões e no acaso do casamento. Um ótimo argumento é o de uma das pessoas perguntadas sobre a carnalidade do sentimento da paixão, discutindo o quanto é importante dar vazão ao coração e ao romantismo, e o quanto pensar em um futuro relativo ao sustento e a infraestrutura de uma vida saudável, levantando a rivalidade entre a “malandragem” e o trabalhador que exerce seu ofício arduamente.

    Os baluartes da juventude direita são louvados como exemplos para os seus iguais em idade, fugindo do estereótipo da rebeldia contestadora e ligada às drogas. Os debates eram tratados como algo ruim, fétido e inconveniente, longe dos ideais de uma boa pessoa. O discurso se caracterizava como forma de enaltecer o apogeu econômico e a ascensão de classe, num pensamento tipicamente capitalista com ideário voltado a “subir na vida” e “tornar-se alguém”. O objetivo era mudar de classe e evoluir: a felicidade é uma forma de poder e não um prêmio para as virtudes.

    A ideia do diretor é reproduzir como é o pensamento do brasileiro médio, demonstrando o quão alienada pode ser a opinião pública, característica fomentada pelo alto nível de desinformação e pela influência das autoridades dentro das redações dos jornais. Porém, não ignora que a relação entre sociedade e governo é simbiótica, e que a multidão tem sim sua parcela de culpa no estado em que o país se encontrava. A narração mais uma vez inclui um argumento baseado na burguesia: “O homem da classe média sempre é propriedade de alguém” — enquanto isto é falado, são mostrados jovens se alistando no serviço militar, com a orgulhosa pecha de lutar pela pátria, reforçando a ideia de que quem está fora desse molde de contestação zero está errado e sem possibilidade de obter sequer algo tão lúdico e intangível quanto a felicidade. O objeto de análise passa por um viés até filosófico. As pessoas ligadas à classe média se vitimizam, pedindo compreensão por parte da população por sentirem-se as mais afetadas pelo atual momento do país, sempre temendo pelo seu sustento.

    Para os patrões, o brilhantismo intelectual é reservado às pessoas que ocupavam os altos cargos no empresariado. Os chefes sempre seriam os mais inteligentes e melhores preparados, enquanto aos operários sobrariam o voluntariado e a indispensável capacidade de se propor a quaisquer atividades que demandassem esforço físico e submissão absoluta. O cargo era o auge da vida do trabalhador: o povo teria de ser levado ao “pensamento de cordeiro”; a honradez era parte da uniformização populacional que obviamente escondia algo. Para o espectador com um pouco de discernimento, o conteúdo das falas dos “normativos” é muitíssimo mais subversivo que qualquer possibilidade (irreal e fantasiosa, evidentemente) de desapropriação de domicílio, e mesmo para os indivíduos mais conservadores, ao menos em uma pequena parcela, talvez cause a reflexão sobre o cunho de seu estilo de vida. A modernidade é vista como algo pejorativo e as outras corruptelas dão à película um ar de apologia à misantropia graças às mensagens nas entrelinhas das falas do sujeito comum. Claro, focando nos seus anseios fúteis e despreocupados com o contexto social, dando um significado especial à expressão “massa de manobra”.

    Para o narrador, a classe média é produto do meio, sem origem definida por suas próprias mãos e sem nada a perder, mesmo que pense em ter alguma propriedade. A negação da miséria que assola o país é notória e conveniente. Sua movimentação política só é realizada quando há alguma mudança que possa interferir nos seus interesses. A iniciativa jamais parte dela; seu papel é a de vanguarda inocente da sociedade moderna, defensora de valores que lhe foram passados e inculcados sem muita motivação lógica ou racional, manipulados para movimentar-se até contra si mesma. Até por parte das lideranças deste contingente populacional, não há uniformidade no discurso. Jabor escolhe criticar a conivência do povo com o Regime, usando uma ironia fina, mas bastante explícita, apelando para aqueles que queriam ouvir e estavam ávidos pela discussão, disfarçando essa contestação com uma capa de propaganda do modo moral e correto de vivência. A essência do combalido Cinema Novo estava em seu filme e em sua mensagem.

  • Resenha | Amor é Prosa, Sexo é Poesia – Arnaldo Jabor

    Resenha | Amor é Prosa, Sexo é Poesia – Arnaldo Jabor

    Adoro livros de crônicas. Coletâneas de pequenos textos são ideais para ler no corre-corre diário de quem estuda, trabalha e nem sempre tem tanto tempo para se dedicar a grandes obras (não só na qualidade, mas também na quantidade de páginas).

    Amor é prosa, sexo é poesia é uma coletânea de cronicas de Arnaldo Jabor, muito conhecido por seus comentários na Rede Globo e na Rádio CBN. Confesso que gosto de ouvi-lo na CBN, ainda que não concorde com muito de sua visão política, mas isso é outro papo.

    Embora o título do livro seja bem sugestivo, não espere encontrar grandes histórias envolvendo conflitos amorosos e sexuais. Na obra, há de tudo um pouco: amor, sexo, nostalgia, família, política, mais nostalgia, mais política… O fato é que as crônicas são opiniões e constatações do autor em relação aos mais variados temas, e na esmagadora maioria das vezes essa opinião reflete a desilusão com a modernidade dos costumes, o desapontamento com a moral vigente nos dias atuais e o desencanto com a política de sempre.

    O autor utiliza-se, no texto, do que sabe fazer de melhor: humor, sarcasmo, linguagem afiada e sem medo de ser politicamente incorreto; porém, o nome do livro não faz jus ao seu conteúdo. Parece que se trata de reflexões afetivas, mas trata-se de reflexões sobre tudo e sobre o nada.

    Em suma, é uma obra divertida em algumas partes, fácil de ler, reflexiva, porém peca em outros momentos quando trata de política e algumas nostalgias com reflexões muito peculiares do autor, que às vezes tornam o texto bem maçante e chato.

    Recomendo não tentar ler a obra de uma vez, como um livro normal. O ideal é ler poucos textos naquele momento em que não há nada para fazer, como em um metrô lotado.

    Arnaldo Jabor às vezes é controverso, moderno demais, liberal demais em suas crônicas televisivas e radiofônicas; entretanto, vemos um Jabor bem diferente em suas reflexões neste livro, que não é um livro para ser de cabeceira, mas é ótimo para passar o tempo.

    Compre aqui.

    Texto de autoria de Robson Rossi.

  • Agenda Cultural 22 | A Elite dos Nerds Aposentados

    Agenda Cultural 22 | A Elite dos Nerds Aposentados

    Sincronizem suas agendas. Edição com Flávio Vieira, Felipe Morcelli, Mario AbbadeLevi Pedroso (Johnny Depp). Confira o bate papo sobre a morte de um grande homem, a luta de um garoto contra o mundo, a volta (?!) da fantasia no metal e mantendo a variedade de assuntos do Vortex, uma breve discussão sobre os livros que inspiraram um dos filmes mais polêmicos do ano. What you’re waiting for? Download it!

    Duração: 100 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Quadrinhos

    A Morte do Superman – vol 2
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    Elite da Tropa – Luiz Eduardo Soares, André Ramiro e Rodrigo Pimentel
    Elite da Tropa 2 – Luiz Eduardo Soares, André Ramiro, Rodrigo Pimentel e Cláudio Ferraz

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    Avantasia – Wicked Symphony e Angel of Babylon
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