A Editora Abril continua sua série de especiais “50 Anos”, que já apresentou excelentes edições como Urtigão e Peninha. Dessa vez, a criação do Superpateta é comemorada em 300 páginas, nos mesmos moldes dos outros especiais. Não existe no formato nada de novo, pois é o que já vem sendo apresentado em edições como Disney Big: capa cartonada, papel jornal, formatinho. Entretanto, o conteúdo e a seleção de histórias mostram-se mais importantes do que comumente vemos nas hqs da linha Disney no país.
Assim como os dois últimos especiais de 50 anos, essa edição é dividida por “fases”, sendo elas Americana, Brasileira e Italiana, novamente. Na Fase Americana, temos três histórias de origem, publicadas em ordem cronológica. A primeira trata-se de uma aventura comum do Mickey contra o vilão Mancha Negra no Velho Oeste, e Pateta acredita ter adquirido super-poderes ao beber um combustível do Professor Pardal por engano. Essa história é bem divertida, e pode ser considerada “normal” dentro do universo do camundongo detetive. A segunda história mostra o Pateta com uma capa inventada pelo Pardal que lhe concedia seus poderes, e pode até ser considerada uma continuação da anterior – embora não seja oficialmente. Já a terceira origem é a considerada “canônica”, pois mostra o Pateta comendo seus famosos “superamendoins“. Aqui surgem elementos que viriam a ser marca registrada do herói nos anos posteriores, como uma identidade secreta – Pateta vive em sua casa simplória e tem a certeza de que ninguém acreditaria se ele assumisse seu alter-ego. Seus incríveis poderes – os mesmos do Superman, diga-se de passagem – podem desaparecer a qualquer momento, ao passar o efeito do superamendoim. Essa fraqueza do herói permite que o roteiro seja bem desenvolvido, gerando situações cômicas e alguns problemas que Pateta deve resolver sozinho. Todos esses elementos seriam explorados nas histórias posteriores, portanto essa é a “verdadeira” origem do personagem.
A partir de então, podemos considerar que Superpateta e o Pateta comum são dois personagens distintos. Isso porque, nas histórias do Mickey da época, os elementos super-heróicos são ignorados, talvez para que Pateta continuasse a ser um side-kick do rato mais famoso do mundo, ao invés de personagem principal. Da mesma forma que Donald não é o Superpato em todas as histórias, Superpateta faz parte desse universo onde quase todos os personagens principais da Disney tem uma contraparte heroica. Vemos então, na Fase Brasileira, o herói se juntar ao Clube dos Heróis. Superpato, Superpata, Morcego Vermelho, Borboleta Púrpura, Vespa Vermelha e Super Gilberto (o sobrinho gênio do Pateta) formam uma Liga da Justiça disneyana, além do encontro histórico com o Morcego Verde no Rio de Janeiro. As histórias brasileiras tem um tipo de humor mais centralizado e costumam ignorar a localidade onde se passam. O primeiro encontro do personagem com Zé Carioca, por exemplo, não deixa claro onde a história se passa. Isso pode ser entendido como algo comum nas histórias brasileiras da época, que assumiam Mouseton e Duck Burg como uma só cidade: Patópolis. Era comum, portanto, que o mesmo Coronel Cintra das histórias do Mickey pedisse ajuda ao Morcego Vermelho, Superpato ou Superpateta, bem como encontros com o Zé Carioca eram frequentes.
A Fase Italiana conta com três histórias, sendo a primeira aventura do Superpateta produzida na Itália, uma história com a Bruxa Vanda e uma inédita no Brasil, a última produzida até agora. Os desenhos são mais exagerados e o humor mais escrachado, mas os artistas italianos expandem o universo do personagem, ampliando uma característica esquecida por outros autores: o ceticismo. Nessas histórias, o comedor de superamendoins não acredita em magia e superstições, contrariando o Pateta supersticioso de antigas revistas Disney.
Para um personagem que surgiu como paródia às histórias de super-heróis, Superpateta cresceu e envelheceu razoavelmente bem. As histórias mais atuais são menos ingênuas, com um toque de ficção científica, e os roteiristas parecem mais preocupados em criar piadas originais e um background melhor desenvolvido do que parodiar quadrinhos consagrados. Para além das histórias em quadrinhos, Superpateta já teve uma memorável aparição no desenho animado O Point do Mickey, onde surpreendentemente é bastante fiel ao original, e bem engraçado também! Recentemente, também apareceu na série A Casa do Mickey Mouse, mas em uma versão mais infantil e de acordo com o propósito da animação.
Superpateta 50 Anos é um prato cheio para os fãs do personagem e um bom tira-gosto para quem não o conhece ainda. Um tira-gosto quase tão bom quanto superamendoins!
Muito bom Dan Cruz !
Você mandou muito bem! Também tenho acompanhado as HQs Especiais 50 anos Disney. Todas foram excelentes Zé carioca Urtigão Peninha e em especial a do Super ou seja o Superpateta.
Sou aposentado e tenho tempo de sobra para curtir,raridades como reedições das histórias de minha infãncia.
Na edição dos 50 anos do Suprepateta, Revivi grandes emoções dos meus tempos de criança.Lembrei-me porque tinha tanto medo do Terrível Mancha Negra! Aos 10 anos de idade ele me metia medo com aquela cara de mau,violento quebrando cadeiras a ponta pés ,distribuindo coronhadas em suas víitmas sem dó algum.Eu tinha tanto medo dele porque achava que ele fosse um fantasma ao contrário pois ao invés de branco ele era preto mesmo assim a curiosidade falava mais alto e eu acabava lendo. Torcia demais para Superpateta e seu grande amigo e detetive Mickey pudesse prende-lo.Quando o Mancha Negra apareceu na capa do HQ como um vilão de chapéu de vaqueiro do Velho Oeste e com dois revolveres na cintura fui a loucura ele já era f. sem arma imagine armado! Desde criança sempre viajei nas leituras.Nesta edição do super Lembrei-me de outro personagem que também eu tinha medo como o Dr, TIC.tAC. Pois era tão violento quanto o Terrível mancha Negra era misterioso mau humorado e explodia tudo.Sem contar com os demais vilões Irmãos Metralhas,Dr. Estigma,Prof. Gavião,João Bafo de Onça etc..
A minha admiração pelo super era de que como ele lidava com a situação quando passava o efeito de super poderes do super amendoí que ao transformar se fazia TÓM! e ao se
destransformar fazia zóm!.E ele caía de grandes alturas e nos lugares mais inusitados e ainda mais não se machucava e ninguém percebia pra mim era o máximo!As vezes me perguntava como ele conseguia ser o super numa revista e depois se esquecia completamente em outra sendo apenas o simples Pateta.
Mauro Cruz