Um ano após a bela história de Demolidor: Amarelo, a dupla Tim Sale e Jeph Loeb davam sequência a sua trilogia de cores na Marvel Comics, enfocando novamente o passado de um grande personagem da casa. Diferentemente da primeira história que partia de um acontecimento traumático recente, em Homem-Aranha: Azul – lançado na época pela Panini Comics e relançado em capa dura na Coleção Graphic Novels Marvel da Salvat – é o aniversário da morte de Gwen Stacy que motiva Peter Parker a relembrar os fatos.
Em estilo semelhante ao anterior, o aracnídeo também dialoga diretamente com uma personagem que saiu de cena. Porém, a carta da primeira história escrita para Karen Page é substituída por um registro oral feito através de um antigo toca-fitas encontrado no sótão no Dia dos Namorados. É neste cenário que Peter narra sua relação com Stacy, o interesse amoroso por Mary Jane e diversos vilões que se apresentam nestes acontecimentos.
A trama é desenvolvida de maneira mais linear sem enfocar aspectos diversos da personagem. O roteiro se baseou nas tramas de The Amazing Spider Man #40 a #48 e #63, inserindo diversos ataques de vilões que seriam orquestrados por Kraven, o Caçador. A reformulação destas histórias causou excesso de personagens e, mesmo que simbolize a difícil vida de Peter Parker como herói e alter-ego, o conflito amoroso entre as duas mulheres de sua vida seria forte o suficiente. Diante de muitas cenas de ação, a vertente sensível se perde e chega a quebrar o ritmo deste recordatório. A arte também se apoia em traços anteriores da personagem, em uma clara homenagem a John Romita Sr., pontuando a composição imagética de sua época em uma lembrança que serve para a recordação do leitor desta fase.
Conforme a ação cede para um maior aprofundamento no embate amoroso vivido entre o triângulo de personagens centrais, a história cresce em sua metade. O enfoque sentimental ganha mais força no luto de Parker e demonstra a intenção dessa releitura e a importância que Gwen Stacy teve para o jovem, tanto como primeiro laço amoroso de sua trajetória como em relação ao peso de se sentir responsável pela sua morte, provocada pelo Duende Verde.
Mesmo dando sequência a um interessante projeto, baseado nos primórdios de seus heróis, a inevitável comparação de Homem-Aranha: Azul com o primeiro e intocável trabalho se sobrepõe naturalmente. A história se mantém equilibrada, ainda que a homenagem e o enfoque simultâneo no enlace amoroso e nos vilões tenham diminuído o impacto sensível da trama, resultando em uma edição não tão definitiva quanto a anterior.
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“Foco narrativo”
AI QUE DELICIAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!